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terça-feira, 5 de agosto de 2025

Incêndio no Parque Peneda-Gerês destruiu mais de 7.500 hectares

O incêndio que deflagrou no Parque Nacional da Peneda-Gerês consumiu mais de 7.500 hectares de floresta, resultando em graves prejuízos ambientais, sociais e económicos. Este fogo, que teve início a 26 de Julho no concelho de Ponte da Barca, rapidamente alastrou a outras zonas do parque, tornando-se um dos maiores desastres ambientais da última década nesta área protegida.

Segundo informações provisórias do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), das áreas ardidas, aproximadamente 5.780 hectares situam-se no interior dos limites do Parque Nacional. Numa extensão total de cerca de 70 mil hectares, a destruição representa uma perda muito significativa de biodiversidade, degradação do solo e impacto nos ecossistemas, afectando também os hábitos e modos de vida das populações locais.

O fogo provocou estragos profundos sobretudo nos concelhos de Ponte da Barca e Terras de Bouro, devastando matos, florestas e campos de pastagem. A Serra Amarela, área de referência no parque, ficou praticamente dizimada. O combate ao incêndio envolveu centenas de operacionais, com o apoio de numerosos veículos e meios aéreos. As operações foram dificultadas devido ao relevo, às condições meteorológicas desfavoráveis e à acumulação de materiais combustíveis.

Além dos prejuízos ambientais, os danos estendem-se ao tecido social e económico: a destruição de pastagens pôs em risco a subsistência de pequenos agricultores e criadores, deixando animais sem alimento. Houve também registo de perdas de colmeias, cercas, estruturas de apoio, estradas e problemas no abastecimento de água, com algumas aldeias privadas temporariamente deste recurso devido à destruição de tubagens.

O turismo não escapou às consequências. Muitos alojamentos e empresas na envolvente registaram cancelamentos totais de reservas, num período habitualmente de forte procura turística. Trilhos, miradouros e pontos de interesse para visitantes acabaram danificados, tornando necessária uma reabilitação exigente.

Embora o incêndio esteja agora dominado, persiste o risco de reacendimentos devido à instabilidade atmosférica e à presença de combustível nas áreas afectadas. Têm decorrido esforços intensos de vigilância por parte do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas) e da ANEPC (Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil) para prevenir novos episódios e salvaguardar as populações.

As autarquias afectadas já iniciaram o levantamento dos estragos para accionarem os apoios de emergência junto do Governo. Numa primeira fase, a prioridade está na reposição de infraestruturas básicas, no apoio aos criadores e no restabelecimento dos serviços essenciais. Seguir-se-á a recuperação ecológica e do património natural ameaçado.

A devastação no Parque Nacional da Peneda-Gerês representa uma perda de valor incalculável para o país, não só pela sua importância enquanto espaço de biodiversidade, mas também pelo seu papel identitário, social e cultural. Único parque nacional em Portugal, criado em 1971, o Gerês abrange três distritos e é crucial para a preservação da natureza e promoção do turismo sustentável.

A gravidade desta tragédia sublinha a importância de reforçar medidas preventivas, a gestão eficiente da floresta e resposta rápida a situações de catástrofe. A recuperação será longa e dependerá do envolvimento de entidades públicas, privadas e da população. Valorizar e proteger o Gerês exige um compromisso claro com a prevenção, a resiliência dos ecossistemas e o desenvolvimento económico sustentável das comunidades locais.

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Fonte: Redacção(CASA SAPO)

 

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