Está ser uma época de incêndios particularmente devastadora, com turistas a fugir por mar na Turquia, resorts italianos evacuados e os gregos perante uma onda de calor recordista.
Com o Mediterrâneo face a uma escaldante onda de calor, o número de mortos nos incêndios florestais na Turquia subiu para oito, e na Grécia várias pessoas foram hospitalizadas, durante a pior onda de calor no país desde há três décadas. Na cidade costeira de Pescara, no este de Itália, mais de 800 habitantes e veraneantes tiveram de ser retirados, com fogos a avançar em várias frentes, e em Espanha, aqui ao lado, as autoridades tiveram de apelar à população para se manter longe do reservatório de San Juan, no rio Alberche, a uns 70 km da capital, um dos destinos preferidos dos madrilenos para banhos, que tem sido devastado pelas chamas.
A época dos incêndios mal começou, mas já está a ser mais destrutiva do que o habitual no Mediterrâneo, segundo dados europeus citados pelo Guardian. E o combate às chamas é dificultados por temperaturas altas e ventos fortes, fenómenos cuja frequência os cientistas associam ao aquecimento global.
Na Turquia o resultado foram os piores incêndios da década, com quase 95 mil hectares ardidos, comparados com a média de 13,516 hectares ardidos no mesmo, entre 2008 e 2020, segundo o jornal britânico. Com mais de uma centena de fogos activos ao longo da última semana, o avanço das chamas tem sido tão rápido que apanhou desprevenidos os turistas em Bodrum, no oeste da Turquia, encurralando-os em estâncias balneares, que tiveram de ser evacuadas pelo mar Egeu. As autoridades até pediram ajuda nas operações a cidadãos que tivessem iates e veleiros, de maneira a fazer o resgate a tempo, segundo a CBS.
“Isto é inacreditável, simplesmente inacreditável. Como é que o fogo chegou tão longe em cinco minutos”, questionou um dos cem turistas russos retirados de Bodrum, enquanto filmava as chamas a chegar à costa, a bordo da frota improvisada, num vídeo obtido pela Sputnik, este fim de semana. Outros não tiveram tanta sorte. Pelo menos uma das vítimas registadas esta segunda-feira faleceu em Bodrum, segundo a Al Jazeera.
Entretanto, começavam a chegar os apoios europeus à Turquia, com bombeiros enviados em auxílio dos seus colegas turcos e três aviões de combate aos fogos, um deles vindo da Croácia e dois de Espanha. Já o Governo de Recep Tayyip Erdogan foi alvo de críticas pela demora em responder à tragédia, tendo admitido que não comprara qualquer avião para combater os incêndios – algo que virou escândalo nacional, sendo um terço do território turco floresta. A falta de meios é tal que bombeiros turcos viam-se obrigados a usar os canhões de água da polícia de choque, normalmente usados para varrer manifestantes, avançou a France Press.
Em Itália, o cenário não está mais fácil. Só no fim-de-semana surgiram mais de oitocentos focos de incêndio no país, devastando habitações, negócios, e deixando a indústria turística ainda mais em risco. “Tivemos de evacuar várias casas e resorts de praia devido ao fumo”, contou ao Guardian Carlo Masci, presidente da Câmara de Pescara, uma cidade rodeada pela reserva natural de Pineta Dannunziana, onde até as freiras de um mosteiro tiveram de fugir. “O maior problema é o vento quente. Estamos a fazer o melhor que podemos para limitar os estragos”.
Na Grécia os fogos também estão a causar o pânico, com mais de três mil hectares de olival e pinhal destruídos num único incêndio, no fim de semana, nos arredores de Patras, enquanto na ilha de Rodes era evacuado o “Vale das Borboletas”, muito popular entre turistas. Além disso, a Grécia prepara-se para enfrentar temperaturas entre os 40 e os 42.ºC nos próximos dias, com um pico na terça-feira. Com tantos aparelhos de refrigeração ligados, a rede eléctrica está a dar de si, tendo o Governo apelado a que os gregos limitem o seu consumo de energia ao início da manhã e durante a noite.
João Campos Rodrigues
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Fonte: Ionline
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