domingo, 28 de outubro de 2007

1327. Esta madrugada os relógios atrasaram uma hora

Quando os relógios marcaram as 02 horas no território nacional e na Madeira e 01 hora nos Açores, os portugueses, assim como toda a Europa dos 27, atrasaram os ponteiros 60 minutos. É o adeus definitivo ao Verão e a entrada oficial no que é vulgarmente conhecido por "horário de Inverno". Segundo Rui Agostinho, subdirector do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL), as alterações na hora, tanto no Inverno como no Verão prendem-se com a necessidade de não haver desfasamento solar e não unicamente com questões económicas, como muitas vezes é dito.
"Chegou-se à conclusão que a mudança de hora era a opção mais favorável, para as actividades económicas e para o próprio bem-estar das pessoas", lembra Rui Agostinho, que sublinha serem feitos estudos regulares, a nível europeu, para se saber quais os benefícios e os problemas que essas alterações acarretam.
E desenganem-se aqueles que pensam que a escuridão própria do Inverno vai levar a um consumo mais desenfreado de electricidade, é a própria EDP que desmente o mito: "a mudança da hora não traz vantagens nem inconvenientes. Não se verificam alterações de consumos na casa dos portugueses, nem na iluminação pública, porque é comandada por célula fotoeléctrica".
Numa vertente mais séria, o certo é que os dias ficam aparentemente mais curtos e a luminosidade diminui à medida que nos aproximamos do dia 21 de Dezembro - as 24 horas do ano em que o sol presenteia o dia com menos luz - e isso tem efeitos no organismo dos seres humanos, assim como tem a alteração da hora, para mais 60 minutos no caso do horário de Verão, ou menos, se se estiver a entrar no horário de Inverno. Os estudos publicados são muitos e a maioria defende que a mudança sazonal da hora, praticada por um quarto da população mundial (cerca de mil e quinhentos milhões de seres humanos), poderá ter efeitos prejudiciais na saúde a longo prazo. É o que evidencia uma investigação da revista "Current Biology". No estudo é revelado que o ritmo biológico não se ajusta automaticamente às alterações e que estas mudanças sazonais podem ter efeitos nos mais variados aspectos da fisiologia humana.
"Quando implementamos pequenas mudanças no sistema biológico que por si só parecem triviais, os seus efeitos, quando vistos num contexto mais vasto, podem ter um impacto muito maior do que tínhamos pensado", argumentou um dos autores do estudo. Como simplificou a especialista do sono Marta Gonçalves as alterações são "como viver um jetlag, porque há uma descoordenação de hábitos".
Contudo a sua colega Teresa Paiva minimiza estes alarmismos. "Bastam 48 horas para o corpo, biologicamente, se adaptar à nova realidade. O mau estar nos primeiros dias após a mudança de hora é normal, porque as pessoas estão a habituar-se às diferenças de luz", defendeu a neurologista.
Polémicas à parte e longe de discussões os portugueses agradeceram hoje poder dormir mais uma hora.
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Fonte: Expresso

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