Desde as oito horas da manhã de sexta-feira até ao meio-dia deste sábado que a
Protecção Civil registou 3888 ocorrências em todo o país. Destas, 2589 são
quedas de árvores. Os distritos mais afectados são Lisboa, Coimbra e Porto.
Miguel Cruz, da Protecção Civil, disse ao PÚBLICO que a A1 está cortada ao
trânsito desde o meio-dia ao quilómetro 138, na zona de Pombal. O encerramento
da auto-estrada do Norte deveu-se à queda de árvores e a um poste de alta tensão
e ainda não há previsões de reabertura. Também não se circula no IC2 na zona da
Castanheira do Ribatejo. O IP3 está igualmente cortado na zona de Penacova e é
impossível circular na A22 entre Monte Gordo e Vila Real de Santo António, disse
à Lusa uma fonte da GNR.
Beja – Segundo o CDOS
de Beja, neste distrito foram registadas mais de 40 ocorrências relacionadas com
quedas de árvores e limpeza de vias. Em Santa Clara do Louredo duas viaturas
ficaram danificadas, devido a quedas de árvores, de acordo com a mesma
fonte.
Coimbra – Segundo avançou uma fonte do Comando
Distrital de Operações de Socorro (CDOS) à Lusa, “cerca de 90% das ocorrências”
registadas nesta sexta-feira e sábado estão relacionadas com queda de árvores.
Na noite desta sexta-feira a queda de uma árvore em Coimbra atingiu três
veículos ligeiros. Em Montemor-o-Velho também caiu uma árvore sobre a cabine de
uma viatura pesada de mercadorias.
A chuva intensa e o vento forte provocaram ainda
“pequenas inundações” que não atingiram edifícios e caíram “algumas estruturas
mais frágeis” sem causar vítimas, contou a mesma fonte à Lusa. Os Bombeiros
Sapadores de Coimbra receberam “centenas” de pedidos de auxílio nestes dois
dias, “principalmente relacionados “com quedas de árvores e inundações”, disse à
Lusa fonte da corporação, adiantando que “não houve nenhuma situação
grave”.
Segundo confirmação de fonte do Destacamento de
Trânsito da GNR em Coimbra, várias estradas do distrito têm estado
temporariamente cortadas ao trânsito ou com a circulação automóvel limitada,
devido à queda de árvores e deslizamento de pedras ou terras. Os concelhos mais
afectados são: Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Lousã, Mira e
Montemor-o-Velho.
Covilhã – As estradas
no maciço central da Serra da Estrela estão fechadas devido a um intenso nevão,
disse à agência Lusa fonte do Centro de Limpeza de Neve nos Piornos. A estrada
que atravessa a montanha entre Piornos, Torre e Lagoa Comprida, está encerrada
desde as 2h30. Às 8h, foram encerradas também as ligações a Manteigas e Loriga.
"Está a nevar muito e há muito vento", descreveu a mesma fonte. No Centro de
Limpeza de Neve, nos Piornos, a temperatura ronda os zero
graus.
Évora – Segundo fonte
do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Évora, registaram-se 41
quedas de árvores, duas inundações nos concelhos de Estremoz e Borba e duas
quedas de estruturas também nestes dois concelhos, diz a agência Lusa. Os
concelhos de Évora e Estremoz foram os que registaram maior número de quedas de
árvores.
Figueira da Foz – O
mau tempo provocou a derrubada de parte do muro do topo sul do Estádio Municipal
José Bento Pessoa. A parede que separa o estádio e a estrada, no topo norte do
recinto, foi igualmente afectada, tendo caído parte da estrutura. Uma vez que a
bancada sul não tem sido aberta ao público, danos não deverão colocar em causa o
encontro de domingo entre a Naval 1.º de Maio e o Sporting de Braga B. A cidade
foi também atingida por uma falha eléctrica.
Leiria – O mau tempo
no distrito de Leiria deixou quartéis de bombeiros sem comunicações via rádio e
vários concelhos sem electricidade, disse este sábado à Lusa fonte do CDOS.
