sábado, 19 de janeiro de 2013

4188. Mau tempo em Portugal Continental

Desde as oito horas da manhã de sexta-feira até ao meio-dia deste sábado que a Protecção Civil registou 3888 ocorrências em todo o país. Destas, 2589 são quedas de árvores. Os distritos mais afectados são Lisboa, Coimbra e Porto. Miguel Cruz, da Protecção Civil, disse ao PÚBLICO que a A1 está cortada ao trânsito desde o meio-dia ao quilómetro 138, na zona de Pombal. O encerramento da auto-estrada do Norte deveu-se à queda de árvores e a um poste de alta tensão e ainda não há previsões de reabertura. Também não se circula no IC2 na zona da Castanheira do Ribatejo. O IP3 está igualmente cortado na zona de Penacova e é impossível circular na A22 entre Monte Gordo e Vila Real de Santo António, disse à Lusa uma fonte da GNR.
Beja – Segundo o CDOS de Beja, neste distrito foram registadas mais de 40 ocorrências relacionadas com quedas de árvores e limpeza de vias. Em Santa Clara do Louredo duas viaturas ficaram danificadas, devido a quedas de árvores, de acordo com a mesma fonte.
Coimbra – Segundo avançou uma fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) à Lusa, “cerca de 90% das ocorrências” registadas nesta sexta-feira e sábado estão relacionadas com queda de árvores. Na noite desta sexta-feira a queda de uma árvore em Coimbra atingiu três veículos ligeiros. Em Montemor-o-Velho também caiu uma árvore sobre a cabine de uma viatura pesada de mercadorias.
A chuva intensa e o vento forte provocaram ainda “pequenas inundações” que não atingiram edifícios e caíram “algumas estruturas mais frágeis” sem causar vítimas, contou a mesma fonte à Lusa. Os Bombeiros Sapadores de Coimbra receberam “centenas” de pedidos de auxílio nestes dois dias, “principalmente relacionados “com quedas de árvores e inundações”, disse à Lusa fonte da corporação, adiantando que “não houve nenhuma situação grave”.
Segundo confirmação de fonte do Destacamento de Trânsito da GNR em Coimbra, várias estradas do distrito têm estado temporariamente cortadas ao trânsito ou com a circulação automóvel limitada, devido à queda de árvores e deslizamento de pedras ou terras. Os concelhos mais afectados são: Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Lousã, Mira e Montemor-o-Velho.
Covilhã – As estradas no maciço central da Serra da Estrela estão fechadas devido a um intenso nevão, disse à agência Lusa fonte do Centro de Limpeza de Neve nos Piornos. A estrada que atravessa a montanha entre Piornos, Torre e Lagoa Comprida, está encerrada desde as 2h30. Às 8h, foram encerradas também as ligações a Manteigas e Loriga. "Está a nevar muito e há muito vento", descreveu a mesma fonte. No Centro de Limpeza de Neve, nos Piornos, a temperatura ronda os zero graus.
Évora – Segundo fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora, registaram-se 41 quedas de árvores, duas inundações nos concelhos de Estremoz e Borba e duas quedas de estruturas também nestes dois concelhos, diz a agência Lusa. Os concelhos de Évora e Estremoz foram os que registaram maior número de quedas de árvores.
Figueira da Foz – O mau tempo provocou a derrubada de parte do muro do topo sul do Estádio Municipal José Bento Pessoa. A parede que separa o estádio e a estrada, no topo norte do recinto, foi igualmente afectada, tendo caído parte da estrutura. Uma vez que a bancada sul não tem sido aberta ao público, danos não deverão colocar em causa o encontro de domingo entre a Naval 1.º de Maio e o Sporting de Braga B. A cidade foi também atingida por uma falha eléctrica.
Leiria – O mau tempo no distrito de Leiria deixou quartéis de bombeiros sem comunicações via rádio e vários concelhos sem electricidade, disse este sábado à Lusa fonte do CDOS. Entre a meia-noite e as 12h00 deste sábado foram registadas 330 ocorrências, destacando-se quedas de postes de electricidades e árvores que atingiram carros e habitações, impedindo a passagem em algumas estradas e linhas ferroviárias. A Protecção Civil não possui qualquer registo de feridos devido ao mau tempo neste distrito.
