A seca que afecta todo o País está a levar ao desespero milhares de agricultores e
produtores agrícolas. No nordeste transmontano, há já quem tenha sido obrigado a
vender o gado por falta de pasto.
"Está muito
difícil arranjar água para o gado. Todas as semanas tinha de ir longe buscar
seis ou oito metros cúbicos de água. Resolvi vender o rebanho", disse ao CM
Joaquim Morais, residente em Outeiro, Bragança. "Há muita gente a vender o gado
todo ou, pelo menos, uma parte. O problema não é só a água para os animais
beberem, é a que falta nos campos e que faz com que não haja pastos", explica o
agricultor.
A aldeia de
Outeiro é uma das quinze do concelho de Bragança que, quase uma vez por dia,
contam com o apoio dos bombeiros no abastecimento de água. "Hoje as torneiras
deixaram de deitar às 11h00. São 16h30 e ainda não há água", disse ao CM Clara
Fernandes, moradora. Todos os dias, os cinco auto-tanques dos bombeiros de
Bragança percorrem mais de 300 quilómetros para abastecer as mães – de – água
das aldeias, que começaram a sentir a falta do líquido precioso em Maio. "Metade
da água é para encher a rede e no depósito só ficam 15 mil litros que, para uma
aldeia destas [Outeiro], onde vivem 250 pessoas e há um lar com 50 idosos, não é
nada", diz Paulo Gonçalves, motorista e adjunto do comando dos BVB.
Na
Cervejaria Bento, no centro da aldeia, o povo refresca-se à sombra, a beber uma
cerveja, e lamenta a falta de água. "Hoje tomei banho com a água de uma garrafa
de litro e meio que trouxe do supermercado", afirma Zacarias Afonso Parreira. Já
Manuel Paiva não tem dúvidas de que este Verão é o mais seco dos últimos 40
anos. "O poço da minha casa secou este ano pela primeira vez e está construído
há mais de 50 anos", afirma o morador de Outeiro.
Secundino
Cunha com J.N.P./P.G./J.N.
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Fonte: Correio da Manhã
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