O problema central que está por trás da actual crise mundial dos alimentos não é uma falta física de alimentos, mas, sem dúvida, uma inacessibilidade de grande quantidade de pessoas a eles, devido ao rápido aumento dos preços. Entre os factores determinantes do rápido avanço da crise dos alimentos, um papel maior é protagonizado pela explosão do investimento especulativo em commodities básicas, como petróleo e cereais, directamente ligado com as dificuldades enfrentadas pelos EUA, pelo mercado financeiro mundial e o declino do dólar americano. A especulação desenfreada pelos Hedge Funds (fundos de derivativos) e outros grandes jogadores do mercado tem aumentado custos, incentivando, assim, empresas privadas a aumentarem os preços numa jornada competitiva para acumular o maior lucro possível.
Estatísticas oficiais refutam a afirmação de que não há comida suficiente para todos. De acordo com os números de 2008 do Departamento de Agricultura dos EUA, a média de consumo per capita é de 2.618 calorias por dia em países em desenvolvimento e 3.348 em países desenvolvidos, comparados com o mínimo recomendado de 2.100 calorias. No entanto, profundas disparidades no acesso a essa comida, decorrentes da pobreza e da desigualdade social, condenam à fome muitos milhões.
A Revista Times citou um membro do Programa Mundial de Alimentos, Josette Sheeran, que disse: “Nós vemos comida nas prateleiras, mas as pessoas são incapazes de comprá-la.”
Os preços do mercado mundial para as commodities saltaram, precisamente, quando os grandes investidores retiraram-se dos investimentos tradicionais e dos mercados de crédito, em grande medida como resultado do estouro da bolha imobiliária e de crédito dos EUA em 2007. O capital especulativo tem buscado outros investimentos lucrativos.
Uma importante avenida para o capital especulativo são os mercados de futuros de commodities. Está essencialmente ligado às apostas financeiras o facto de que os preços dos bens básicos, como petróleo, cereais e metais, continuarão a aumentar. Uma vez que estes mercados de futuro são usados como pontos de referência para a actual negociação das commodities físicas, a sua rápida ascensão têm ajudado intensamente a aumentar os preços do mercado.
Um recente depoimento dado ao Congresso por um gestor norte-americano de hedge funds, Michael Masters, lança uma luz interessante sobre a especulação do mercado de futuros de commodities. Disse ele ao Congresso:
“No início desta década, alguns investidores institucionais, que sofreram com o resultado da grave estagnação do mercado de acções em 2000-2002, começaram a olhar para o mercado de futuros de commodities como um novo tipo de activo em potencial, adequado para o investimento institucional. Embora o mercado de commodities sempre tenha tido alguns especuladores, nunca antes as maiores instituições de investimentos o haviam considerado seriamente como viável para programas de investimentos em larga escala. Commodities parecem atraentes porque historicamente têm sido ‘uncorrelated’ (não relacionadas, inversamente proporcionais), o que significa que elas comercializam inversamente à renda fixa da carteira de acções [i. e., não necessariamente caem, pelo contrário, tendem a subir quando as acções ou estoques do mercado decaem].”
Masters continuou: “A linha principal dos consultores financeiros industriais, que orientavam grandes instituições com alocações de carteiras, pela primeira vez sugeriu que investidores poderiam ‘comprar e armazenar’ mercado de futuros de commodities, assim como antes faziam com acções e títulos.”
Um contrato do mercado de futuros de commodities é um acordo realizado entre um comprador e um vendedor para comercializarem uma quantidade dada de commodity, em um tempo e lugar futuros. O único elemento negociado do contrato é o preço da entrega, que varia com o tempo no mercado. Desenvolvido primeiro na bolsa de grãos de Chicago durante o século XIX, o mercado de futuros de commodities foi inicialmente projectado para permitir que os fazendeiros ou outros produtores mantivessem os custos, evitando prejuízos financeiros de oscilações bruscas nos preços de bens essenciais.
Há uma longa história da especulação no mercado de futuros. Um investidor, que acertadamente adivinha que o preço do milho aumentará, pode entrar no contrato do mercado de futuros como um comprador, então embolsa a diferença entre o preço acordado na data anterior e o valor mais alto do milho na data da entrega. Da mesma maneira, um investidor, acreditando que o preço do milho cairá, pode entrar no contrato do mercado de futuros como um vendedor. Isto é chamado de venda “rápida”.
Para evitar o aumento dos preços por causa da especulação em massa nos mercados de futuros, a Comissão de Comércio de Mercado de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC) põe limite à quantidade de contratos de mercados de futuros que um especulador individual pode manter. No entanto, de acordo com o depoimento dado ao Congresso em 2007 pelo Director de Monitoramento de Mercado da CFTC, Don Heitman, a CFTC tem feito excepções nesses regulamentos para os bancos de Wall Street desde, pelo menos, os anos 90. Agora, os hedge funds, os fundos de pensão e outros grandes investidores simplesmente entram em acordo com estes bancos de Wall Street para livrarem-se das restrições da CFTC.
