quinta-feira, 11 de março de 2010

2909. ONU inicia revisão do contestado painel climático

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse na quarta-feira que um grupo de academias nacionais de ciências irá revisar a actuação do painel climático da entidade, a fim de restaurar a confiança abalada pela descoberta de erros num relatório de 2007 sobre o aquecimento global.
O ICC (Painel Intergovernamental para a Mudança Climática, na sigla em inglês) admitiu em Janeiro que o relatório exagerava o ritmo de derretimento dos glaciares Himalaias, e no mês passado admitiu um exagero também na sua avaliação de quanto a Holanda está abaixo do nível do mar.
"Deixe-me ser claro – a ameaça representada pela mudança climática é real", disse Ban a jornalistas ao lado do presidente da comissão, Rajendra Pachauri. "Nada do que foi alegado ou revelado na imprensa recentemente altera o consenso científico fundamental sobre as alterações climáticas."
Ban admitiu um "pequeníssimo número de erros" no chamado Quarto Relatório de Avaliação, publicado em 2007, um documento com mais de 3.000 páginas, já citado em mais de 10 mil trabalhos científicos. O próximo relatório desse tipo será divulgado em 2013 e 2014.
Pachauri, que reluta em ceder aos apelos de seus críticos pela sua demissão, disse a jornalistas que mantinha a mensagem principal do relatório de 2007, de que o aquecimento global é real e está a ser acelerado por causa das emissões humanas de gases de efeito estufa; “acreditamos que as conclusões desse relatório estão realmente fora de qualquer dúvida razoável", afirmou.
Nem Pachauri nem Ban responderam a perguntas dos jornalistas.
A revisão, pelo chamado Conselho Interacademias, terá como anfitrião a Real Academia Holandesa de Artes e Ciências, em Amesterdão, reunindo mais de doze outras academias nacionais de ciências.
Robbert Dijkgraaf, copresidente do Conselho, disse que a revisão será completamente independente. As conclusões devem ser entregues até o fim de Agosto.
Ban sugeriu que no futuro o IPCC possa alterar a forma como compila os seus dados, para evitar novos erros. "Precisamos assegurar plena transparência, precisão e objectividade, e minimizar o potencial para que quaisquer erros sigam adiante", afirmou.
Pesquisas sugerem que a convicção da opinião pública a respeito do aquecimento global não foi abalada pela divulgação dos erros.
O IPCC dividiu o Prémio Nobel da Paz de 2007 com o ex-vice-presidente dos EUA Al Gore, dedicado à causa climática; os seus relatórios são a principal base para as decisões políticas relativas às alterações climáticas do planeta.
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Fonte: O Globo

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