As indústrias de serração podem concorrer, a partir de 15 de Setembro, aos apoios comunitários para minorar as consequências da doença do nemátodo do pinheiro, afirmou hoje o presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP). Fernando Rolin qualificou a doença do nemátodo do pinheiro como uma "calamidade nacional, que agrava de forma dramática os constrangimentos da indústria de serração". Aquele responsável defendeu que os custos do tratamento da praga "devem ser financiados pelo Governo, à semelhança do que é efectuado noutras situações de calamidade determinadas por circunstâncias de força maior, não imputáveis aos produtores e empresários."
Esta posição surge na sequência da classificação de todo o País como área afectada pelo nemátodo, com a consequente aplicação obrigatória de um conjunto de medidas, que passam, entre outras, pelo tratamento térmico da madeira de pinheiro, atestado por um certificado fitossanitário. O presidente da AIMMP considera que, sendo o inevitável encerramento de muitas serrações, determinado pela praga do nemátodo, não imputável à organização empresarial, "cabe ao Estado suportar os custos sociais daí decorrentes".
A Associação apresentou ao Governo um conjunto de medidas, sob a designação PRÓSSERRA – Programa para a Revitalização da Indústria de Serração de Madeira, para apoiar o sector no combate ao nemátodo da madeira de pinheiro. Fernando Rolin referiu que o Governo já apoiou as linhas principais deste programa, pelo que as serrações podem concorrer aos sistemas de incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para esta situação a partir de 15 de Setembro.
O presidente da Associação defende que esta "calamidade nacional" deverá ser aproveitada pelo sector como uma "oportunidade derradeira para a reestruturação da indústria de primeira transformação". A Associação encontra-se, ainda, a negociar com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) um acesso rápido e expedito às linhas de crédito PME Investe.
Entre outras acções, o PRÓSSERRA prevê a concepção e implementação de um processo prático para informar os produtores e os agentes da administração pública sobre a identificação das necessidades reais do sector durante os próximos 20 anos.
O programa prevê também a identificação de uma entidade para a emissão de certificados fitossanitários, assim como apoios para que as serrações sejam dotadas de todos os meios adequados para o tratamento térmico da madeira. O PRÓSSERRA prevê ainda medidas para o curto/médio prazo, tais como a oferta de incentivos para a rearborização com pinho bravo, o desenvolvimento de estudo do genoma do pinheiro bravo (a fim de desenvolver uma espécie resistente ao nemátodo) e a criação de um observatório de competitividade da fileira do pinho. A médio e longo prazo, o programa inclui o investimento em equipamentos de nova geração e processos de cooperação ou concentração empresarial para aumentar a eficiência empresarial.
A Associação reclama ainda ao Governo que, antes de se avançar para operações de corte da madeira afectada, a indústria seja informada sobre qual a madeira disponível que deve ser encaminhada para a serração, estilhagem ou biomassa e qual deve ser queimada localmente. Alerta para os prejuízos que as medidas restritivas à exportação de madeira vão causar no sector, já que as unidades de grande dimensão, embora estejam equipadas com unidades de secagem, não as têm em quantidade suficiente para o tratamento de toda a madeira que exportam.
"Mesmo que comprem esses equipamentos, caso tenham espaço para os instalar, irão perder competitividade ao imputar no preço final do produto os 20 por cento de acréscimo no custo de produção, determinado pelas novas exigências de tratamento térmico", afirma aquele responsável.
Considerou ainda que as unidades de média dimensão terão que adquirir estes equipamentos mas salientou que o prazo de entrega e instalação ronda os seis a oito meses. "Durante este período, não vão poder exportar os seus produtos, pelo que poderão já nem sequer reabrir depois das férias", afirmou. Quanto às de pequena dimensão, frisou que "não têm capacidade financeira e operacional para instalar as unidades de tratamento térmico, encontrando-se muitas já em processo de encerramento".
O nemátodo da madeira de pinheiro é um verme microscópico que se espalha-se já que é transportado por um insecto vector que contamina as árvores por onde passe. É considerado um dos organismos patogénicos mais perigosos para os pinheiros, originando a morte das árvores afectadas. A doença, que afecta os pinheiros bravos, eclodiu em Portugal pela primeira vez, em 1999, na Península de Setúbal, tendo então sido criada uma área de restrição à saída de madeira da zona afectada de 309 mil hectares, o que não foi suficiente para evitar a propagação da praga.
Em 2007, foi imposta uma faixa de contenção de 430 quilómetros de perímetro e 13 quilómetros de largura em volta da zona afectada, tendo em conta que o insecto não voaria mais de três quilómetros. Apesar desta medida, foram detectados este ano novos focos no Norte e no Centro do País, o que levou à classificação de todo o território nacional como área afectada.
