O secretário-geral das Nações Unidas defende que a resposta mundial às alterações climáticas deve ser mais rápida e determinada, tendo em conta o relatório publicado pela comunidade científica, indicou o seu gabinete de imprensa. A comunidade científica lançou uma advertência sem precedente sobre a amplitude das alterações climáticas insistindo na responsabilidade humana no aquecimento global.
O planeta vai aquecer entre 1,8 e quatro graus até ao final do século e o nível dos mares subirá até 58 centímetros, fazendo multiplicar secas e vagas de calor, concluíram hoje especialistas mundiais.
As principais conclusões do relatório apresentado em Paris pelos 500 delegados do painel Intergovernamental das Alterações Climáticas (IPCC, na sigla inglês) mostraram que é "inequívoco" e que "muito provavelmente" tem causa humana. Em Washington, o presidente norte-americano, George W. Bush apoiou sem reservas as conclusões deste relatório.
Os Estados Unidos, o maior poluidor do planeta com um quarto das emissões de gases com efeito de estufa, são o único país industrializado, a par da Austrália, que rejeitou o protocolo de Quioto com o argumento que isso penalizaria a economia norte-americana.
Em Paris, o director executivo da Agência Internacional da Energia (AIEA), Claude Mandil, sublinhou que para controlar os efeitos do aquecimento global não basta esperar os avanços de novas tecnologias, há que aplicar de forma imediata políticas de eficiência energética. "Não podemos dar-nos ao luxo de esperar que os saltos tecnológicos produzam efeitos" de redução dos gases com efeito de estufa na produção de energia, advertiu Mandil na primeira jornada da Conferência para um Governo ecológico Mundial que termina sábado em Paris.
O secretário-geral da ONU "saúda as importantes conclusões do grupo de trabalho" publicados em Paris neste relatório, que "sublinha o consenso da com unidade científica relativamente à aceleração e o ritmo ameaçador das alterações climáticas induzido pelas actividades humanas", declara um comunicado. "A resposta global deve, por isso, ser elaborada com mais rapidez e determinação", acrescenta o texto.
Um porta-voz da Casa Branca, Tony Fratto, qualificou as conclusões do relatório de "importantes". "O presidente Bush fala desde Junho de 2001 do aquecimento da Terra e que os humanos desempenham um papel importante nesse aquecimento", afirmou também Fratto. Lembrou que Bush fixara um objectivo de reduzir em 18 por cento as emissões de gases com efeito de estufa até 2012 e que os Estados Unidos iam atingir esse objectivo.
Sublinhou, também, que os Estados Unidos "tinham sido um parceiro importante no desenvolvimento deste relatório". Todavia, Bush persiste até agora em rejeitar reduções vinculativas das emissões de gases com efeito de estufa – caso do dióxido de carbono (CO2) – previstas no protocolo de Quioto.
A Casa Branca lembrou que, desde 2001, Bush consagrou cerca de 29 mil milhões de dólares no orçamento federal para a investigação e a ajuda internacional com o objectivo de lutar contra o aquecimento global. No seu discurso sobre o Estado da União perante o Congresso, na semana passada, Bush apelou a uma redução de 20 por cento do consumo de gasolina nos Estados Unidos durante os próximos dez anos.
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Fonte: Agência LUSA* * * * * * * * * * * * *
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