Entre a meia-noite e as 12h00 deste sábado foram registadas 330 ocorrências,
destacando-se quedas de postes de electricidades e árvores que atingiram carros
e habitações, impedindo a passagem em algumas estradas e linhas ferroviárias. A
Protecção Civil não possui qualquer registo de feridos devido ao mau tempo neste
distrito.
Lisboa – Desde as
18h00 desta sexta-feira, a Protecção Civil registou 522 ocorrências na região de
Lisboa, à excepção da cidade. A maioria delas está relacionada com quedas de
árvores e postes, como aconteceu em Vila Franca de Xira e
Alenquer.
Ponte da Barca – Duas
pessoas tiveram de ser realojadas depois de um deslizamento de terras que
afectou a sua habitação, na freguesia de Castro, à 1h49 da madrugada deste
sábado, diz a Lusa com base em informações do Centro Distrital de Operações de
Socorro de Viana do Castelo. “Houve necessidade de realojar as duas pessoas que
ali residiam em habitações de familiares e a situação está a ser acompanhada
pelo serviço de protecção civil municipal”, concretizou o comandante distrital
de operações de socorro, Paulo Esteves. Os bombeiros tiveram ainda de resgatar,
com meios rodoviários pesados, duas pessoas que se encontravam num bar em Ponte
de Lima e que foram surpreendidas pela subida das águas do rio
Lima.
No total, entre as 8h00 desta sexta-feira e 10h00
deste sábado, registaram-se 67 ocorrências no distrito de Viana do Castelo.
Dessas, contam-se 22 por quedas de árvores, 20 por inundações, dez por
deslizamentos de terra, quatro por desabamentos e três por quedas de estruturas,
entre outras. Encerradas ao trânsito automóvel continuam as pontes românicas de
Vilar de Mouros, em Caminha, e Estorãos, em Ponte de Lima, continuam há 24 horas
encerradas ao trânsito automóvel, devido à subida das águas, respectivamente,
dos rios Coura e Estorãos. A subida das águas do rio Vez levou ao corte da
estrada municipal 505, em Sabadim, Arcos de Valdevez.
Portalegre – No
distrito de Portalegre, segundo o CDOS, ocorreram 24 quedas de árvores e duas
inundações, nos concelhos do Crato e Arronches. De acordo com o CDOS de Setúbal,
desde as 18h desta sexta-feira e as 8h deste sábado, registaram-se 91 quedas de
árvores no distrito.
Santarém – Um homem,
de 85 anos, morreu este sábado em Carreira do Mato, Abrantes, no distrito de
Santarém, com um traumatismo craniano após ter sido projectado para o chão pela
força do vento, confirmou a responsável pela Protecção Civil de Abrantes e
presidente da autarquia local, Maria do Céu Albuquerque, à agência Lusa. “Ao ser
projectado pelo portão de casa, impelido pela força do vento, o senhor caiu mal
e bateu com a cabeça no chão não reagindo às tentativas de reanimação”, disse
aquela responsável.
Em Abrantes, até às 13h00 deste sábado, Maria do Céu
Albuquerque apontou para dezenas de vias obstruídas pela queda de árvores de
pequeno, médio e grande porte, duas casas destelhadas pela força do vento,
cortes de luz em várias localidades, aluimento de terras e barreiras e
desabamento de algumas casas que estavam em pré ruína.
“No total registámos 386 ocorrências transversais a
todo o distrito”, disse à Lusa o Comandante Distrital do CDOS de Santarém,
Joaquim Chambel. A maioria das ocorrências – registadas até às 13h00 – foram
quedas de árvores (311). Seguem-se 52 ocorrências por queda de estruturas, dez
por desabamentos e deslizamento de terras, nove por quedas de cabos e ainda
quatro inundações. Uma das árvores caiu em Almeirim e provocou o despiste de uma
viatura pesada de mercadorias, mas, segundo o comandante, “não houve qualquer
vítima”.
Segundo a Protecção Civil de Santarém, duas pessoas,
em diferentes locais, foram retiradas de casa por motivos de segurança, mas não
há registo de desalojados. No distrito registaram-se igualmente cortes de
electricidade em várias localidades, sem afectar as comunicações dos bombeiros e
da Protecção Civil.
