sexta-feira, 18 de maio de 2012

3895. Florestas mistas resistem mais a impactos das alterações climáticas


Para avaliar de que forma as alterações climáticas vão afectar a biodiversidade e a produtividade das florestas europeias, foi lançado em 2009 o projecto Baccara, num consórcio de 15 entidades mundiais. O projecto de quatro anos, que conta com um apoio de 3 milhões de euros por parte da União Europeia, visa criar uma ferramenta de apoio à decisão para avaliar o impacto das alterações climáticas na produtividade florestal através da alteração da biodiversidade.
Para tal está a ser desenvolvida uma análise de decisão multi-critério (MCDA), para ajudar os gestores florestais a decidir que espécies de árvores devem plantar, e que tipo de pragas e doenças devem ser monitorizadas actualmente para que não se tornem um problema, num futuro que se prevê com grandes mudanças climáticas. Assim, no próximo ano, o projecto deverá propor um conjunto de critérios que relacione os efeitos das alterações climáticas na produtividade económica da floresta, fornecer uma base de dados com valores de vulnerabilidade para as principais categorias florestais europeias (composições florestais, por exemplo), entre outros objectivos.
Com esta ferramenta os usuários finais poderão adicionar os seus próprios critérios, escolher os valores de preferência para cada critério, deliberar sobre o peso que deseja aplicar a cada critério, obter classificação de toda a floresta que se pretende comparar, e ter a possibilidade de avaliar a robustez da classificação por vários parâmetros (peso, ganho de capital de preferência, entre outros). De entre as várias descobertas feitas já pelos investigadores está o facto da própria complexidade das florestas poder ser o melhor seguro para lidar com as alterações climáticas.
«A plantação de diferentes espécies de árvores, por exemplo, pode ajudar a proteger as florestas dos ataques dos insectos, tornando-as mais resistentes do que com a plantação de uma única espécie», segundo Hervé Jactel, do Instituto Nacional Francês de pesquisa agrícola, líder do projecto de investigação. Por isso, «esta poderá ser uma estratégia a considerar caso as alterações climáticas causem um aumento das pragas de insectos».
O problema para todos os envolvidos na gestão de florestas da Europa é que muitas espécies podem viver ao longo de séculos, portanto, uma árvore plantada hoje poderá ter de enfrentar alterações climáticas por um período de tempo muito longo. Desta forma, o desafio, é a concepção de florestas "mistas" com multi-espécies que são mais resistentes contra os riscos de alterações climáticas, conclui Hervé Jactel.
Os riscos económicos associados à floresta são altos para a Europa, cujo sector florestal está avaliado em 25 mil milhões de euros por ano e emprega 4 milhões de pessoas. Com um total de cerca de mil milhões de hectares, a Europa tem mais floresta do que qualquer outra região do mundo – desde florestas de sobreiros e ciprestes ao longo do Mediterrâneo, a vastas extensões de árvores coníferas na Escandinávia e ainda florestas mistas no Cáucaso.
Lúcia Duarte
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