quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

3377. Catástrofes na Europa estão mais frequentes

Portugal consta no mais recente relatório da Agência Europeia do Ambiente como dos países que mais sofreram com a onda de calor de 2003 e os fogos florestais de 2005. O primeiro dos fenómenos foi o mais devastador em vidas humanas (70 mil) para 38 países. Em termos materiais, as cheias e tempestades causaram os prejuízos mais pesados, na ordem dos 200 mil milhões de euros, é referido no documento sobre a região europeia, abrangendo os anos de 1998 a 2009.
No espaço de uma década, os desastres naturais e os tecnológicos fizeram 100 mil mortes na Europa, afectando mais de 11 milhões de pessoas. A AEA admite um aumento das perdas devido a maior ocupação humana e concentração de bens em zonas atreitas a manifestações extremas da natureza e ainda à contagem mais precisa dos prejuízos. Não é excluída a influência de alterações climáticas, se bem que não contabilizável.
A Agência alerta para a probabilidade de se intensificar a tendência desta última década, com mais catástrofes naturais.
As temperaturas extremas foram o fenómeno que mais vítimas fizeram na Europa (77.551). Ainda que o frio entre na contagem, as ondas de calor, e sobretudo a de 2003, foram as mais mortíferas, contribuindo para 70 mil óbitos em excesso. Portugal é referido como tendo tido, nesse Verão, um excesso de três mil casos de mortalidade, mas, recorde-se, a cifra oficialmente aceite foi, então, inferior em cerca de mil casos.
Logo a seguir ao clima, neste relatório relativo aos 27 da UE, à Islândia, Noruega, Suíça, Turquia e países dos Balcãs, surgem os tremores de terra. Na Turquia houve quase 19 mil vítimas. Os sismos ocupam o terceiro lugar entre as perdas materiais. Mas estas são mais expressivas quando estão em causa cheias.
O valor estimado dos prejuízos por cheias no decénio analisado é de 52 mil milhões de euros. As regiões mais afectadas foram países da Europa Central, Reino Unido, Itália e os Alpes suíços. Muitos dos casos fatais em cheias ocorreram dentro de veículos. Em termos económicos, sucedem-se em volume os prejuízos com tempestades e só depois com os fogos florestais e ainda as secas.
Portugal é referido como tendo sofrido os prejuízos humanos e materiais das ondas de calor, das secas e dos fogos florestais. Relativamente a estes últimos, 2003 é, para Portugal, o ano da catástrofe maior.
O relatório faz também a conta aos custos em vidas humanas nos países do Sul da Europa. À parte da Grécia, onde de 2000 a 2009 se registaram 97 mortos (80 num só ano, o de 2007), Portugal tem, para o mesmo período, a indicação de 76 mortes em incêndios florestais. Bastantes mais do que em países mais extensos, como a Espanha (51) e França (31).
Para a Agência Europeia do Ambiente, os ecossistemas são grandes perdedores também sempre que ocorre um fenómeno natural extremo. Tal perda também se dá com acidentes tecnológicos. Os derrames dos petroleiros Erika e Prestige causaram danos ainda por calcular, nas costas Norte de França e nos mares da Galiza. Legislação mais rigorosa sobre os tanques dos navios e procedimentos de transporte estão a contribuir para menor sinistralidade nesta área.
Mas em terras também ocorreram derrames tóxicos, alguns relacionados com a actividade mineira. O último, já em 2010, registou-se na Hungria, com o depósito de uma fábrica de alumínio. No Sul de Espanha, cederam as bacias de retenção de desperdícios em Aznacollar. Ali, só a remediação ambiental custou 377 milhões de euros.
Eduarda Ferreira
* * * * * * * * * * * * *
Fonte: JN

Sem comentários: