sábado, 2 de agosto de 2008

1928. Monforte: Protesto contra OGM

O ministério do Ambiente autorizou as empresas Pioneer e Syngenta a fazerem experiências com milho geneticamente modificado em terrenos pertencentes à Rede Natura no concelho de Monforte. E fê-lo apesar da oposição do município, que se declarou Zona Livre de Transgénicos em Fevereiro.
Os ambientalistas juntam-se à população e agricultores da região num protesto para que "seja cancelada a autorização para fazer de Monforte uma cobaia à escala nacional". Em
comunicado, a Plataforma Transgénicos Fora - que reúne 12 ONG's ligadas ao ambiente e desenvolvimento - diz que há riscos para a saúde humana e animal com esta introdução de OGM naqueles terrenos.
A Zona de Protecção Especial de Monforte foi criada este ano especificamente para a protecção de aves estepárias, "que usam as culturas de cereais para se alimentarem e nidificarem. Assim o milho geneticamente modificado vai entrar na alimentação das aves que têm estatuto de protecção o que, não sendo ilegal, é ilógico e imoral", diz a Plataforma.
A apicultura junto a plantações de transgénicos também é uma fonte de contaminação para os humanos. Mas "uma abelha pode atingir zonas a mais de 5 km e uma única colmeia pode abranger uma área de 113 km2", diz um estudo citado pela Plataforma. "O mel produzido a vários quilómetros de distância dos ensaios pode conter quantidades consideráveis de pólen transgénico o que, para o caso do milho 98140 que não está estudado nem autorizado para consumo humano ou animal, é totalmente ilegal", diz ainda a Plataforma.
Na opinião da Plataforma, o facto de a decisão do governo contrariar a posição dos autarcas de Monforte, que se pronunciaram unanimemente pela criação duma Zona Livre de Trangénicos, "deita por terra a miragem veiculada oficialmente de que a Portaria das Zonas Livres (904/2006) tinha finalmente regulamentado o direito à escolha das autarquias locais". No que respeita ao terreno de Ferreira do Alentejo, a Plataforma diz que "não se cumpriram as regras básicas da consulta pública que precedeu esta autorização do Ministério visto que, mais do que uma vez, foi comprovado telefonicamente que a Câmara Municipal não tinha disponível a documentação prevista."
Os ambientalistas acusam as duas multinacionais de terem "um longo historial de contaminação da agricultura europeia com transgénicos, que já afectou agricultores em Itália, Áustria, Alemanha, Eslovénia, Croácia, Espanha..." e questionam a oportunidade da autorização do governo português, "num momento em que os principais produtores europeus de cereais (França, Polónia e Hungria) proibiram o cultivo de milho transgénico no seu território".
No parlamento, o deputado Luís Fazenda entregou dois
requerimentos, aos ministros da Agricultura e do Ambiente, exigindo explicações sobre estas experiências com milho transgénico em zonas protegidas e contra a vontade expressa das populações e dos órgãos de poder autárquico.
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