Na conferência internacional que juntou em Washington os 16 países que emitem mais gases poluentes, Bush voltou a não aceitar metas imperativas sobre a redução dessas emissões. Os restantes países não gostaram do fracasso deste encontro, e mesmo a China e a India, do grupo dos mais poluidores, não apoiaram a posição norte-americana, embora discordem dos europeus sobre a concretização dessas metas de redução.
A Greenpeace organizou um protesto à porta do encontro e a polícia prendeu alguns activistas, entre os quais John Passacantando, o director executivo da Greenpeace norte-americana. Para os ecologistas, os países desta cimeira - que representam mais de 90% das emissões de gases poluentes no planeta - podiam cumprir o Protocolo de Quioto se quisessem de facto agir.
"O encontro dos Mais Poluentes é uma manobra de diversão em relação ao trabalho construtivo e valioso no quadro das Nações Unidas que vai levar à Conferência do Clima em Bali. O mundo precisa de um protocolo de Quioto mais fortalecido e 'menos conversa e mais acção'", diz a Greenpeace.
A Conferência teve uma agenda de trabalhos definida por Washington, mas os resultados não agradaram aos convidados. Um diplomata europeu presente no encontro, citado pelo Guardian, afirmou: "Nunca ouvi um discurso tão humilhante de um líder importante. Ele [Bush] tentou apresentar-se como um líder mas sem mostrar nenhum sinal de liderança. Foi um fracasso total." O enviado do governo inglês, John Ashton, criticou igualmente o isolamento de Bush, com as suas propostas de "compromissos voluntários" por parte de cada país.
"O exemplo mais inspirador de liderança desta semana foi o discurso de segunda-feira de Arnold Schwarzenegger nas Nações Unidas", referiu Ashton, lembrando que o governador da California tomou medidas ao nível do Estado para reduzir a emissão de gases de efeito de estufa em 25% até 2020. "Podemos andar aqui mais 20 anos a conversar sobre conversações, mas precisamos de começar a decidir o que fazer", disse o conselheiro das alterações climáticas junto do governo inglês ao New York Times.
O representante brasileiro, Everton Vargas, foi outro dos descontentes com o resultado desta reunião. "O governo norte-americano não trouxe nem ideias nem propostas novas em relação ao que tem sido a sua posição."
No seu discurso de encerramento, Bush ainda defendeu a constituição de um fundo mundial para apoiar as tecnologias limpas, sem especificar qual seria a contribuição do seu país. Disse também que todos os países ali presentes deveriam apontar objectivos para reduzir a emissão de gases, mas não disse quais e reafirmou a oposição a que essas metas sejam imperativas, ou seja, que se penalize os que as não cumpram.
Indiferente às acusações de não querer travar o aquecimento global, Bush desenvolveu a sua ideia de que cada país devia fixar as suas próprias metas, justificando-a porque "nenhum país tem todas as respostas, incluindo o meu". O presidente norte-americano acabou ainda por dar razão aos que o críticam por desvalorizar o tema das alterações climáticas, terminando o seu discurso quinze minutos antes do previsto.
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Fonte: Esquerda
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