Os Estados Unidos anunciaram que, pela primeira vez, as
novas centrais eléctricas vão ter um limite às emissões de dióxido de carbono,
num passo histórico na luta contra as alterações climáticas. A proposta exige
que as novas centrais não emitam mais do que 453 quilos de dióxido de carbono
(CO2) por megawatt-hora (MWh) de electricidade produzida. Actualmente, segundo
o jornal Washington Post, as centrais a gás natural emitem em média entre 362 e
385 quilos de dióxido de carbono por MWh e as unidades que funcionam a carvão
emitem em média 802 quilos. O novo limite deixa de fora as centrais eléctricas
actualmente a funcionar e aquelas que forem construídas nos próximos 12 meses.
A Agência de Protecção Ambiental norte-americana (EPA, na
sigla em inglês) acredita que 95% das centrais a gás natural de ciclo combinado
conseguirão cumprir a meta sem problemas. E as centrais que funcionem a carvão
ou coque (derivado do carvão betuminoso) conseguirão fazê-lo se instalarem
tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
A proposta, segundo a EPA, é flexível. As novas centrais que
usarem captura e armazenamento de carbono têm a opção de cumprir o limite num
prazo de 30 anos, em vez de serem sujeitas a uma avaliação anual. “Uma central
pode emitir mais CO2 nos primeiros dez anos e depois muito menos nos outros 20,
desde que a média dessas emissões cumpra o limite”, explica a agência, num
comunicado publicado no seu site.
“Hoje estamos a dar um passo de bom-senso para reduzir a
poluição do nosso ar, para proteger o planeta para as nossas crianças e para
entrarmos numa nova era da energia norte-americana”, disse Lisa P. Jackson,
administradora da EPA, citada no comunicado. “Queremos criar um padrão baseado
na utilização de tecnologias limpas, produzidas nos Estados Unidos”, acrescentou.
Actualmente, as centrais eléctricas que funcionam a combustíveis fósseis são os
maiores emissores de dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa que, “ao
causar ou contribuir para as alterações climáticas, ameaça tanto a saúde
pública como o bem-estar das actuais e futuras gerações”, escreve a agência.
Mas de momento ainda não existe um limite para essas emissões a nível nacional.
Ainda assim, alguns estados – como Washington, Oregon e Califórnia – já impõem
limites às emissões de gases com efeito de estufa. Outros, como o Montana e
Illinois, exigem às centrais a carvão que instalem sistemas de captura e
armazenamento de carbono, segundo a EPA.
Esta proposta – que entrará em consulta pública durante 60
dias – tem origem numa directiva de 2007 do Supremo Tribunal que chamava a EPA
a decidir se o CO2 era ou não um poluente no âmbito da Lei do Ar Limpo. No
final de 2009, a
agência declarou que era e que, por isso, tinha de ser regulado. A medida foi
aplaudida por organizações ambientalistas, ainda que algumas tenham ficado
decepcionadas por deixar de fora as centrais já a funcionar.
Rick Santorum, candidato presidencial republicano e apoiante
da indústria do carvão, criticou a proposta. “A agenda ambiental do Presidente
Obama está a matar os postos de trabalho dos americanos”, citou hoje o jornal
New York Times. “A América é a Arábia Saudita do carvão e poderíamos criar a
nossa própria energia se o Governo nos deixasse. Em vez disso, Barack Obama
prefere apontar vencedores e vencidos no campo energético.”
Helena Geraldes
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Fonte: ECOSFERA (Público)
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