segunda-feira, 9 de julho de 2007

1121. Excesso de emissões de dióxido de enxofre obriga a suspender laboração em fábrica

Os níveis de dióxido de enxofre previstos na lei (500 miligramas por metro cúbico) foram hoje ultrapassados na unidade industrial de produção de amoníaco da AP Amoníaco de Portugal, no Barreiro, o que levou o Ministério do Ambiente a suspender a laboração naquele complexo. "Esta situação observou-se entre as 01:00 e as 4:00 e entre as 14:00 e as 17:00, tendo-se registado, respectivamente, em cada um destes períodos, as concentrações médias horárias máximas de 758 miligramas por metro cúbico e de 1.545 miligramas por metro cúbico" refere um comunicado hoje divulgado.
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT) entendeu justificar-se a adopção de medidas cautelares para a prevenção ou eliminação de situações de perigo, num caso onde considera que existem "riscos para a saúde humana". A unidade industrial de produção de amoníaco da AP Amoníaco de Portugal, situa-se no Lavradio, Concelho do Barreiro.
A laboração foi suspensa "até que sejam adoptadas as necessárias medidas correctivas", refere o Ministério, que adianta que a situação já foi comunicada à autoridade regional de saúde.
No final da semana passada, um grupo de cidadãos recolheu mais de 1.500 assinaturas para garantir que a fábrica AP - Amoníacos de Portugal labore de acordo com as regras ambientais, evitando os alegados danos que provoca na qualidade de vida e bens da população. "O grupo popular nasceu da insatisfação das pessoas pelas partículas libertadas para a atmosfera nos últimos meses e a não existência de informação de nenhuma das entidades sobre o que se passa. Perante a insatisfação generalizada, em conversa de café, decidiu-se fazer um abaixo-assinado que, em menos de 48 horas, recebeu mais de 1.500 assinaturas", disse à Lusa Hugo Abade, um dos impulsionadores da iniciativa.
Luís Almeida, director da AP-Amoníacos de Portugal, explicou então à Lusa que não existem descargas na fábrica, lembrando que as emissões são controladas pelas entidades competentes. "Não existem descargas mas emissões fixas que emitem em continuidade e são controladas. Quando a caldeira é sujeita a intervenções, por vezes quando se ligam os ventiladores, as partículas são expelidas mas, em funcionamento, isso nunca acontece", garantiu então Luís Almeida.
A Associação Defesa do Ambiente no Lavradio (ASDAL) referiu em comunicado que depois de ter conhecimento dos problemas dos últimos tempos, entrou em contacto com a empresa que explicou que se tratava de problemas técnicos que estavam a ser resolvidos. "A ASDAL contactou, igualmente, a Direcção Geral do Ambiente da Comissão Coordenadora da Região de Lisboa e Vale do Tejo, no sentido de alertar para a situação anormal que se estava a registar e procurar obter informação sobre os índices de poluição, cujo controle é da responsabilidade daquela entidade", destaca o documento.
O director Luís Almeida disse à Lusa que a empresa está a trabalhar numa solução para os problemas que por vezes acontecem, que passa pela substituição dos hidrocarbonetos fósseis por gás natural. "Já temos gás natural mas precisamos que seja assegurado o necessário para alimentar todo o equipamento e, nesse sentido, estamos há seis meses à espera que ele nos seja garantido por uma empresa do ramo. Não é uma situação fácil de conseguir, pela dimensão do que é necessário", salientou.
O director confessou ainda que todos os dias é solicitado, nas reuniões diárias, que exista o máximo de cuidado com a população, situada a cerca de 12 metros da fábrica e com as questões ambientais. "Temos cuidados com a população e também existem objectivos ambientais que a empresa pretende cumprir mas existem situações que não podemos controlar", concluiu.
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