segunda-feira, 21 de novembro de 2011

3718. Confiança geral dos portugueses nas instituições de socorro

Os portugueses têm pouca confiança nas instituições conotadas com o Governo, exceptuando as que têm como actividade a protecção e socorro, revelou o sociólogo José Manuel Mendes, em declarações à agência Lusa. "Os portugueses têm confiança nas instituições consideradas mais independentes. Não têm confiança nas instituições conotadas com o Governo, ou pelo menos com as instituições oficiais, excepto na sua actuação no âmbito da protecção civil e do socorro", explicou.
Segundo o sociólogo, a confiança geral dos portugueses nas instituições de socorro fica a dever-se ao facto de que em Portugal "não houve nenhum episódio que desconstruísse a confiança das pessoas" como aconteceu noutros países da Europa, com o sangue contaminado ou o amianto. Para José Manuel Mendes, uma das maiores surpresas de um estudo efectuado pelo Observatório do Risco do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, centra-se no facto dos portugueses manifestarem grande confiança em duas entidades relativamente distantes dos cidadãos. "Essa confiança mantém-se em entidades mais abstractas, mais distantes como a Autoridade Nacional de Protecção Civil ou até o próprio Instituto de Meteorologia, que são dois organismos distantes do cidadão", afirmou o sociólogo, considerando que estas instituições "estão longe mas têm muita visibilidade mediática".
Sobre a prevista fusão do Instituto de Meteorologia com o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar, José Manuel Mendes considera fundamental manter a designação do primeiro. "Os portugueses estão muito identificados com as mensagens do Instituto de Meteorologia. É uma entidade que tem um capital de confiança muito alto e que as pessoas realmente seguem", indicou, lembrando que cerca de metade das pessoas seguem os avisos que o Instituto divulga.
O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), os bombeiros e a Cruz Vermelha gozam de um capital de confiança significativo entre os portugueses, essencialmente por questões culturais e de proximidade. José Manuel Mendes lembra que o "INEM é um serviço que assenta na grande profissionalização dos seus elementos", sendo uma "entidade que tem prestígio e que tem sabido manter esse prestígio pela qualidade de intervenção e pela sua profissionalização".
Relativamente aos bombeiros, o sociólogo lembra que existe uma "grande proximidade" entre as corporações e as populações já que muitos dos seus elementos são voluntários e "o recrutamento é familiar". No caso da "Cruz Vermelha tem a ver com o histórico na sociedade portuguesa. Nos episódios que já ocorreram a Cruz Vermelha reuniu um grande capital de simpatia junto dos cidadãos", assinalou.
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Fonte: Diário de Notícias

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