quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

731. A Shell e as alterações climáticas

Ken Saro-Wiwa era escritor e fazia parte do povo ogoni da Nigéria. Assumiu funções de presidente do “Movimento para a Sobrevivência do Povo Ogoni” (MOSOP).
Num livro que publicou em 1992 pode-se ler: “O que a Shell e a Chevron fizeram ao povo ogoni, às suas terras e a seus rios, a seus riachos, à sua atmosfera, chega ao nível de um genocídio. A alma do povo ogoni está a morrer e eu sou testemunha.” Saro-Wiwa juntou 300 mil pessoas numa marcha de protesto, exigindo à Shell e à Chevron o pagamento de indemnizações e a reparação dos danos ambientais causados no delta do rio Níger.
No ano seguinte, o líder do movimento é preso, junto com outros dirigentes, acusados da morte de quatro líderes Ogoni. A Amnistia Internacional considera Saro-Wiwa, defensor da não-violência, um “prisioneiro de consciência”. Um tribunal militar condena-o por homicídio. Governos e organizações de todo o mundo acusam o tribunal de fraude, apelam à libertação do ecologista e tentam levar a Shell a intervir.
Sem êxito. A 10 de Novembro, Saro-Wiwa e os oito dirigentes do movimento são enforcados pela ditadura militar. Em homenagem a estes activistas, o dia 10 de Novembro é considerado, internacionalmente, o Dia Contra a Shell.
A destruição das florestas naturais e a libertação de grandes quantidades de dióxido de carbono e outros gases pelos automóveis e máquinas afins que utilizamos, têm vindo a intensificar a concentração desses gases na atmosfera. Como consequência, temos vindo a assistir por todo o planeta ao chamado aquecimento global: um aumento da temperatura média superficial global que se têm registado nos últimos 150 anos e que conduz às alterações climáticas.
Embora a Shell alegue estar a reduzir as suas emissões de dióxido de carbono (o principal causador das alterações climáticas), a quantidade de dióxido de carbono produzida pelo petróleo da Shell excede a produzida pelo Brasil. A Shell pretende aumentar a sua produção de petróleo para além dos 100 milhões de barris por dia nos próximos 10 a 15 anos. Simultaneamente, procura aumentar a dependência mundial do gás natural, que também contribui para o aquecimento global.
Como membro do American Petroleum Institute, a Shell continua a fazer um lobby feroz contra as medidas para mitigar as alterações climáticas, incluindo o Protocolo de Quioto.
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Fonte: Gaia

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