Um sismo de magnitude 4,9 na
escala de Richter foi sentido em diversas zonas do país, nesta segunda-feira,
pelas 11h51, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O epicentro foi registado a cerca de seis quilómetros de Arraiolos, no distrito
de Évora. De acordo com Fernando Carrilho, director da Divisão Geofísica do
IPMA, foram registadas réplicas de menor intensidade.
Manuel Cordeiro, adjunto de
operações da Protecção Civil, diz que o sismo provocou fissuras no edifício da
Escola Básica e Secundária de Cunha Rivara, em Arraiolos. Adianta a mesma fonte
em declarações ao PÚBLICO que os serviços municipais já se deslocaram à escola,
evacuada por precaução, e concluíram que a estrutura "não representa
perigo". O abalo foi muito sentido na região, o que levou várias pessoas
para a rua "com medo”.
O sismo de magnitude de 4,9 na
escala de Richter foi sentido com uma intensidade IV (escala de Mercalli
modificada) na região de Elvas. Este nível de intensidade (considerado
moderado) corresponde a um sismo durante o qual "os objectos suspensos baloiçam"
e "a vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados
ou à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes". "Carros
estacionados balançam. Janelas, portas e loiças tremem. Os vidros e loiças
chocam ou tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de
madeira rangem", especifica o site do IPMA na descrição desta escala de
Mercalli modificada, que vai de I (imperceptível) a XII (danos quase totais).
O sismólogo Fernando Carrilho
disse que este sismo foi bastante sentido num raio de cerca de 270 quilómetros
– uma distância que considera normal já que "4,9 é já um sismo de dimensão
moderada". Carrilho confirma que já houve pequenas réplicas nos minutos a
seguir ao sismo (pelo menos três réplicas com magnitude entre 2,5 e 2,7) e
poderá ainda haver mais. "Por vezes a ocorrência de pequenos sismos numa
determinada zona representa uma migração de tensões para outras zonas próximas
que se podem acumular e podem desencadear outros sismos na zona", explica
Fernando Carrilho. Explica ainda que os sismos são originados pela actividade
tectónica e que "não é surpresa" que o território de Portugal
continental é caracterizado por actividade sísmica, ainda que varie ao longo do
território. E, diz, o epicentro deste sismo "é uma zona sismicamente
activa".
Contactados pelo PÚBLICO, os
Bombeiros de Montemor-o-Novo indicaram que não houve registo de ocorrências
relativas ao sismo. "Temos recebido muitas chamadas de pessoas
preocupadas, mas pedidos de ajuda ainda não tivemos", referiu o chefe dos
Bombeiros Voluntários de Montemor-o-Novo, Vítor Falcão. A Protecção Civil de
Évora confirmou igualmente que não há registo de ocorrências.
Em Estremoz, os edifícios
públicos foram evacuados na sequência do sismo sentido, sendo que a situação
"já está a ficar normalizada, não havendo registo de ocorrências no
concelho", disse o comandante operacional municipal da Protecção Civil de
Estremoz, Januário Coradinho. A Câmara Municipal de Estremoz deverá reabrir às
14h.
No concelho de Elvas não foram
registadas ocorrências, confirmou o comandante dos Bombeiros Voluntários de
Elvas, Tiago Bugio. “A Escola Básica do 1.º Ciclo de Santa Luzia foi evacuada,
mas as aulas já estão a regressar à normalidade”, acrescentou, referindo que
não houve mais evacuações de edifícios públicos neste concelho.
Foram evacuadas também as escolas
dos Canaviais, dos Salesianos e de Vila Viçosa, em Évora, apenas “por
precaução”, acrescentou ao PÚBLICO o adjunto de operações da Protecção Civil.
Em comunicado, o IPMA ressalva
que "a localização do epicentro de um sismo é um processo físico e
matemático complexo que depende do conjunto de dados, dos algoritmos e dos
modelos de propagação das ondas sísmicas" e que, por isso, "agências
diferentes podem produzir resultados ligeiramente diferentes". "Do
mesmo modo, as determinações preliminares são habitualmente corrigidas
posteriormente, pela integração de mais informação. Em todos os casos acompanhe
sempre as indicações dos serviços de protecção civil."
O abalo desta segunda-feira
recupera uma discussão apontada por vários especialistas e investigadores já há
vários anos e que alerta para os riscos de um grande terramoto na região de
Lisboa e Vale do Tejo, à semelhança do que aconteceu em 1755. A falta de
preparação para responder a uma catástrofe natural dessa dimensão é um dos
problemas apontados. A última vez que um sismo foi sentido em Lisboa foi em
Agosto de 2017.
Desde 1961, foram assinalados 17
sismos com magnitude superior a 4,3 na escala de Richter com epicentro em
Portugal Continental, de acordo com informação fornecida ao PÚBLICO pelo IPMA.
Nas redes sociais, como o
Twitter, multiplicaram-se as mensagens de utilizadores logo após o sismo,
alguns questionando se se trataria de um terramoto, outros apenas comentando o
facto de terem sentido o abalo.
Liliana Borges, Lisa Freitas, Sofia
Robert e Cláudia Carvalho Silva
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Fonte: PÚBLICO
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