Hoje, 23 de Março,
assinala-se o Dia Meteorológico Mundial, uma data que marca o início da entrada
em vigor da convenção que estabeleceu a Organização Meteorológica Mundial
(OMM), há 71 anos.
"O Oceano,
o Clima e a Meteorologia" foi o tema escolhido este ano pela OMM devido à
importância determinante do Oceano na regulação atmosférica, no clima e nas
alterações climáticas. 2021 também marca o início da "Década da Ciência do
Oceano para o Desenvolvimento Sustentável (2021-2030)", uma iniciativa das
Nações Unidas que visa mobilizar esforços da comunidade internacional, em
particular da científica, para conhecer, proteger e explorar de forma
sustentável os recursos do Oceano.
A monitorização
e a produção de conhecimento científico sobre as alterações climáticas são
essenciais para apoiar políticas públicas ambientalmente sustentáveis e com
viabilidade económica, assim como, e antes de mais, para a salvaguarda de vidas
e bens.
Como forma de
assinalar esta data, e sublinhando a importância dos sistemas de observação
meteorológica na segurança colectiva, informamos que o sistema de radar
meteorológico de Terceira/Santa Bárbara (T/SB), na Região Autónoma dos Açores
(RAA), inicia a sua exploração em regime operacional hoje, dia 23 de Março de
2021, pelas 09:00 UTC (figura 1).
RADAR
Meteorológico de Terceira/Santa Bárbara - Início da Exploração Operacional
Este é o
primeiro sistema de radar Doppler da Banda C, com tecnologia de polarização
dupla, instalado na RAA pelo IPMA, suprindo assim uma lacuna observacional na região.
É de salientar a
contribuição determinante deste radar nos domínios da previsão do estado do
tempo a curto prazo para fins gerais e aeronáuticos, melhorando a capacidade de
vigilância meteorológica. A sua importância será relevante não apenas para Portugal,
mas também para o continente Europeu, nomeadamente no acompanhamento de
depressões (incluindo ciclones tropicais) e outros fenómenos meteorológicos de
tempo severo, com impacto directo na salvaguarda de vidas e bens.
O sistema de
radar foi instalado em agosto-setembro de 2020, tendo posteriormente passado
por um processo de parametrização global dos diversos componentes, testes e
diversos ajustamentos, para melhor se adequar às condições de exploração
pretendidas. Esta fase decorreu num período de cerca de 6 meses, durante o qual
o radar meteorológico esteve em exploração experimental, tendo já apoiado as actividades
do Centro de Previsão e Vigilância Meteorológica dos Açores (Observatório
Afonso Chaves - Ponta Delgada).
Uma das
mais-valias deste apoio pode ser reconhecida no acompanhamento da passagem de
uma perturbação frontal pelo arquipélago, ocorrida no passado dia 2 de Março.
Foram então observadas diversas formações convectivas organizadas, embebidas no
sector quente da referida perturbação. Pelas 16:06 UTC, conforme figura 2, o
radar observava uma destas formações (Supercélula, SC), localizada sobre o sul
da ilha de São Jorge e em progressão para nordeste, em direcção à Ilha
Terceira.
A referida SC, que se caracterizava por elevados valores de reflectividade, foi
simultaneamente observada no campo da velocidade Doppler (neste caso
representou-se a velocidade do vento em relação à SC). Na correspondente
ampliação é possível ver o detalhe da circulação relativa à corrente ascendente
dotada de movimento de rotação organizado (mesociclone) que é uma característica
deste tipo de formação. As SC podem produzir precipitação forte, por vezes com
ocorrência de granizo, rajadas convectivas e, no limite, tornados. O radar
meteorológico é a melhor ferramenta actualmente disponível para se efectuar o
diagnóstico e acompanhamento deste tipo de fenómeno de tempo severo.
Presentemente, o
IPMA explora uma rede de 5 radares meteorológicos, dos quais 3 já dotados de
tecnologia de polarização dupla (Arouca, Porto Santo e Terceira) e 2 de
tecnologia de polarização simples (Coruche e Loulé). Prevê-se que estes últimos
venham a ser, num futuro próximo, objecto de substituição por sistemas
equipados com a mais recente tecnologia.
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Fonte: IPMA