Os dias tórridos de Agosto revelaram-se fatais para um total de 462 portugueses, a maioria idosos, que não resistiu aos efeitos do calor, revela um estudo divulgado ontem pela Direcção-Geral de Saúde (DGS). Estima-se que durante 21 dias (de 6 a 26 de Agosto) tenha havido um excesso de óbitos de 8,7 por cento comparativamente ao mesmo mês de 1993 a 2002.
Os dados resultam da avaliação do Plano de Contingência para as Ondas de Calor 2005, divulgados por responsáveis das entidades envolvidas neste plano além da DGS: Instituto Nacional da Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) e Observatório Nacional de Saúde (ONSA). José Robalo, da DGS, explica que os dados sobre o excesso de óbitos resultam “de valores estimados a partir da informação recolhida de 67 Conservatórias do Registo Civil, distribuídas por todos os distritos do País”. Embora afirme que não existe “uma associação demonstrada entre as mortes e os incêndios florestais”, o mesmo responsável sublinha que, nos dias em que as chamas não deram tréguas aos bombeiros, “houve um acréscimo das Urgências nos hospitais e centros de saúde.”
Certo é que os idosos foram os mais vulneráveis aos efeitos devastadores do calor, já que 360 dos 462 óbitos foram de pessoas com mais de 75 anos. Fernando Almeida, presidente do INSA, adianta ao CM que só haverá um conhecimento mais rigoroso deste tipo de mortalidade quando se criar o conceito de morte associada ao calor e uma base de dados que permita, de forma rápida, proceder a essa avaliação. É que “nas certidões de óbito não consta o calor como causa de morte, mas apenas as patalogias que originaram o óbito”. As medidas que podem prevenir as mortes por calor são, segundo José Robalo, a articulação com os responsáveis pelas entidades fora do Serviço Nacional de Saúde (IPSS, União Misericórdias, Associações de Municípios e de Freguesias), para “melhor chegar às populações em risco.”
LOCALIZAÇÃO
As regiões do País em que se registaram, em Agosto último, um maior número de óbitos foram Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Castelo Branco, Santarém e ainda no Alentejo e no Algarve.
CERTIDÕES
As autoridades de saúde defendem que é necessário tornar mais célere o processo de obtenção das certidões de óbito para os períodos de vigilância das ondas de calor, por forma a melhor monitorizar a situação.
ÁGUA
Os organismos da saúde alertam as instituições que acolhem os grupos de risco (crianças, idosos e doentes crónicos) para a necessidade de beber água nos dias quentes, mesmo quando as pessoas não têm sede.
Fonte: Jornal Correio da Manha, 13/Dezembro/2005 (Cristina Serra)

Sem comentários:
Enviar um comentário