segunda-feira, 16 de julho de 2007

1136. Aquecedor piracicabano

Desenvolver um equipamento fácil, fabricado com materiais de preços mais acessíveis, e que preserve os recursos naturais são objectivos que o grupo Solaris, da Escola Superior de Agricultura Luís de Queiroz (Esalq/USP), integrado por alunos de cursos de graduação e extensão que trabalha com energia solar, colocou em prática ao construir um aquecedor inspirado em modelo norte-americano. O aquecedor piracicabano, destaca Maria Lídia Romero Meira, gestora ambiental e coordenadora do Centro Ecológico Flora Guimarães Guidotti – instituição onde são desenvolvidos projectos e pertencente à Fundação de Estudos Agrários Luís de Queiroz (Fealq) – foi idealizado para aquecer a água do chuveiro e de brinde a que sai das torneiras do banheiro e cozinha.
O equipamento é ecologicamente correcto e possibilita economia de até 15% no consumo de energia eléctrica. Feito de tambores de aço galvanizado, com capacidade para 200 litros de água, mangueira – a metragem depende da distância da instalação do equipamento ao local a ser aquecido – garrafas pet, cavaletes de metal ou madeira, plásticos e manta de alumínio, o aquecedor ajuda a economizar até 15% de energia eléctrica e pode custar de R$ 250 a R$ 300.
"O aquecedor pode ser complementar ao sistema convencional de aquecimento. Em dias mais curtos ou frios, o equipamento aquece em torno de 30 graus, mas a sensação térmica é menor", explica Maria Lídia. A manta de alumínio – a mesma utilizada na cobertura de telhado – é colocada nos cavaletes para reflectir parte dos raios solares aos tambores, que ficam envoltos em plástico preso a aros de polietileno para provocar o efeito estufa. Esse feito próximo aos tambores, justifica Maria Lídia, diminui a troca de calor durante o processo.
"Os tambores ficam voltados para o norte (Brasil: maior parte do território fica no Hemisfério Sul), para captar mais raios solares", detalha. No projecto desenvolvido no Centro Ecológico, há sete tambores galvanizados – ideais para uma família de quatro pessoas – para armazenamento da água que vem da rede pública. Para garantir que a água chegue quente no chuveiro e nas torneiras, ressalta a coordenadora do Centro Ecológico, foi desenvolvido um sistema de isolamento térmico em volta das mangueiras que a levam para a casa. "Colocamos garrafas pet que produzem um efeito estufa, para diminuir a troca de calor", destaca.
Para colocar o aquecedor, enfatiza Maria Lídia, não há necessidade de quebrar parede. Um "T" hidráulico é colocado no chuveiro e ligado ao cano que vem do aquecedor. A água aquecida entra na caixa d'água por meio das mangueiras. Quanto mais distante do local onde estão instalados os tambores, maior é a demora para a água chegar.
"Ao abrir a torneira, é melhor esperar um minutos antes de entrar no chuveiro, para evitar contacto com a água fria", recomenda. Além da economia doméstica, ressalta a coordenadora do Centro Ecológico, a tecnologia do aquecedor é benéfica para o meio ambiente por reduzir o uso de energia eléctrica, oriunda das hidroeléctricas que precisam de muita água para produzir a electricidade.
Em 2001, lembra Maria Lídia, o Brasil enfrentou o "Apagão" – racionamento – de energia que não está descartado pela sobrecarga das usinas hidroeléctricas diante da grande demanda nacional. "Para se produzir energia eléctrica, há problema de matança de animais para ocupação de áreas, alagamento, transposição de populações.
Podemos amenizar tudo isso fazendo uso da energia térmica, que é de graça", analisa.
ELIANA TEIXEIRA
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