domingo, 11 de janeiro de 2009

2227. Frio: as campanhas pelos sem-abrigo

Legião da Boa Vontade pede cobertores para sem-abrigo - As baixas temperaturas previstas para os próximos dias estão na origem do pedido. O Centro Social da Legião da Boa Vontade lembra que, na passada quinta-feira, o frio que se fez sentir levou a uma acção urgente de distribuição de cobertores, agasalhos e bebidas quentes a quem recorreu à instituição.
Os agasalhos podem ser entregues, no Porto, na Rua João Ramalho (perto da Praça Francisco Sá Carneiro) e, em Lisboa, na Rua D. António Caetano de Sousa, em Benfica. Devido às baixas temperaturas e à tendência de agravamento do frio, várias são as autarquias e organizações não-governamentais que accionaram planos de ajuda aos sem-abrigo, sobretudo, no Grande Porto, em Lisboa e no Algarve (Fonte: Renascença).
Número de pessoas que procuram a tenda em Lisboa mais do que triplicou - O número de pessoas que procuraram a tenda instalada no regimento Sapadores Bombeiros de Lisboa devido ao frio mais do que triplicou quinta-feira face ao dia anterior, disse hoje à Lusa fonte da Protecção Civil Municipal. Na quarta-feira 19 pessoas pernoitaram na tenda, outras oito foram encaminhadas para centros de acolhimento e outra para residência de familiares, disse à agência Lusa Emília Castela, da Protecção Civil da Câmara Municipal de Lisboa. No total, adiantou a fonte, foram já ocupadas 34 das vagas disponíveis nos centros de acolhimento.
Na quinta-feira, cerca de 150 pessoas dirigiram-se à tenda onde é prestado auxílio alimentar, psicológico e fornecidos agasalhos, enquanto na quarta-feira, apenas 50 pessoas o tinham feito, acrescentou a fonte. No total, entre quinta-feira e a última noite foram servidas 350 refeições e distribuídas 500 sandes, 150 sopas e 180 litros de leite.
Por causa do frio, a Câmara de Lisboa tem accionado em conjunto com os bombeiros e Protecção Civil um plano de contingência para a população em risco. No âmbito deste plano e além da tenda foi também criada uma linha de atendimento permanente (213 944 481) que tem sido sobretudo utilizada por quem quer dar agasalhos ou sinalizar situações de pessoas eventualmente em risco.
A mesma fonte da Protecção Civil adiantou à Lusa que fruto do trabalho das equipas de rua que prestam auxílio aos sem-abrigo, foram aceites 50 pedidos de encaminhamento social (Fonte:
Visão).
Vaga de frio: autarquias adoptam medidas de apoio à população mais carenciada - A maioria das autarquias adoptou medidas de apoio aos mais idosos e à população carenciada, sendo que nas principais cidades foram criados locais para acolher os sem-abrigo.
Em Lisboa, equipas da protecção civil, num total de 200 pessoas, estão a aconselhar a população a proteger-se do frio. Além da distribuição de folhetos com medidas de autoprotecção, estes grupos já identificaram 30 situações de risco. “Normalmente, são pessoas idosas, isoladas e sem apoio familiar, que vivem em casas com más condições de habitabilidade”, explicou Víctor Vieira, director do Departamento de Protecção Civil da Câmara Municipal de Lisboa.
Foi também instalada uma tenda no quartel dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, para acolher sem-abrigo e outras pessoas em situação de risco, as quais poderão ser encaminhadas para centros de acolhimento, e foi criada uma linha de emergência para dar conselhos sobre o combate ao frio.
Medidas semelhantes estão a ser adoptadas pelas autarquias do Porto e Coimbra e pelo governo civil de Faro, enquanto em Gondomar a Câmara Municipal decidiu distribuir cobertores, roupa e aquecedores a pessoas necessitadas do concelho. Em Matosinhos, a Junta de Freguesia anunciou que vai manter as suas portas abertas durante 24 horas, por tempo indeterminado, para acolher os sem-abrigo.
Em cidades mais habituadas ao frio, como é o caso da Guarda, a protecção civil municipal aconselhou os habitantes a protegerem os contadores de água para que estes não rebentem com o gelo. Segundo o coordenador do serviço, Granja de Sousa, devido à vaga de frio que se faz sentir, na cidade da Guarda já ocorreu “o rebentamento de várias bocas-de-incêndio e de canalizações que estão sem utilização”, o que é um indício do que pode acontecer com os contadores, caso estejam desprotegidos (Fonte: Público).
Sistema de apoio de prevenção contra o frio recolhe alguns sem-abrigo para tendas em Faro - Na tenda montada em Faro, junto às instalações dos bombeiros municipais, um ex-recluso de 49 anos, pediu ajuda para enfrentar o frio através da linha de emergência social "144" e através, da Cruz Vermelha, conseguiu um lugar na tenda em Faro. A tenda tem capacidade para receber 12 utentes com dormida quente, enquanto as refeições são feitas no refeitório da Santa Casa da Misericórdia, o banho quente pode ser tomado nas instalações do MAPS (Movimento de Apoio à Problemática da SIDA) e a roupa é fornecida pela Cruz Vermelha.
"Foi o medo do frio que me levou a pedir ajuda", declarou à Lusa o sem-abrigo, que está desempregado desde que saiu da prisão e que passou esta noite a beber chá quente e uma cama com o "kit" de almofada e cobertores na tenda de Faro.
