domingo, 5 de fevereiro de 2012

3785. TRÁS-OS-MONTES: Formação de gelo é o maior perigo nas estradas

A formação de gelo nas estradas é dos maiores perigos das baixas temperaturas do inverno transmontano e obriga a espalhar diariamente toneladas de sal para garantir a segurança dos condutores em centenas de quilómetros de vias. A "campanha invernal" exige pelo menos 1500 toneladas de sal-gema oriundas, sobretudo, das únicas minas portuguesas, em Loulé, no Algarve, e algum também da vizinha Espanha.
Os nevões do Nordeste Transmontano são os mais mediáticos deste tipo de operação que envolve uma logística muito complexa e que se prolonga de Outubro a Abril, mobilizando dezenas de operacionais e veículos. "O gelo é dos inimigos mais perigosos", mas a anunciada vaga de frio para os próximos dias não apanhará desprevenidos os responsáveis pelas estradas de uma região com características que obrigam a uma logística desconhecida de outras zonas do país, segundo o director de exploração da Auto-estradas XXI.
Fernando Pedroche é, há três anos, responsável pelos 130 quilómetros do IP4, entre Quintanilha, em Bragança, e Amarante, que estão a ser transformados na Auto-estrada Transmontana. No primeiro ano gastaram 1200 toneladas de sal-gema na principal via transmontana que atravessa os distritos de Bragança e Vila Real e liga a fronteira ao Porto. No segundo ano foram 900 e este ano, já espalharam 200 toneladas.
Têm dois silos com reservas de 100 toneladas cada em cada distrito e pontos de carga para reabastecimento ao longo da via. Cada tonelada de sal-gema custa entre 70 a 80 euros. Em Dezembro adquiriram um novo limpa neves com dispensador de sal que custou "140 mil euros, sem IVA". Ao todo dispõem de dois veículos do género em cada distrito e uma carrinha todo o terreno adaptada com pás ou lâminas de diferentes dimensões para operar nas zonas estreitas dos desvios das obras ou nós.
A equipa monitoriza diariamente as previsões do tempo e as temperaturas, com a ajuda de estações meteorológicas instaladas ao longo da estrada e, quando a temperatura se aproxima do zero é obrigatória a operação. Uma vida não tem preço, como diz este responsável corroborado por Ugo Berardinelli, colega da Ascendi, a concessionária responsável pelos 250 quilómetros do Douro Interior que abrange o IP2 e o IC5.
A sinistralidade e indisponibilidade da via implicam penalizações para as concessionárias. A operação de logística da Ascendi é semelhante, mas com mais quilómetros para "limpar", 250 desde Macedo de Cavaleiros (Bragança) a Celorico da Beira (Guarda), e de Alijo (Vila Real) a Miranda do Douro (Bragança). Manter as estradas operacionais nesta zona "exige um esforço acrescido", reiterou o director que conta com um centro de controlo em Lodões (Vila Flor), e dois centros mais pequenos em Mogadouro e Celorico da Beira e dá apoio também à A25 (Guarda).
Por estes locais estão espalhados três limpa-neves quatro carrinhas com lâminas adaptáveis. Conta ainda com cerca de 30 funcionários recrutados na região e 62 câmaras que vigiam as estradas e fazem chegar imagens e informação ao centro de controlo de Lodões. Gastam entre 450 a 500 toneladas de sal-gema por ano e cada camião consome, em média, 50 litros de combustível aos cem, em cada saída para espalhar sal.
Tanto a Auto-estradas XXI como a Ascendi utilizam, além do sal-gema, uma mistura de sal e água denominada salmoura que no futuro pretende generalizar nas operações por ser mais eficiente (adere melhor à estrada) e barata.
O combate ao gelo e neve é feito também pela Estradas de Portugal (EP), responsável, no Distrito de Bragança, por uma rede viária de 960 quilómetros, 300 dos quais mais sensíveis às adversidades climatéricas. A EP dispõe de dois limpa-neves e mais dois veículos adaptáveis e brigadas de intervenção com 17 efectivos que contabilizam nesta época 1500 horas de trabalho a espalhar entre 400 e 500 toneladas de sal-gema.
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