Centenas de
pequenos sismos de média magnitude, com valores entre 1,9 e 3,2 na escala de
Richter, foram registados desde o início da madrugada desta segunda-feira na
ilha de São Miguel, nos Açores. De acordo com o Centro de Informação e
Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA) “desde as 23h47 horas do dia 11
de Fevereiro registou-se um incremento significativo da actividade sísmica na
parte central da ilha de S. Miguel, numa zona epicentral localizada entre o
Vulcão do Fogo e o Sistema Vulcânico Fissural do Congro”.
O responsável
pelo CIVISA, João Luís Gaspar, considera ainda expectável que se mantenha a
actividade sísmica durante o dia na ilha de São Miguel e que seja sentida pela
população. “A manter-se o padrão sismológico que se tem vindo a
registar desde a madrugada é provável que tenhamos novos sismos sentidos pela
população”, disse João Luís Gaspar em declarações à agência Lusa.
De acordo com o mesmo responsável, este tipo de “crises sísmicas é normal”,
recordando que na ilha de São Miguel ocorreu um episódio “acima do normal” em
2005 que “durou algum tempo”, acrescentando tratar-se de uma zona em que, regra
geral, há actividade sísmica ao longo de todo o ano. “Neste caso, esta
actividade está mais concentrada no tempo e espaço. Vamos ter de acompanhar nas
próximas horas mas, é muito provável, face no padrão que temos vindo a
observar, que esta actividade se venha a manter ao longo do dia”, avançou.
O especialista
explicou que o CIVISA tem vindo a registar desde a meia-noite (menos uma hora
do que em Lisboa) um “incremento da actividade sísmica na parte central da Ilha
de São Miguel”, eventos todos de baixa magnitude, regra geral inferior a três,
com epicentro entre a Lagoa do Fogo e a Lagoa do Congro.
“Como os
epicentros são em terra e próximos de zonas habitacionais, cerca de duas
dezenas foram sentidos, ao longo da noite e madrugada, pela população”, disse,
explicando que o sismo mais forte foi registado pelas 6h18 locais, com
intensidade máxima de V na escala de Mercalli Modificada. Para João Luís Gaspar
tratam-se de sismos que não provocaram “quaisquer estragos”, mas que, ao serem
sentidos pela população “causaram alguma apreensão”.
Ao início da
manhã, também o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) confirmou
a ocorrência de múltiplos sismos, de média magnitude, a partir das 2h53 (3h53
no continente) nos mesmos locais. Em comunicado, o IPMA informou que tem sido detectado
um aumento da actividade sísmica na região do Congro (Lago do Congro, Vila
Franca do Campo). Como exemplo, e de acordo com o IPMA, os sismos foram
sentidos nas freguesias de Porto Formoso, Rabo de Peixe, Água do Alto e Furnas
com magnitudes de 2,7, 3,0, 3,2, 3,2 e 3,1, respectivamente, entre as 3h06 e
4h05.
Posteriormente,
foram sentidos mais sismos nas zonas da Ribeira Seca (freguesia de Vila Franca
do Campo) e em São Brás (freguesia da Ribeira Grande) com magnitudes a variar
entre 2,9 e 3,2, respectivamente. O IPMA adianta ainda que são de esperar mais
sismos sentidos naquela zona.
Apesar do
aumento de actividade sísmica, não há, para já, motivos para alarme. De acordo
com a especialista em vigilância de sismos do IPMA, Lígia Marques, “é uma crise
que, neste momento, não parece estar a abrandar”, mas não é caso para grandes
preocupações, adiantou à TSF. A sismóloga esclareceu que esta actividade
sísmica se deve a uma falha que se está a movimentar e “estas situações são
normais”. Ainda assim, recomendou às populações a ficarem alerta para o caso de
se registar um sismo de maior intensidade.
Mesmo não tendo
sido lançado qualquer alarme, o Centro de Informação e Vigilância
Sismovulcânica dos Açores emitiu um comunicado com as últimas informações (que
irá actualizando à medida que se registem novas ocorrências).
Também
o Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores deixou uma lista de recomendações à população. Em caso de sismo,
aconselham a que sejam tomados os seguintes procedimentos:
- mantenha a calma e conte com a ocorrência de possíveis réplicas;
- não acenda fósforos nem isqueiros, pois pode haver fugas de gás;
- observe se a sua casa sofreu danos graves e saia imediatamente se suspeitar que não oferece condições de segurança;
- caso duvide da integridade dos circuitos de gás, electricidade ou água, desligue-os imediatamente;
- nunca utilize os elevadores;
- confirme a validade do seu Kit de emergência e reveja o seu conteúdo com o seu agregado familiar;
- verifique se existem feridos e, se necessário, preste os primeiros socorros;
- tenha cuidado com vidros partidos ou cabos de electricidade. Evite ferimentos protegendo-se com vestuário adequado;
- limpe imediatamente os produtos inflamáveis que se tenham derramado;
- se puder, solte os animais domésticos, pois eles cuidam de si próprios;
- afaste-se das praias porque pode ocorrer uma onda gigante (tsunami);
- ligue o rádio, fique atento às recomendações difundidas e não contribua para a divulgação de boatos;
- siga sempre as recomendações dos agentes das autoridades presentes, eles estão nos locais para o ajudar;
- assim que oportuno, verifique a validade dos seguros da sua casa e viatura e certifique-se que têm cobertura para fenómenos sísmicos.
O especialista
do CIVISA reforça a importância de seguir as precauções recomendadas pelo
serviço de Protecção Civil Regional e Bombeiros dos Açores para que as pessoas
não permaneçam em casas de maior vulnerabilidade à actividade sísmica.
“Na zona rural
da ilha de São Miguel temos algumas habitações com pedra solta menos
resistentes à acção sísmica”, adiantou o responsável, lembrando a necessidade
de se evitar circular em ruas e caminhos que sejam ladeados por taludes mais
íngremes. “Ou seja, as recomendações normais que os açorianos já estão
habituados a seguir”, frisou.
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Fonte:
Observador
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