Alex Lantier
Estatísticas oficiais refutam a afirmação de que não há comida suficiente para todos. De acordo com os números de 2008 do Departamento de Agricultura dos EUA, a média de consumo per capita é de 2.618 calorias por dia em países em desenvolvimento e 3.348 em países desenvolvidos, comparados com o mínimo recomendado de 2.100 calorias. No entanto, profundas disparidades no acesso a essa comida, decorrentes da pobreza e da desigualdade social, condenam à fome muitos milhões.
A Revista Times citou um membro do Programa Mundial de Alimentos, Josette Sheeran, que disse: “Nós vemos comida nas prateleiras, mas as pessoas são incapazes de comprá-la.”
Os preços do mercado mundial para as commodities saltaram, precisamente, quando os grandes investidores retiraram-se dos investimentos tradicionais e dos mercados de crédito, em grande medida como resultado do estouro da bolha imobiliária e de crédito dos EUA em 2007. O capital especulativo tem buscado outros investimentos lucrativos.
Uma importante avenida para o capital especulativo são os mercados de futuros de commodities. Está essencialmente ligado às apostas financeiras o facto de que os preços dos bens básicos, como petróleo, cereais e metais, continuarão a aumentar. Uma vez que estes mercados de futuro são usados como pontos de referência para a actual negociação das commodities físicas, a sua rápida ascensão têm ajudado intensamente a aumentar os preços do mercado.
Um recente depoimento dado ao Congresso por um gestor norte-americano de hedge funds, Michael Masters, lança uma luz interessante sobre a especulação do mercado de futuros de commodities. Disse ele ao Congresso:
“No início desta década, alguns investidores institucionais, que sofreram com o resultado da grave estagnação do mercado de acções em 2000-2002, começaram a olhar para o mercado de futuros de commodities como um novo tipo de activo em potencial, adequado para o investimento institucional. Embora o mercado de commodities sempre tenha tido alguns especuladores, nunca antes as maiores instituições de investimentos o haviam considerado seriamente como viável para programas de investimentos em larga escala. Commodities parecem atraentes porque historicamente têm sido ‘uncorrelated’ (não relacionadas, inversamente proporcionais), o que significa que elas comercializam inversamente à renda fixa da carteira de acções [i. e., não necessariamente caem, pelo contrário, tendem a subir quando as acções ou estoques do mercado decaem].”
Masters continuou: “A linha principal dos consultores financeiros industriais, que orientavam grandes instituições com alocações de carteiras, pela primeira vez sugeriu que investidores poderiam ‘comprar e armazenar’ mercado de futuros de commodities, assim como antes faziam com acções e títulos.”
Um contrato do mercado de futuros de commodities é um acordo realizado entre um comprador e um vendedor para comercializarem uma quantidade dada de commodity, em um tempo e lugar futuros. O único elemento negociado do contrato é o preço da entrega, que varia com o tempo no mercado. Desenvolvido primeiro na bolsa de grãos de Chicago durante o século XIX, o mercado de futuros de commodities foi inicialmente projectado para permitir que os fazendeiros ou outros produtores mantivessem os custos, evitando prejuízos financeiros de oscilações bruscas nos preços de bens essenciais.
Há uma longa história da especulação no mercado de futuros. Um investidor, que acertadamente adivinha que o preço do milho aumentará, pode entrar no contrato do mercado de futuros como um comprador, então embolsa a diferença entre o preço acordado na data anterior e o valor mais alto do milho na data da entrega. Da mesma maneira, um investidor, acreditando que o preço do milho cairá, pode entrar no contrato do mercado de futuros como um vendedor. Isto é chamado de venda “rápida”.
Para evitar o aumento dos preços por causa da especulação em massa nos mercados de futuros, a Comissão de Comércio de Mercado de Futuros de Commodities dos EUA (CFTC) põe limite à quantidade de contratos de mercados de futuros que um especulador individual pode manter. No entanto, de acordo com o depoimento dado ao Congresso em 2007 pelo Director de Monitoramento de Mercado da CFTC, Don Heitman, a CFTC tem feito excepções nesses regulamentos para os bancos de Wall Street desde, pelo menos, os anos 90. Agora, os hedge funds, os fundos de pensão e outros grandes investidores simplesmente entram em acordo com estes bancos de Wall Street para livrarem-se das restrições da CFTC.
Alex Lantier
(Continua)
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Fonte: World Socialist Web Site
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Fonte: World Socialist Web Site
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