terça-feira, 24 de outubro de 2006

555. Alcobaça - Concelho foi ontem o mais atingido do País

O mau tempo que assola o País voltou ontem a causar estragos com inundações, quedas de árvores, aluimentos de terras e estradas obstruídas nos distritos de Leiria, Santarém, Coimbra, Beja e Évora. A situação mais grave verificou-se em Alcobaça, onde a Praça 25 de Abril, defronte do Mosteiro, ficou coberta de água, enquanto o Hotel das Termas da Piedade ficou isolado porque o Rio Alcoa galgou as margens.Ricardo Santos, assistente da direcção do hotel, explicou que dois turistas precisaram de ser retirados da unidade por um carro de bombeiros e que três funcionários fizeram a viagem contrária para poderem ocupar os seus postos de trabalho. A água atingiu 70 a 80 centímetros de altura em redor do hotel, inundando a cave e o bar das piscinas. Houve danos em vários equipamentos – arcas frigoríficas, torneiras de cerveja, mobiliário – e paralisaram as obras que decorrem para edificação de um spa e reactivação das termas.
“Tem de se criar uma forma de a água ser bombeada através de uma estação elevatória”, disse Ricardo Santos. O hotel situa-se a 70 metros do Alcoa, mas abaixo da quota do Rio, que tem provocado inundações ao longo dos anos.
Devido às fortes chuvadas ocorridas entre as 05h00 e as 09h00 de ontem, a acumulação de água na praça 25 de Abril, no centro de Alcobaça, atingiu uma altura de 30 a 40 centímetros, invadindo estabelecimentos de comércio tradicional. “É a quarta vez que temos uma inundação”, protestou Odete Leal, dona de uma loja de decoração. “Desde que fizeram aqui obras estava mais tranquila, pensei que não voltava a acontecer, mas afinal não resolveram nada”, referiu, criticando o trabalho da protecção civil: “Deviam pelo menos ter limpo as sarjetas com antecedência, o que não fizeram. É uma falha grave.”
No centro histórico de Alcobaça abateu um passeio junto a uma das pontes do Rio Alcoa e, no resto do concelho, registaram-se inundações de caves e garagens. O mau tempo fez estragos também nos distritos de Coimbra e Santarém e no Alentejo, onde os bombeiros foram chamados a residências para resolver inundações sem gravidade.
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PREJUÍZOS EM VÁRIOS DISTRITOS
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LEIRIA - Entre a meia-noite e as 11h00 de ontem, o Centro Distrital de Operações de Socorro de Leiria registou pedidos de ajuda relacionados com 19 inundações e quatro quedas de árvores em sete concelhos do distrito, além de aluimentos de terras e vias temporariamente obstruídas;
SANTARÉM - Fátima, Caxarias (Ourém) e Abrantes foram as localidades mais afectadas pelo mau tempo no distrito de Santarém, havendo registo de quedas de árvores e inundações sem gravidade em cave e garagens. Em Fátima, uma loja da cadeia alimentar Pingo Doce foi afectada.
BOMBEIROS TRABALHARAM DESDE MADRUGADA PARA RESOLVER OS PROBLEMAS - Em Alcobaça choveu com mais intensidade entre as 05h00 e as 09h00. A acumulação de água causou a saturação do subsolo e, no centro histórico, provocou o aluimento de um passeio junto a uma das pontes do Rio Alcoa. O local, que dá acesso a um pequeno miradouro sobre o rio, foi vedado pela protecção civil para evitar a passagem dos peões.
O trabalho dos bombeiros começou de madrugada – o primeiro pedido de auxílio ocorreu às 05h40 – e ainda decorria ao final da manhã, com limpeza de passeios e arruamentos. Ao todo foram mobilizados 20 bombeiros e sete viaturas da corporação local de Voluntários para resolver ocorrências em todo o concelho. Não há registo de danos pessoais.
As obras no centro histórico de Alcobaça custaram vários milhões de euros e causaram um braço-de-ferro entre a autarquia e os comerciantes. Odete Leal, dona de uma loja de decoração invadida pela água, criticou a incapacidade dos projectistas para acabar com as inundações, que já eram comuns antes das obras de reabilitação da zona frente ao mosteiro. O Rio Alcoa transbordou e o Hotel das Termas da Piedade, a poucos quilómetros de Alcobaça, ficou isolado no centro de uma poça de água gigante. Além dos danos em equipamentos e do transtorno para clientes e funcionários, a situação provocou a paralisação das obras do novo spa e de recuperação das instalações das termas.
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Fonte: Jornal
CORREIO DA MANHÃ

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