Lisboa – Desde as 18h00 desta sexta-feira, a Protecção Civil registou 522 ocorrências na região de Lisboa, à excepção da cidade. A maioria delas está relacionada com quedas de árvores e postes, como aconteceu em Vila Franca de Xira e Alenquer.
Ponte da Barca – Duas pessoas tiveram de ser realojadas depois de um deslizamento de terras que afectou a sua habitação, na freguesia de Castro, à 1h49 da madrugada deste sábado, diz a Lusa com base em informações do Centro Distrital de Operações de Socorro de Viana do Castelo. “Houve necessidade de realojar as duas pessoas que ali residiam em habitações de familiares e a situação está a ser acompanhada pelo serviço de protecção civil municipal”, concretizou o comandante distrital de operações de socorro, Paulo Esteves. Os bombeiros tiveram ainda de resgatar, com meios rodoviários pesados, duas pessoas que se encontravam num bar em Ponte de Lima e que foram surpreendidas pela subida das águas do rio Lima.
No total, entre as 8h00 desta sexta-feira e 10h00 deste sábado, registaram-se 67 ocorrências no distrito de Viana do Castelo. Dessas, contam-se 22 por quedas de árvores, 20 por inundações, dez por deslizamentos de terra, quatro por desabamentos e três por quedas de estruturas, entre outras. Encerradas ao trânsito automóvel continuam as pontes românicas de Vilar de Mouros, em Caminha, e Estorãos, em Ponte de Lima, continuam há 24 horas encerradas ao trânsito automóvel, devido à subida das águas, respectivamente, dos rios Coura e Estorãos. A subida das águas do rio Vez levou ao corte da estrada municipal 505, em Sabadim, Arcos de Valdevez.
Portalegre – No distrito de Portalegre, segundo o CDOS, ocorreram 24 quedas de árvores e duas inundações, nos concelhos do Crato e Arronches. De acordo com o CDOS de Setúbal, desde as 18h desta sexta-feira e as 8h deste sábado, registaram-se 91 quedas de árvores no distrito.
Santarém – Um homem, de 85 anos, morreu este sábado em Carreira do Mato, Abrantes, no distrito de Santarém, com um traumatismo craniano após ter sido projectado para o chão pela força do vento, confirmou a responsável pela Protecção Civil de Abrantes e presidente da autarquia local, Maria do Céu Albuquerque, à agência Lusa. “Ao ser projectado pelo portão de casa, impelido pela força do vento, o senhor caiu mal e bateu com a cabeça no chão não reagindo às tentativas de reanimação”, disse aquela responsável.
Em Abrantes, até às 13h00 deste sábado, Maria do Céu Albuquerque apontou para dezenas de vias obstruídas pela queda de árvores de pequeno, médio e grande porte, duas casas destelhadas pela força do vento, cortes de luz em várias localidades, aluimento de terras e barreiras e desabamento de algumas casas que estavam em pré ruína.
“No total registámos 386 ocorrências transversais a todo o distrito”, disse à Lusa o Comandante Distrital do CDOS de Santarém, Joaquim Chambel. A maioria das ocorrências – registadas até às 13h00 – foram quedas de árvores (311). Seguem-se 52 ocorrências por queda de estruturas, dez por desabamentos e deslizamento de terras, nove por quedas de cabos e ainda quatro inundações. Uma das árvores caiu em Almeirim e provocou o despiste de uma viatura pesada de mercadorias, mas, segundo o comandante, “não houve qualquer vítima”.
Segundo a Protecção Civil de Santarém, duas pessoas, em diferentes locais, foram retiradas de casa por motivos de segurança, mas não há registo de desalojados. No distrito registaram-se igualmente cortes de electricidade em várias localidades, sem afectar as comunicações dos bombeiros e da Protecção Civil.
Setúbal – Em Setúbal, o CDOS registou a ocorrência de cinco quedas de cabos eléctricos, três aluimentos de terras, uma pequena inundação numa habitação e 24 quedas de estruturas, sobretudo telhados de chapa e painéis de publicidade.
