sexta-feira, 21 de julho de 2006

313. Onda de calor mata em Portugal

A D.G.S. afirma que número de mortos e afluência às urgências aumentou durante vaga de calor. No Hospital de São João, número de óbitos quase duplicou. Idosos foram os mais afectados.
A onda de calor que atingiu Portugal durante 11 dias provocou mortes e aumentou a afluência dos cidadãos às urgências, disse ao PortugalDiário fonte da Direcção-Geral de Saúde (DGS). Embora ainda não tenha os números precisos sobre o impacto do calor nos portugueses, a DGS afirma que Beja, Portalegre e Faro foram as zonas onde os efeitos das temperaturas se fizeram sentir de forma mais acentuada nas populações.
«Os idosos foram os que mais procuraram os serviços de urgência, ainda mais do que as crianças», disseram ao PortugalDiário, fontes dos gabinetes de imprensa do hospitais de Beja e São João (no Porto). Desidratação e problemas respiratórios eram os principais sintomas.
O número médio de mortos no Hospital de São João é de 4.8, contudo, no passado domingo a unidade registou a ocorrência de 9 mortos, e na segunda e terça-feira, houve oito óbitos. Fonte hospitalar garante que este aumento da mortalidade se deveu «sobretudo ao calor». Curiosamente, os dias em que houve mais óbitos não coincidem com os dias em que esteve mais calor no Porto, mas, segundo os médicos, «é a sequência de vários dias de altas temperaturas que mais debilita as pessoas».
Os efeitos do calor também se fizeram sentir nos internamentos e na afluência ás urgências, que aumentaram 10 por cento nestes 11 dias e entre 20 e 25 por cento nas passadas segunda e terça-feira.
Na zona Norte, o Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, foi onde o aumento de afluência às urgências foi maior, ultrapassando os 20 por cento. O serviço de Urgência do Hospital Pedro Hispano registou um aumento da afluência de 25 por cento na passada semana, recebendo «em média mais 70 a 80 doentes durante o dia e mais 20 durante a noite», disse à agência Lusa, Pimenta Marinho, da Administração Regional de Saúde do Norte.
Só no domingo, «até às 11h00, tivemos 118 episódios de urgência, grande parte dos quais casos de desidratação em idosos», disse à Lusa, a directora do Serviço de Urgência do Hospital Pedro Hispano, Adelina Pereira.
Apesar de estarem situados nas zonas referidas como sendo onde mais se sentiram os efeitos das condições meteorológicas, responsáveis dos hospitais de Beja e Portalegre não notaram «afluências anormais para a altura». «Este mês tivemos uma maior afluência do que no mês anterior, contudo é semelhante à registada no ano passado», afirmou fonte do gabinete de imprensa do Hospital de Portalegre, que referiu que as temperaturas sentidas na região não foram muito diferentes das que se verificam habitualmente no Verão.
«Uma coisa é estarem 39 graus em Portalegre, outra é estarem 39 graus no Porto. Aqui as pessoas estão habituadas», adiantou a mesma fonte.
Também o hospital de Bragança, situado no nordeste transmontano, região muito fustigada pelo calor, não notou aumentos significativos na afluência. A explicação parece ser simples: «as pessoas estão habituadas a estas temperaturas», explicou fonte do gabinete de imprensa do hospital. Na região há até um ditado que diz que «Em Trás-os-Montes há nove meses de Inverno e três de inferno».
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