quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

1476. Barragem Foz Tua: Presidente do INAG desmente decisão sobre cota avançada pelo autarca de Mirandela

O presidente do Instituto Nacional da Água negou hoje qualquer decisão sobre a cota da Barragem do Tua mas o autarca de Mirandela alega ter informação de que "será de 200 metros, submergindo a Linha do Tua". "Desminto categoricamente que alguém do Instituto Nacional da Água tenha admitido qualquer cota", disse à agência Lusa o presidente daquele organismo, Orlando Borges.
"Continuo a dizer e a afirmar que tenho informações concretas do Instituto Nacional da Água de que a hipótese que tem mais probabilidades é a cota de 200", retorquiu o presidente da Câmara de Mirandela, José Silvano. O desmentido de Orlando Rodrigues surgiu na sequência de declarações do autarca transmontano, que garantiu à Lusa ter "a confirmação do Instituto Nacional da Água que a cota aprovada para a Barragem é de 200 metros".
O presidente do Instituto Nacional da Água desmente e assegurou à Lusa que "a decisão sobre a cota só será equacionada em sede de avaliação de impacte ambiental". Orlando Borges afirmou que "ninguém no Instituto Nacional da Água poderia dar tal garantia" já que ele próprio assinou a declaração ambiental e programa, já alvo de discussão pública, e disponíveis na Internet.
O presidente do Instituto Nacional da Água reconheceu que "qualquer solução implicará a submersão da Linha do Tua mas garantiu que o propósito é minimizar as consequências". Segundo disse, "a grande novidade desta Barragem é o estudo de várias cotas", entre 160 e 200 metros.
O presidente do Instituto Nacional da Água adiantou que "já foi desencadeado o procedimento para a publicação em edital e Diário da República do concurso público para construção da Barragem". De acordo com Orlando Borges, os concorrentes que vierem a ganhar o concurso ficam obrigados a fazer a respectiva avaliação de impacte ambiental, em que serão estudadas as diferentes cotas". "É uma obrigação deste plano e só esse estudo concluirá qual a cota da Barragem" garantiu.
De acordo com aquele responsável, a declaração que assinou recomenda que seja estudada a cota mais baixa de 160 metros, que submergirá os últimos 15 quilómetros da Linha do Tua. A cota de 200 metros deixará debaixo de água mais de metade da Linha e é esta solução que o presidente da Câmara de Mirandela, o social-democrata José Silvano insiste que "irá vingar", mesmo depois do desmentido do presidente do Instituto Nacional da Água.
Silvano reiterou à Lusa ter "informações do Instituto Nacional da Água" nesse sentido e que seria até "incompreensível" outra solução, porque qualquer das alternativas "acaba com a Linha" "Então se o Estado vai acabar com a Linha do Tua porque é que há-de optar por uma cota de 160 se tem mais potencial energético para explorar com os 200 metros", questionou.
"Como nenhuma das alternativas salvaguarda a Linha, tanto dá construir à cota máxima, como mínima", acrescentou. Silvano entende que a Linha do Tua sem ligação à Linha do Douro e consequentemente ao litoral fica inutilizada. Segundo disse, e a confirmar-se a cota de 200 metros, ficará debaixo de água mais de metade do último troço de caminho-de-ferro no Nordeste Transmontano.
Dos carris restará apenas o percurso entre Mirandela e o Cachão que, segundo um projecto já existente, deverá ser assegurado pelo metro de Mirandela para servir os trabalhadores do complexo agro-industrial do Cachão. A Lusa pediu esclarecimentos à CP, que explora comercialmente a linha, e à REFER, responsável pela infra-estrutura, mas ainda não obteve resposta das duas entidades.
O metro de Mirandela faz actualmente o percurso até ao Tua que se encontra encurtado desde ao descarrilamento da carruagem, há quase um ano, que matou três pessoas. O troço acidentado encontra-se reparado há dois meses mas mantém-se encerrado entre a Brunheda e o Tua, sem data anunciada para a reabertura.
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