quinta-feira, 22 de setembro de 2011

3633. MADEIRA: Meteorologia ajuda a prevenir os incêndios

O Serviço Regional de Protecção Civil tem vindo a apostar nos equipamentos e na formação para combate a incêndios florestais. Embora ainda estejamos numa época que é propícia a incêndios e que os mesmos podem ocorrer em qualquer altura, o certo é que poder-se-á dizer que este ano não tem sido tão doloroso nesta matéria e em relação a anos anteriores. A circunstância de haver acompanhamento diário da previsão de risco de incêndio, tem ajudado muito.
«Temos uma colaboração muito grande por parte do Instituto de Meteorologia que, todos os dias, nos faz uma previsão do risco de incêndio florestal para esse e para o dia seguinte», explica o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil. Depois de feita uma análise, os concelhos onde o risco é mais elevado, são chamados à atenção. O que permite que os comandantes de cada corporação tenham uma noção mais adequada daquilo que se possa passar e projectar a sua tarefa diária, as suas observações, as suas vigilâncias, o seu complemento com o trabalho da Direcção Regional de Florestas. «Penso que isso tem tido grande sucesso embora admita também que as condições meteorológicas têm ajudado», sublinha o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil em declarações prestadas ao JORNAL da MADEIRA. Este trabalho, da elaboração de relatórios, já existia mas era feito pelo Serviço de Protecção Civil. O próprio Observatório, com a ligação que lhe tem sido permitida fazer ao Instituto de Meteorologia, conseguiu optimizar um conjunto de ferramentas que «nos dá uma ideia mais adequada do que são as condições meteorológicas».
Ainda no que se refere ao trabalho que tem sido feito para prevenir e combater incêndios, Luís Neri acrescenta que «do ano passado para cá, temos apostado ainda mais em duas vertentes: a da formação e a dos equipamentos. Relativamente a estes últimos, entendemos que há uma área que podia ser complementada com viaturas de pronto-socorro florestais. Fizemos uma candidatura ao INTERVIR+, que foi aceite e adquirimos um conjunto de viaturas distribuídas no ano passado a cada uma das corporações, com excepção do Porto Santo», explica o coronel Luís Neri. Um investimento que rondou um milhão e 400 mil euros. Aquele responsável do Serviço Regional de Protecção Civil diz que estas viaturas têm uma grande capacidade de intervenção.
Para além disso, foram ainda adquiridos outros equipamentos de protecção individual. Todas as corporações estão dotadas, a cerca de 75 por cento, da sua capacidade individual de protecção. O Serviço Regional de Protecção Civil quer dotar, no próximo ano, as restantes corporações. Embora estejamos a viver um momento de crise, Luís Neri diz que «vamos tentar que as receitas existentes sejam utilizadas em vários complementos para melhorar o trabalho dos bombeiros».
Ainda falando na aposta que tem sido feita ao nível das corporações de bombeiros da Região, o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil fala na formação que tem vindo a ser feita no âmbito do projecto CINFORI. Este dispõe de duas vertentes: uma de incêndios florestais e outra relacionada com cheias rápidas. Nestas duas vertentes, vieram, no ano passado, vários elementos de Canárias. Estes deram formação a bombeiros da Madeira.
Na área dos incêndios florestais e para além das várias formações já feitas, Luís Neri refere que está ainda prevista uma ida à Lousã por parte de dois bombeiros da Madeira, os quais vão fazer a formação de formadores. Neste momento, a Região já dispõe de dois formadores nesta área. «Ficaremos com quatro elementos capazes de poder dar formação na Madeira», adianta o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil, o qual realça ainda o acordo com a Escola Nacional de Bombeiros para, no final de Novembro, princípio de Dezembro, deslocar-se à Madeira, e uma vez mais, um conjunto de formadores que virão proporcionar mais um ou dois cursos. «Penso que o nível dos nossos bombeiros, na área da formação, está muito aceitável e com patamares de percentagem grande em termos de complemento de todas as formações», afirma Luís Neri.
Formação nas escolas – O Serviço liderado por Luís Neri e a Escola Profissional Atlântico vão iniciar uma colaboração em que elementos do Serviço vão dar formação relacionada com a Protecção Civil. Matérias que vão desde a organização e sistema de comando e controle, planeamento e gestão de emergência, planeamento de exercícios, sensibilização e informação pública, socorro e salvamento e riscos naturais estarão em cima da mesa de estudo dos alunos daquele estabelecimento de ensino. Esta formação envolverá cerca de 12 técnicos do Serviço. Para além disso, e com a Escola de Santana, «vamos dar o curso de educação e formação de bombeiro», diz Luís Neri.
Luís Neri defende ligação de agentes – Luís Neri defende que são necessárias ligações com outros agentes (como escuteiros ou Forças Armadas) para uma melhor intervenção no meio florestal. «Isto seria sempre na óptica da prevenção, cuja componente não é nossa. Mas acho que podia haver complemento entre aquilo que são as competências da Direcção Regional de Florestas, as nossas e, colocar em determinados períodos, competências em algumas organizações que pudessem ser uma mais-valia», defende o presidente do Serviço Regional de Protecção Civil. Toda esta colaboração teria a orientação por quem tem essa competência.
Carla Ribeiro
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Fonte: Jornal da Madeira

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