segunda-feira, 3 de setembro de 2012

3989. COMBATE AOS INCÊNDIOS: Intervenções continuam a falhar, acusam bombeiros


O presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) de Portugal criticou hoje veementemente a estratégia de combate aos incêndios florestais, afirmando que a "primeira intervenção continua a ser deficiente".  Este ano "está a repetir-se" o que ocorreu em 2003 e 2005, anos em que foram batidos recordes de área ardida, acusou Fernando Curto em declarações aos jornalistas no intervalo de uma reunião de dirigentes da associação a que preside.
"Continuamos a ter incêndios que duram muito tempo", devido á intervenção de poucos bombeiros no início, embora depois acorram "700 ou 800" nas horas seguintes, quando o fogo já é difícil de controlar, considerou. "É grave e lamentável", apontou, salientando que a situação ocorre porque se ignoram os relatórios feitos pelas diversas entidades onde são apontados os erros que levaram a que naqueles anos ardessem quase 426 mil hectares (2003) e 339 mil (2005). Nos cinco anos seguintes a área ardida baixou consideravelmente e situou-se sempre abaixo dos 100 mil hectares, como excepção de 2010, quando atingiu os 133 mil.
A responsabilidade, considerou ainda Fernando Curto, deve-se ainda a outros factores, entre eles a falta de formação dos bombeiros voluntários e as deficientes condições em que trabalham. "Os bombeiros não são super-homens" mas chegam a trabalhar "36 horas consecutivas", o que "nem um robô consegue fazer porque precisa de manutenção", afirmou. Criticou a falta de condições logísticas para que os bombeiros possam descansar e exemplificou o desgaste a que estão sujeitos, referindo os casos em que fazem longas viagens a conduzir as viaturas e vão directamente para os locais de incêndios, embora já cheguem exaustos.
Quanto à formação, acusou a Escola Nacional de Bombeiros de "não preparar os comandantes, as chefias e os bombeiros [voluntários] para este tipo de incêndios". Na sua opinião, a coordenação de combate aos incêndios florestais deve ser feita por bombeiros profissionais e não pelas estruturas das associações humanitárias de voluntários, embora tenha elogiado o trabalho destes elementos. "É preciso modernizar. Se não, vamos estar aqui para o ano a dizer as mesmas coisas", considerou ainda.
Referindo-se ao grande incêndio que destruiu vastas áreas dos concelhos algarvios de Tavira e São Brás de Alportel em Julho, disse ser necessário apurar porque levou tanto tempo a ser extinto e atribuir responsabilidades.
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Fonte: ANGOLA Press

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