quarta-feira, 27 de maio de 2009

2437. Indonésia quer países ricos financiem luta contra aquecimento

O ministro do Ambiente da Indonésia, Rachmat Witoelar, instou os países industrializados a financiarem a luta contra os efeitos das alterações climáticas nos mares dos países em desenvolvimento. Rachmat Witoelar pediu "uma mão amiga" aos países desenvolvidos e defendeu que a cooperação norte-sul deve incluir tanto ajuda financeira como conhecimentos científicos e tecnológicos na primeira conferência mundial sobre o impacto do aquecimento global nos oceanos, que decorreu em Manado, na Indonésia, com a participação de representantes de 70 Estados, da ONU e de organizações não governamentais.
"Os países desenvolvidos são os que devem liderar a luta contra o aquecimento global porque têm os recursos e são responsáveis pelo actual estado do ambiente no mundo", afirmou o ministro indonésio. Números da União Europeia indicam que 75% dos gases com efeito de estufa acumulados na atmosfera foram emitidos pelos países industrializados.
O financiamento do combate contra as alterações climáticas nos oceanos, sobretudo as derivadas do aquecimento global provocado pelo efeito de estufa, foi um dos pontos de mais aceso debate no processo de redacção da Declaração de Manado sobre os Oceanos, o documento, não-vinculativo, que reuniu as conclusões da conferência mundial de nível ministerial no início de Maio.
Os países em desenvolvimento, encabeçados por vários estados africanos, pretenderam incluir no texto final a necessidade do acesso a financiamento e transferência de tecnologia dos países desenvolvidos, mas esbarraram na oposição do bloco dos países industrializados, liderado pelos EUA.
A Declaração de Manado será levada à consideração da Cimeira do Clima, marcada para Dezembro em Copenhaga, de onde deverá sair um acordo internacional sobre a redução das emissões de gases com efeito de estufa para suceder ao Protocolo de Quioto, cujos primeiros compromissos expiram em 2012. A conferência mundial foi uma iniciativa da Indonésia que pretendeu alertar para os efeitos da subida do nível dos oceanos provocada pelo aquecimento global.
Os mares e os oceanos representam quase 71% da superfície do globo e cerca de um décimo da população humana vive a menos de 10 quilómetros da orla costeira, segundo estimativas. Em 2007, o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas, da ONU, advertiu que o nível dos mares deverá subir até 59 centímetros daqui a 2100, tendo apenas em conta a expansão natural do volume das águas oceânicas devido ao seu aquecimento, sem integrar a fusão dos gelos do Antárctico e da Gronelândia.
Vários estudos recentes indicam também que os oceanos estão a perder parte da sua capacidade de absorção de CO2, essencial ao planeta. A subida do nível dos mares deverá ter graves consequências em alguns estados insulares, como as Maldivas, e nos grandes deltas, nomeadamente na Ásia.
A Indonésia, o maior arquipélago do mundo, poderá também perder várias das suas 17 000 ilhas, segundo uma estimativa recente do Banco Asiático de Desenvolvimento.
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