Em Loulé, também pernoitaram no centro de atendimento montado pela autarquia, em Quarteira, três pessoas. As três pessoas foram recolhidas das ruas pela equipa que iniciou quarta-feira rondas pelos locais onde habitualmente se concentram os sem-abrigo ou pessoas desfavorecidas naquele concelho algarvio.
Segundo disse à Lusa o coordenador da Protecção Civil Municipal, em Loulé - onde também foi montado um centro -, foram identificadas duas pessoas, que habitam em casas degradadas com a autorização dos proprietários, mas não quiseram acompanhar a equipa. "O dispositivo vai estar montado até domingo e todas as noites vamos fazer rondas por Almancil, Quarteira e Loulé", disse João Lima, acrescentando que as pessoas recolhidas pelos serviços são desempregadas e duas nem sequer são naturais do Algarve. Os dois centros montados pela autarquia têm todas as condições de aquecimento e conforto para que a população desfavorecida possa pernoitar, sendo igualmente fornecidos alimentos e bebidas quentes, como forma de prevenir casos de hipotermia.
A Santa Casa da Misericórdia de Faro estabeleceu, recentemente, por seu turno, um protocolo com a autarquia farense para fornecer refeições quentes aos mais desprotegidos, que também podem utilizar os balneários das instalações da Santa Casa para fazer a higiene com água quente. Segundo o provedor da Santa Casa da Misericórdia Candeias Neto, têm aparecido cada "vez mais pessoas no refeitório social e com muita fome".
"São pessoas que passam o dia inteiro sem comer e chegam a repetir quatro e cinco vezes o prato de sopa", contou Candeias Neto, sublinhando que quem procura o refeitório social já não são apenas os sem-abrigo ou toxicodependentes, mas também pessoas em situação de carência, como imigrantes do Leste europeu e desempregados (Fonte: Barlavento).
Festa surpresa para sem-abrigo em tenda que já ajudou cem pessoas - Fernando é um sem-abrigo que apagou as velas na tenda que a Câmara Municipal de Lisboa instalou num quartel dos bombeiros para responder à onda de frio e teve como convidado desta "festa-surpresa" o presidente da autarquia. A festa deixou o sem-abrigo surpreso e sem palavras. António Costa deu-lhe os parabéns pelo 45º aniversário e cumprimentou os sem-abrigo que por ali têm passado para fugir ao frio das ruas, comer uma refeição quente ou simplesmente receber um agasalho.
Desde quarta-feira que mais de cem pessoas passaram por estas tenda, instalada no quartel dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, conforme disse à Lusa Filomena Marques, do Departamento de Acção Social da Câmara Municipal de Lisboa (CML). Doze optaram por pernoitar na tenda mas os restantes regressaram aos locais onde dormem ou foram encaminhados para centros de acolhimento.
Para eles, foram já servidas 350 refeições. Vários agasalhos foram igualmente oferecidos a esta população que é das mais sensíveis às baixas temperaturas. Na quarta-feira, a primeira noite em que o Plano de Contingência para a População de Rua Perante Ondas de Frio foi accionado, foram atendidas nesta tenda 50 pessoas. A maioria é composta por homens (86 por cento) e a faixa etária mais representativa é dos 35 aos 44 anos.
Metade da população atendida vive na rua, 27 por cento ocupa ilegalmente prédios, 15 por cento tem um alojamento precário, quatro por cento vive num centro de acolhimento temporário e igual percentagem em carros, casa móvel ou caravana. Casos de toxicodependência (19 por cento), alcoolismo (13 por cento) ou saúde mental (nove por cento) foram identificados nesta população, entre outras doenças.
A maior parte dos sem-abrigo que foram assistidos nesta tenda tem problemas familiares (19 por cento), 13 por cento estão desempregados, três por cento não tem documentos e igual percentagem não tem qualquer rendimento. Das 50 pessoas atendidas na primeira noite, 21 têm apoios institucionais activos, sendo já acompanhadas por instituições.
O presidente da CML fez uma rápida visita ao local, lembrando que esta é uma resposta excepcional, perante um cenário anormal que é uma onda de frio. "Nos outros dias do ano, a autarquia desenvolve um trabalho continuado de apoio a esta população", disse, salientando que a resposta excepcional ficou já marcada por casos de sucesso.
António Costa referia-se a dois casos que encheram de orgulho os técnicos de acção social que estão a apoiar os sem-abrigo. Através da televisão, uma família teve conhecimento de um familiar que está na situação de sem-abrigo e conseguiu reunir-se com ele. O outro caso também foi possível graças às imagens que passaram na televisão, através das quais um empresário teve conhecimento que um antigo empregado também vive na rua e decidiu ajudá-lo.
A tenda no quartel dos Sapadores Bombeiros de Lisboa tem igualmente sido contactada por pessoas que querem ajudar a população de sem-abrigo e que têm oferecido vários bens, nomeadamente agasalhos. Este serviço ficará disponível até domingo, altura em que as temperaturas deverão subir (Fonte: Expresso).
Junta de Cascais acolhe sem-abrigo - A Junta de Freguesia de Cascais abriu as portas do pavilhão do Centro de Convívio do Bairro do Rosário durante a noite de Sexta-feira para Sábado para acolher os sem-abrigo. Além de cobertores, as pessoas que habitualmente dormem na rua receberão também uma refeição quente (Fonte: Correio de Cascais).

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