domingo, 14 de março de 2010

2911. Coráis fósseis mostram nínel do mar no passado

Houve alturas em que o oceano subiu mais depressa devido ao degelo nas regiões polares. Olhar para esse fenómeno através de fósseis marinhos é o objectivo.
Com meio milhão de anos, a Grande Barreira de Coral, junto à costa australiana, encerra uma riqueza de biodiversidade que faz dela um paraíso de estudo para os biólogos. No entanto, não se ficam por aqui as potencialidades daquele conjunto de bancos de coral para a ciência. Para um grupo de investigadores liderado pelo geólogo marinho Alan Stevenson, da British Geological Survey, aquela região vai tornar-se numa máquina do tempo, para ajudar a medir o nível do mar em diferentes momentos do passado. Um conhecimento que poderá dar novas pistas para o que nos espera no futuro.
A equipa prepara-se para partir numa expedição de 45 dias para a Grande Barreira de Coral, onde conta recolher amostras de corais fossilizados em 40 diferentes locais para tentar desenhar exactamente a linha que define as alterações do nível do mar ao longo dos últimos 20 mil anos.
Os corais, tal como as árvores, têm uma taxa de crescimento anual que se traduz em anéis de crescimento. Através da sua contagem e análise, os cientistas podem inferir datas e idades e perceber ainda teores de oxigénio, de sais e de dióxido de carbono do meio ambiente naquelas épocas.
"Podemos analisar aqueles anéis para construir uma imagem muito detalhada de como o oceano era quando aqueles corais se formaram, incluindo a sua temperatura e salinidade na altura", explicou Alan Stevenson à BBC News online.
A equipa recolherá amostras de fósseis de corais de há 10 mil e 20 mil anos, justamente para ir ao encontro desse passado. "Vamos entrar numa 'cápsula de tempo' de sedimentos que contêm informação sobre a evolução ambiental na barreira de coral desde a última glaciação, há cerca de 20 mil anos", adiantou por seu turno à BBC News Dan Evans, outro geólogo marinho da British Antartic Survey.
De acordo com os conhecimentos actuais, nos últimos 20 mil anos terá havido pelo menos três momentos em que ocorreu um aumento acelerado do nível do mar: há 19 mil anos, há 13,8 mil anos e há 11,3 mil anos. "Ao compreendermos melhor o passado, poderemos entender também um pouco mais sobre o que nos espera no futuro", explicou o líder da equipa.
O grupo pretende recolher amostras de corais fossilizados a diferentes profundidades no interior do fundo marinho, podendo mesmo chegar aos 150 metros, mas o seu coordenador sublinhou que a ideia é não perturbar de maneira nenhuma aquele habitat coralífero.
As alterações do nível do mar estão directamente relacionadas com as mudanças climáticas que a Terra sofreu ao longo dos últimos milhares de anos, nomeadamente com o degelo que ciclicamente ocorreu nas regiões polares. Com esses degelos, em épocas mais quentes, o nível dos oceanos sofreu sempre um aumento. Essa é aliás a principal preocupação relativamente às alterações climáticas que actualmente se perfilam no horizonte devido, pelo menos em parte, às actividades industriais humanas, que estão a saturar a atmosfera da Terra com gases de efeito de estufa e a causar o aquecimento global.
Filomena Naves
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Fonte (Texto e imagem): DN

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