Os meteorologistas já sabiam do risco de cheias, dias antes do mau tempo desta semana chegar à Europa Ocidental, mas não conseguiram agir a tempo de impedir as consequências que acabaram por ser mortais, avança o ‘The New York Times’, Apesar desse conhecimento avançado, a comunicação para com a população falhou, uma vez que o risco não foi bem calculado, e muitas pessoas permaneceram nas áreas mais afectadas, sujeitas ao perigo, segundo uma especialista no assunto, citada pelo jornal.
“Não deveria ter havido tantas mortes por conta deste evento”, disse Linda Speight, hidrometeorologista da Universidade de Reading, no Reino Unido, acrescentando que a comunicação ineficaz sobre o alto risco de cheias provavelmente contribuiu para a perda significativa de vidas. Segundo a responsável, “as pessoas ainda estavam nas suas casas quando a água chegou e não havia necessidade de que isso acontecesse”, afirmou, citada pelo jornal norte-americano.
A Comissão Europeia criou, após as inundações catastróficas em toda a Europa em 2002, um sistema para coordenar alertas em toda a região. Na segunda-feira foi emitido um alerta de risco “extremo” de cheias, quando os modelos meteorológicos mostraram a gravidade da tempestade que acabou por provocar danos em vários países.
Esse tipo de informação é passada aos serviços meteorológicos nacionais dos países, que normalmente usam os sistemas de alerta localizados, para avisar os residentes sobre o risco iminente. No entanto, adianta o jornal, o número elevado de pessoas atingidas pelas cheias desta semana sugere que muitos dos que vivem nas cidades e aldeias afectadas não perceberam a gravidade da situação, até ser tarde demais.
Embora a precisão da previsão do tempo tenha aumentado significativamente na última década, a comunicação ainda está atrasada, advertiu a especialista. “O sistema de alerta tem de deixar claro às pessoas: Isto vai afectar-vos. Se recebeu este aviso é porque corre o risco de inundação. É preciso fazer algo agora”, disse Speight.
Como resultado das alterações climáticas, eventos climáticos extremos tornaram-se cada vez mais comuns e, segundo Speight, este tipo de cheias “deve tornar-se cada vez mais provável”. Neste sentido, defendeu, quando os países falam sobre a construção de um futuro resiliente ao clima, um serviço eficaz de alerta contra cheias deve ser uma parte fundamental disso.
“Não podemos realmente impedir as cheias”, disse. “Ainda haverá danos para todas essas propriedades mas temos de melhorar a forma como lidamos com isso. E a principal maneira de o fazer será ter um serviço de alerta eficaz para fazer com que as pessoas saiam do caminho quando a água estiver a chegar”, defendeu.
Simone Silva
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Fonte: MultiNews
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