sexta-feira, 4 de maio de 2012

3874. EUA vão impor limites às emissões de CO2 das novas centrais eléctricas

Os Estados Unidos anunciaram que, pela primeira vez, as novas centrais eléctricas vão ter um limite às emissões de dióxido de carbono, num passo histórico na luta contra as alterações climáticas. A proposta exige que as novas centrais não emitam mais do que 453 quilos de dióxido de carbono (CO2) por megawatt-hora (MWh) de electricidade produzida. Actualmente, segundo o jornal Washington Post, as centrais a gás natural emitem em média entre 362 e 385 quilos de dióxido de carbono por MWh e as unidades que funcionam a carvão emitem em média 802 quilos. O novo limite deixa de fora as centrais eléctricas actualmente a funcionar e aquelas que forem construídas nos próximos 12 meses.
A Agência de Protecção Ambiental norte-americana (EPA, na sigla em inglês) acredita que 95% das centrais a gás natural de ciclo combinado conseguirão cumprir a meta sem problemas. E as centrais que funcionem a carvão ou coque (derivado do carvão betuminoso) conseguirão fazê-lo se instalarem tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
A proposta, segundo a EPA, é flexível. As novas centrais que usarem captura e armazenamento de carbono têm a opção de cumprir o limite num prazo de 30 anos, em vez de serem sujeitas a uma avaliação anual. “Uma central pode emitir mais CO2 nos primeiros dez anos e depois muito menos nos outros 20, desde que a média dessas emissões cumpra o limite”, explica a agência, num comunicado publicado no seu site.
“Hoje estamos a dar um passo de bom-senso para reduzir a poluição do nosso ar, para proteger o planeta para as nossas crianças e para entrarmos numa nova era da energia norte-americana”, disse Lisa P. Jackson, administradora da EPA, citada no comunicado. “Queremos criar um padrão baseado na utilização de tecnologias limpas, produzidas nos Estados Unidos”, acrescentou. Actualmente, as centrais eléctricas que funcionam a combustíveis fósseis são os maiores emissores de dióxido de carbono, um gás com efeito de estufa que, “ao causar ou contribuir para as alterações climáticas, ameaça tanto a saúde pública como o bem-estar das actuais e futuras gerações”, escreve a agência. Mas de momento ainda não existe um limite para essas emissões a nível nacional. Ainda assim, alguns estados – como Washington, Oregon e Califórnia – já impõem limites às emissões de gases com efeito de estufa. Outros, como o Montana e Illinois, exigem às centrais a carvão que instalem sistemas de captura e armazenamento de carbono, segundo a EPA.
Esta proposta – que entrará em consulta pública durante 60 dias – tem origem numa directiva de 2007 do Supremo Tribunal que chamava a EPA a decidir se o CO2 era ou não um poluente no âmbito da Lei do Ar Limpo. No final de 2009, a agência declarou que era e que, por isso, tinha de ser regulado. A medida foi aplaudida por organizações ambientalistas, ainda que algumas tenham ficado decepcionadas por deixar de fora as centrais já a funcionar.
Rick Santorum, candidato presidencial republicano e apoiante da indústria do carvão, criticou a proposta. “A agenda ambiental do Presidente Obama está a matar os postos de trabalho dos americanos”, citou hoje o jornal New York Times. “A América é a Arábia Saudita do carvão e poderíamos criar a nossa própria energia se o Governo nos deixasse. Em vez disso, Barack Obama prefere apontar vencedores e vencidos no campo energético.”
Helena Geraldes
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