O ex-vice-presidente americano Al Gore, protagonista da luta contra as mudanças climáticas, lançou, em Tromsoe (norte da Noruega), um apelo por uma acção rápida para impedir o degelo dos glaciares que poderá ser irreversível. Na sua participação na primeira conferência dedicada ao degelo dos glaciares, a alguns meses da cúpula de Copenhaga sobre o clima, Gore, prémio Nobel da paz 2007, afirmou que, sem mobilização, os glaciares do Árctico correm o risco de desaparecer para sempre.
"A gelo é importante para o ecossistema da Terra por diversas razões, mas uma delas está ligada à sua capacidade de resfriamento", disse. Os glaciares devolvem 90% das radiações solares para a atmosfera, enquanto que as massas de água escuras que as substituem quando derretem absorvem o calor, o que aumenta o aquecimento climático.
"Enquanto (o gelo) desaparece, devemos ter em mente que ele só voltará se agirmos muito rapidamente", explicou Gore. "Porque se a temperatura terrestre continuar a aumentar, o calor se propagará para maiores profundidades do oceano Árctico e será impossível que o gelo retorne", afirmou.
A extensão total das placas de gelo do Árctico atingiu um nível mínimo em Setembro de 2007, com 4,13 milhões de km2. A sua espessura, que diminui gradativamente, as torna ainda mais frágeis e, com isso, mais susceptíveis de derreter rapidamente, alertam especialistas.
Al Gore alertou também para as consequências dramáticas do derretimento dos glaciares da Antárctica e da Gronelândia, afirmando que cada subida de um metro do nível do mar geraria 100 milhões de refugiados climáticos. O derretimento da neve dos Himalaias, comummente chamado de "terceiro pólo", causará, num primeiro momento, inundações, e depois secas, afectando 40% da população mundial, que depende dessa fonte de água doce para a sua sobrevivência.
Para os cientistas presentes em Tromsoe, o futuro é sombrio, a magnitude e a rapidez actual do aquecimento superam os cenários mais pessimistas do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (Giec). "Estamos em apuros", resumiu o americano Robert Correll, que presidiu à Avaliação do Impacto das Mudanças Climáticas no Árctico, estudo divulgado em 2004 em que se fez um alerta para os efeitos do aquecimento global na região, onde a temperatura sobe duas vezes mais rápido do que no restante do mundo.
Após a conferência, um painel será criado para redigir um relatório destinado a sensibilizar os líderes internacionais para a questão durante a cúpula de Copenhaga em Dezembro.
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Fonte: Ùltimo Segundo (Adaptado)
Sem comentários:
Enviar um comentário