quarta-feira, 21 de novembro de 2007

1384. Caldas da Rainha: cidade alagada em hora e meia na Segunda-feira

“A cidade está alagada e isto está caótico”, desabafava um agente policial envolvido nas operações de controlo do trânsito e manutenção da segurança, após o autêntico dilúvio que caiu cerca de hora e meia nas Caldas da Rainha na passada segunda-feira, e que fez inundar estabelecimentos comerciais, escolas e edifícios públicos, tornando intransitáveis algumas artérias da cidade. As inundações mais problemáticas verificaram-se mesmo no centro da cidade, na Rua Heróis da Grande Guerra e na Rua Dr. Miguel Bombarda, de circulação pedonal, onde a água chegou a entrar em várias lojas, provocando grandes estragos.
O proprietário de várias lojas de roupa mostrava-se indignado com a situação, apontando o dedo à Câmara Municipal. “Fizeram obras mal feitas, sem criar soluções como deve ser para as águas pluviais e como o caudal de escoamento é muito reduzido, as tampas de esgoto saltaram e veio tudo cá para fora”, acusou. Idêntica opinião tinha também uma senhora, responsável por outra loja de moda, desagradada com os estragos causados no pavimento e com a quantidade de horas que o estabelecimento esteve encerrado para as limpezas. Naquelas duas ruas, vários comerciantes vão contabilizar prejuízos por causa da forte precipitação que caiu entre as 13h30 e as 15h00, assim como os proprietários de estabelecimentos em mais algumas artérias da cidade que também foram afectadas porque as sarjetas entupiram.
“A Câmara não resolve o problema. Já chamámos o piquete (dos Serviços Municipalizados) para desentupir, mas os funcionários não aparecem”, denunciou uma lojista que teve de fechar o estabelecimento. Na realidade, o piquete da Câmara, juntamente com os bombeiros e os serviços da Protecção Civil não tiveram mãos a medir, tantos foram os pedidos de socorro.
“Tivemos cerca de 50 chamadas na cidade, por causa de algerozes entupidos e efectuámos uma limpeza para retirar a sujidade e a água dos telhados”, contou ao JORNAL DAS CALDAS o comandante dos bombeiros. De acordo com este responsável, estiveram envolvidos nas operações cerca de vinte elementos da corporação e seis viaturas, que prestaram socorro em quase todas as rotundas da cidade, que ficaram alagadas, imobilizando alguns veículos.
Na rotunda de acesso à EBI de Santo Onofre, pelo menos duas viaturas ficaram retidas na água, tendo sido retiradas com o auxílio dos bombeiros voluntários, que ainda balizaram nessa zona uma margem do Rio da Cal que ruiu parcialmente. Algumas garagens e uma loja de mobiliário na Rua Vitorino Fróis ficaram também inundadas, assim como foram afectadas garagens no Bairro dos Arneiros.
Na aldeia de Alvorninha foi retirada água acumulada no telhado de uma habitação. Em Vale Serrão, Alvorninha, uma árvore caiu em cima de um poste de média tensão, tendo o piquete da EDP resolvido a situação. Na Rua Adelino Soares de Oliveira, uma idosa acamada ficou com a residência inundada e pediu ajuda à PSP.
O largo da estação de caminhos-de-ferro ficou coberta por água e os serviços camarários movimentaram-se no sentido de desimpedir as sarjetas para que a água escoasse. O Hospital Distrital, o Hospital Termal e algumas escolas foram também alvo de inundações, como o Colégio Rainha D. Leonor e a Escola Básica 2-3 D. João II. O presidente do conselho directivo deste último estabelecimento disse ao JORNAL DAS CALDAS que “o polivalente (onde está o refeitório) ficou todo cheio de água”, e atendendo ao estado degradado dos edifícios da escola, alertou a Direcção Regional de Educação de Lisboa para a “necessidade de devido ao desgaste serem feitas as obras aguardadas há anos”. Os bombeiros deslocaram-se ao estabelecimento de ensino para verificar as sarjetas, tendo alguns alunos ajudado docentes e auxiliares na limpeza do polivalente, munidos de vassouras e esfregonas. Cerca de cem alunos foram dispensados das actividades lectivas por estar molhados da chuva e em alguns blocos a electricidade foi cortada devido à grande concentração de humidade.
O responsável da Protecção Civil das Caldas da Rainha ressalvou que “foi uma grande chuvada, de mais de hora e meia”, apontando que as inundações na cidade se deveram “à queda contínua das folhas dos plátanos durante o fim-de-semana, que entupiram os sumidouros, apesar de ter sido feita uma limpeza, e pelo arrastamento de inertes e areias”. Revelou ainda que as cheias na Rua Heróis da Grande Guerra se deveram ao “entupimento dos sumidouros com o pó de pedra arrastado do pavimento colocado há pouco tempo”.
“Vamos dar uma volta aos locais mais afectados para precaver novas situações, mas há dificuldades com que nos deparamos, como por exemplo as folhas das árvores que vão caindo constantemente”, afirmou; depois do dilúvio, o resultado estava à vista: como as tampas das sarjetas saltaram, com elas várias ratazanas já mortas e excrementos invadiram as ruas, tendo as operações de limpeza se prolongado pela noite de segunda-feira.
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