As cenas são de colapso climático neste começo de Agosto na Rússia. O Norte do país está desde Maio a enfrentar gigantescos incêndios florestais e em plena região do Árctico, gerando um enorme desequilíbrio natural numa área extremamente sensível do planeta e cujos impactos se dão na atmosfera em escala global.
Imagens de satélite do sistema europeu Copernicus da Adam Plataform mostram que os fumos dos incêndios chegaram nesta segunda-feira (dia 2 de Agosto) ao Pólo Norte, facto que alarma os cientistas do clima. O ponto mais ao Norte do planeta viu-se coberto por fumaça de incêndios a milhares de quilómetros de distância pelo clima atipicamente quente que se tem registado durante este Verão no Árctico, o que já havia ocorrido no ano passado.
A situação é extremamente grave no Norte da Rússia e as imagens parecem ter saído de um filme de catástrofe. Ao meio-dia desta segunda-feira o céu estava negro, como fosse meia-noite e cinzas caíam do céu na localidade de Arykhtakh, distrito de Kobyaisky ulus, em Yakutia, o território mais frio da Rússia que enfrenta semanas de devastadores incêndios e qualidade do ar em índices perigosos para a saúde humana.
O número de incêndios activos hoje em Yakutia, a república mais fria da Rússia, chega a 156, de acordo com o Ministério de Emergências local. No início desta segunda-feira, o fogo avançava sobre a vila de Chymnai. A visibilidade está por demais restrita em vários pontos de Yakutia e o tráfego aéreo foi interrompido porque é impossível aos aviões descolar ou pousar nas condições actuais.
O fogo tem um enorme impacto no ecossistema local. Dezenas de ursos foram vistos numa via rodoviária de Yakutia, fugindo dos incêndios. Os ursos e seus filhotes estavam na estrada desorientados, sem saber para onde ir, enquanto enormes incêndios consumiam o seu habitat natural nas redondezas. O prejuízo para a fauna local ainda não foi calculado.
A área estimada em chamas hoje em Yakutia é de 3,6 milhões de hectares. O jornal russo Sibéria Times descreve que a população local está a sufocar por semanas por conta da fumaça (smog). A região é conhecida como a capital mundial do permafrost e, por isso, de enorme importância no equilíbrio climático do planeta.
O derretimento do permafrost é um quebra-cabeças difícil para a Rússia, onde muitas cidades e grande parte da infraestrutura de extracção de petróleo e gás foram construídas com a estabilidade do solo congelado. É também um fenómeno que provoca o chamado feedback sobre as mudanças climáticas: o degelo do permafrost – causado pelas mudanças climáticas – liberta gases de efeito estufa, principalmente metano, que por sua vez alimentam a aceleração das alterações climáticas.
O Árctico está a aquecer cerca de três vezes mais rápido que o resto do mundo, e a tendência do gelo marítimo é de acompanhar este movimento. Menos gelo no mar significa um Árctico mais quente, e há evidências crescentes de que um Árctico aquecido resulta em padrões atmosféricos mais persistentes, criando eventos climáticos como ondas de calor mais longas nos Estados Unidos, na Europa e em outros lugares.
Incêndios sem precedentes surgiram no Círculo Polar Árctico nos últimos três anos. Um Árctico mais quente pode significar uma mudança em direcção ao comportamento extremo do fogo nessa região polar, uma queima que liberta quantidades abundantes de dióxido de carbono que retém o calor na atmosfera.
A perda de gelo marinho afecta também os ursos polares, que precisam de gelo no mar para caçar. Os biólogos esperam que muitas subpopulações de ursos polares desapareçam neste século. À medida que o solo outrora congelado (permafrost) derrete, as infraestruturas como tanques de petróleo começaram a colapsar, resultando recentemente em poluição ambiental e devastação na Sibéria.
* * * * * * * * * * * * * * * * *
* * * * * * * * * * * * * * * *
Fonte (texto adaptado e imagens): MetSul Meteorologia
Sem comentários:
Enviar um comentário