Para avaliar de que forma as alterações climáticas vão
afectar a biodiversidade e a produtividade das florestas europeias, foi lançado
em 2009 o projecto Baccara, num consórcio de 15 entidades mundiais. O projecto
de quatro anos, que conta com um apoio de 3 milhões de euros por parte da União
Europeia, visa criar uma ferramenta de apoio à decisão para avaliar o impacto das
alterações climáticas na produtividade florestal através da alteração da
biodiversidade.
Para tal está a ser desenvolvida uma análise de decisão
multi-critério (MCDA), para ajudar os gestores florestais a decidir que
espécies de árvores devem plantar, e que tipo de pragas e doenças devem ser
monitorizadas actualmente para que não se tornem um problema, num futuro que se
prevê com grandes mudanças climáticas. Assim, no próximo ano, o projecto deverá
propor um conjunto de critérios que relacione os efeitos das alterações
climáticas na produtividade económica da floresta, fornecer uma base de dados
com valores de vulnerabilidade para as principais categorias florestais
europeias (composições florestais, por exemplo), entre outros objectivos.
Com esta ferramenta os usuários finais poderão adicionar os
seus próprios critérios, escolher os valores de preferência para cada critério,
deliberar sobre o peso que deseja aplicar a cada critério, obter classificação
de toda a floresta que se pretende comparar, e ter a possibilidade de avaliar a
robustez da classificação por vários parâmetros (peso, ganho de capital de
preferência, entre outros). De entre as várias descobertas feitas já pelos
investigadores está o facto da própria complexidade das florestas poder ser o
melhor seguro para lidar com as alterações climáticas.
«A plantação de diferentes espécies de árvores, por exemplo,
pode ajudar a proteger as florestas dos ataques dos insectos, tornando-as mais
resistentes do que com a plantação de uma única espécie», segundo Hervé Jactel,
do Instituto Nacional Francês de pesquisa agrícola, líder do projecto de
investigação. Por isso, «esta poderá ser uma estratégia a considerar caso as
alterações climáticas causem um aumento das pragas de insectos».
O problema para todos os envolvidos na gestão de florestas
da Europa é que muitas espécies podem viver ao longo de séculos, portanto, uma
árvore plantada hoje poderá ter de enfrentar alterações climáticas por um
período de tempo muito longo. Desta forma, o desafio, é a concepção de
florestas "mistas" com multi-espécies que são mais resistentes contra
os riscos de alterações climáticas, conclui Hervé Jactel.
Os riscos económicos associados à floresta são altos para a
Europa, cujo sector florestal está avaliado em 25 mil milhões de euros por ano
e emprega 4 milhões de pessoas. Com um total de cerca de mil milhões de
hectares, a Europa tem mais floresta do que qualquer outra região do mundo –
desde florestas de sobreiros e ciprestes ao longo do Mediterrâneo, a vastas
extensões de árvores coníferas na Escandinávia e ainda florestas mistas no
Cáucaso.
Lúcia Duarte
* * * * * * * * * * * * * * * * * *
Fonte: Portal Ambiente Online
Sem comentários:
Enviar um comentário