O volume de vendas das serrações em Portugal ascende a 1566 milhões de euros, sendo o valor total de exportação deste sector de 682 milhões de euros. A AIMMP calcula que a proibição da exportação de madeira ou de produtos de madeira custará à fileira cerca de 123 milhões de euros por ano.
A fileira da madeira é responsável, em Portugal, por cerca de 5,3 por cento do PIB português, 12 por cento do PIB industrial e nove por cento do emprego industrial.
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A Associação apresentou ao Governo um conjunto de medidas, sob a designação PRÓSSERRA – Programa para a Revitalização da Indústria de Serração de Madeira, para apoiar o sector no combate ao nemátodo da madeira de pinheiro. Fernando Rolin referiu que o Governo já apoiou as linhas principais deste programa, pelo que as serrações podem concorrer aos sistemas de incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) para esta situação a partir de 15 de Setembro.
O presidente da Associação defende que esta "calamidade nacional" deverá ser aproveitada pelo sector como uma "oportunidade derradeira para a reestruturação da indústria de primeira transformação". A Associação encontra-se, ainda, a negociar com o Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI) um acesso rápido e expedito às linhas de crédito PME Investe.
Entre outras acções, o PRÓSSERRA prevê a concepção e implementação de um processo prático para informar os produtores e os agentes da administração pública sobre a identificação das necessidades reais do sector durante os próximos 20 anos.
O programa prevê também a identificação de uma entidade para a emissão de certificados fitossanitários, assim como apoios para que as serrações sejam dotadas de todos os meios adequados para o tratamento térmico da madeira. O PRÓSSERRA prevê ainda medidas para o curto/médio prazo, tais como a oferta de incentivos para a rearborização com pinho bravo, o desenvolvimento de estudo do genoma do pinheiro bravo (a fim de desenvolver uma espécie resistente ao nemátodo) e a criação de um observatório de competitividade da fileira do pinho. A médio e longo prazo, o programa inclui o investimento em equipamentos de nova geração e processos de cooperação ou concentração empresarial para aumentar a eficiência empresarial.
A Associação reclama ainda ao Governo que, antes de se avançar para operações de corte da madeira afectada, a indústria seja informada sobre qual a madeira disponível que deve ser encaminhada para a serração, estilhagem ou biomassa e qual deve ser queimada localmente. Alerta para os prejuízos que as medidas restritivas à exportação de madeira vão causar no sector, já que as unidades de grande dimensão, embora estejam equipadas com unidades de secagem, não as têm em quantidade suficiente para o tratamento de toda a madeira que exportam.
"Mesmo que comprem esses equipamentos, caso tenham espaço para os instalar, irão perder competitividade ao imputar no preço final do produto os 20 por cento de acréscimo no custo de produção, determinado pelas novas exigências de tratamento térmico", afirma aquele responsável.
Considerou ainda que as unidades de média dimensão terão que adquirir estes equipamentos mas salientou que o prazo de entrega e instalação ronda os seis a oito meses. "Durante este período, não vão poder exportar os seus produtos, pelo que poderão já nem sequer reabrir depois das férias", afirmou. Quanto às de pequena dimensão, frisou que "não têm capacidade financeira e operacional para instalar as unidades de tratamento térmico, encontrando-se muitas já em processo de encerramento".
O nemátodo da madeira de pinheiro é um verme microscópico que se espalha-se já que é transportado por um insecto vector que contamina as árvores por onde passe. É considerado um dos organismos patogénicos mais perigosos para os pinheiros, originando a morte das árvores afectadas. A doença, que afecta os pinheiros bravos, eclodiu em Portugal pela primeira vez, em 1999, na Península de Setúbal, tendo então sido criada uma área de restrição à saída de madeira da zona afectada de 309 mil hectares, o que não foi suficiente para evitar a propagação da praga.
Em 2007, foi imposta uma faixa de contenção de 430 quilómetros de perímetro e 13 quilómetros de largura em volta da zona afectada, tendo em conta que o insecto não voaria mais de três quilómetros. Apesar desta medida, foram detectados este ano novos focos no Norte e no Centro do País, o que levou à classificação de todo o território nacional como área afectada.
O volume de vendas das serrações em Portugal ascende a 1566 milhões de euros, sendo o valor total de exportação deste sector de 682 milhões de euros. A AIMMP calcula que a proibição da exportação de madeira ou de produtos de madeira custará à fileira cerca de 123 milhões de euros por ano.
A fileira da madeira é responsável, em Portugal, por cerca de 5,3 por cento do PIB português, 12 por cento do PIB industrial e nove por cento do emprego industrial.
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Fonte: Agência LUSA
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