Sintra – Dois jovens foram feridos pela queda de duas chaminés de um prédio em Agualva, disse à agência Lusa o comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém, Luís Pimentel. De acordo com Luís Pimentel, ao início da tarde deste sábado o vento e a chuva fortes provocaram a queda das chaminés, tendo uma delas caído em cima de uma menina de 13 anos e de um rapaz de 18 anos. Ambos foram assistidos no local e um deles apresenta fracturas expostas. Posteriormente, foram transportados para o Hospital Santa Maria, em Lisboa.
O mercado da Praia das Maçãs foi encerrado pela Polícia Municipal por volta das 11h00 deste sábado depois de parte da cobertura ter ruído devido à chuva e aos ventos fortes. O vereador da câmara municipal responsável pela área dos mercados, Pedro Ventura, disse à agência Lusa que não se registaram vítimas e que o mercado vai ter protecção policial durante este sábado. “Agora resta-nos avançar com a obra de reposição da cobertura”, adiantou. Em Sintra, o mau tempo afectou ainda parte da cobertura do mercado da Tapada das Mercês, mas com menor impacto do que aconteceu na praia das Maçãs.
O Comandante da Protecção Civil de Lisboa, Elísio Oliveira, disse ao PÚBLICO que há visitantes no parque que estão presos na serra de Sintra, devido ao mau tempo. Porém, estão a ser acompanhados pelos bombeiros e pela Protecção Civil até estarem reunidas as condições para poderem abandonar o local.
Vila Real – A chuva e o vento forte provocaram pequenas inundações em estradas, devido à subida de ribeiros e verificaram-se ainda algumas quedas de árvores e de ramos, que não provocaram danos significativos, contou o comandante distrital de operações de socorro de Vila Real, Carlos Silva, à agência Lusa. A mesma fonte adiantou que na Régua ocorreram dois deslizamentos de terras em zonas que já estavam a ser movimentadas com vista à instalação de vinhas e que, portanto, ainda não estavam devidamente estabilizadas. “Mas sem significado nem importância de maior, são situações com alguma normalidade”, frisou.
Segundo Carlos Silva, já começou a nevar no concelho de Montalegre. “As previsões apontam para a manutenção desta instabilidade ao longo do dia, embora a tendência seja para ir tendencialmente melhorando”, salientou. A Protecção Civil contabilizou 30 ocorrências durante a noite desta sexta-feira, a maior parte delas relacionadas com quedas de árvores e pequenas inundações, diz a agência Lusa
Barcos suspensos e comboios parados em várias zonas do país – Há ligações fluviais suspensas devido ao mau tempo e várias linhas ferroviárias estão igualmente cortadas ou com o trânsito interrompido pela queda de árvores ou de cabos de alta tensão.
O mau tempo afectou os percursos fluviais. A Transtejo suspendeu as ligações entre a Trafaria e Lisboa, disse à agência Lusa fonte da empresa por volta das 13h00: “As ligações entre a Trafaria e Lisboa estão suspensas devido ao mau tempo. Ao longo da manhã não houve barcos nesta carreira e ainda não estão a funcionar”.
Segundo a mesma fonte, as ligações entre Cacilhas, em Almada, e Lisboa também foram afectadas pelo mau tempo. “Na ligação de Cacilhas apenas estava um barco a funcionar entre as 08h00 e as 11h00, mas depois a situação foi normalizada”, referiu. As restantes ligações fluviais entre a margem sul e Lisboa estiveram a funcionar normalmente, apesar de se terem registado alguns atrasos, explicou.
Quanto à circulação ferroviária, o PÚBLICO sabe que a Linha do Norte está cortada em cinco pontos entre Entroncamento e Aveiro devido à queda de árvores. Na linha da Beira Baixa entre Entroncamento e Santa Margarida. Na linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Amieira (Figueira da Foz). Na Beira Alta entre Pampilhosa e Carregal do Sal. E na linha do Vouga em Paços de Brandão. Por vezes o mesmo comboio tem sofrido várias paragens devido à queda de árvores, revela fonte da CP. As árvores são mais facilmente removíveis em linhas não electrificadas, como é o caso das linhas do Oeste e do Vouga; mas nas outras é necessário esperar pela chegada de brigadas de técnicos para repor a catenária (cabo de alta tensão).
Carlos Cipriano, Mariana Oliveira e Marta Portocarrero
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Fonte: PÚBLICO

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