O presidente da Associação Nacional de Bombeiros
Profissionais (ANBP) de Portugal criticou hoje veementemente a estratégia de
combate aos incêndios florestais, afirmando que a "primeira intervenção
continua a ser deficiente". Este
ano "está a repetir-se" o que ocorreu em 2003 e 2005, anos em que
foram batidos recordes de área ardida, acusou Fernando Curto em declarações aos
jornalistas no intervalo de uma reunião de dirigentes da associação a que
preside.
"Continuamos a ter incêndios que duram muito
tempo", devido á intervenção de poucos bombeiros no início, embora depois
acorram "700 ou 800" nas horas seguintes, quando o fogo já é difícil
de controlar, considerou. "É grave e lamentável", apontou,
salientando que a situação ocorre porque se ignoram os relatórios feitos pelas
diversas entidades onde são apontados os erros que levaram a que naqueles anos
ardessem quase 426 mil hectares (2003) e 339 mil (2005). Nos cinco anos
seguintes a área ardida baixou consideravelmente e situou-se sempre abaixo dos
100 mil hectares, como excepção de 2010, quando atingiu os 133 mil.
A responsabilidade, considerou ainda Fernando Curto, deve-se
ainda a outros factores, entre eles a falta de formação dos bombeiros
voluntários e as deficientes condições em que trabalham. "Os bombeiros não
são super-homens" mas chegam a trabalhar "36 horas
consecutivas", o que "nem um robô consegue fazer porque precisa de
manutenção", afirmou. Criticou a falta de condições logísticas para que os
bombeiros possam descansar e exemplificou o desgaste a que estão sujeitos,
referindo os casos em que fazem longas viagens a conduzir as viaturas e vão
directamente para os locais de incêndios, embora já cheguem exaustos.
Quanto à formação, acusou a Escola Nacional de Bombeiros de
"não preparar os comandantes, as chefias e os bombeiros [voluntários] para
este tipo de incêndios". Na sua opinião, a coordenação de combate aos
incêndios florestais deve ser feita por bombeiros profissionais e não pelas
estruturas das associações humanitárias de voluntários, embora tenha elogiado o
trabalho destes elementos. "É preciso modernizar. Se não, vamos estar aqui
para o ano a dizer as mesmas coisas", considerou ainda.
Referindo-se ao grande incêndio que destruiu vastas áreas
dos concelhos algarvios de Tavira e São Brás de Alportel em Julho, disse ser necessário
apurar porque levou tanto tempo a ser extinto e atribuir responsabilidades.
* * * * * * * * * * * * * * *
Fonte: ANGOLA Press
Sem comentários:
Enviar um comentário