Setúbal – Em Setúbal,
o CDOS registou a ocorrência de cinco quedas de cabos eléctricos, três
aluimentos de terras, uma pequena inundação numa habitação e 24 quedas de
estruturas, sobretudo telhados de chapa e painéis de
publicidade.
Sintra – Dois jovens
foram feridos pela queda de duas chaminés de um prédio em Agualva, disse à
agência Lusa o comandante dos Bombeiros de Agualva-Cacém, Luís Pimentel. De
acordo com Luís Pimentel, ao início da tarde deste sábado o vento e a chuva
fortes provocaram a queda das chaminés, tendo uma delas caído em cima de uma
menina de 13 anos e de um rapaz de 18 anos. Ambos foram assistidos no local e um
deles apresenta fracturas expostas. Posteriormente, foram transportados para o
Hospital Santa Maria, em Lisboa.
O mercado da Praia das Maçãs foi encerrado pela
Polícia Municipal por volta das 11h00 deste sábado depois de parte da cobertura
ter ruído devido à chuva e aos ventos fortes. O vereador da câmara municipal
responsável pela área dos mercados, Pedro Ventura, disse à agência Lusa que não
se registaram vítimas e que o mercado vai ter protecção policial durante este
sábado. “Agora resta-nos avançar com a obra de reposição da cobertura”,
adiantou. Em Sintra, o mau tempo afectou ainda parte da cobertura do mercado da
Tapada das Mercês, mas com menor impacto do que aconteceu na praia das
Maçãs.
O Comandante da Protecção Civil de Lisboa, Elísio
Oliveira, disse ao PÚBLICO que há visitantes no parque que estão presos na serra
de Sintra, devido ao mau tempo. Porém, estão a ser acompanhados pelos bombeiros
e pela Protecção Civil até estarem reunidas as condições para poderem abandonar
o local.
Vila Real – A chuva e
o vento forte provocaram pequenas inundações em estradas, devido à subida de
ribeiros e verificaram-se ainda algumas quedas de árvores e de ramos, que não
provocaram danos significativos, contou o comandante distrital de operações de
socorro de Vila Real, Carlos Silva, à agência Lusa. A mesma fonte adiantou que
na Régua ocorreram dois deslizamentos de terras em zonas que já estavam a ser
movimentadas com vista à instalação de vinhas e que, portanto, ainda não estavam
devidamente estabilizadas. “Mas sem significado nem importância de maior, são
situações com alguma normalidade”, frisou.
Segundo Carlos Silva, já começou a nevar no concelho
de Montalegre. “As previsões apontam para a manutenção desta instabilidade ao
longo do dia, embora a tendência seja para ir tendencialmente melhorando”,
salientou. A Protecção Civil contabilizou 30 ocorrências durante a noite desta
sexta-feira, a maior parte delas relacionadas com quedas de árvores e pequenas
inundações, diz a agência Lusa
Barcos suspensos e comboios
parados em várias zonas do país – Há ligações fluviais suspensas devido
ao mau tempo e várias linhas ferroviárias estão igualmente cortadas ou com o
trânsito interrompido pela queda de árvores ou de cabos de alta
tensão.
O mau tempo afectou os percursos fluviais. A Transtejo
suspendeu as ligações entre a Trafaria e Lisboa, disse à agência Lusa fonte da
empresa por volta das 13h00: “As ligações entre a Trafaria e Lisboa estão
suspensas devido ao mau tempo. Ao longo da manhã não houve barcos nesta carreira
e ainda não estão a funcionar”.
Segundo a mesma fonte, as ligações entre Cacilhas, em
Almada, e Lisboa também foram afectadas pelo mau tempo. “Na ligação de Cacilhas
apenas estava um barco a funcionar entre as 08h00 e as 11h00, mas depois a
situação foi normalizada”, referiu. As restantes ligações fluviais entre a
margem sul e Lisboa estiveram a funcionar normalmente, apesar de se terem
registado alguns atrasos, explicou.
Quanto à circulação ferroviária, o PÚBLICO sabe que a
Linha do Norte está cortada em cinco pontos entre Entroncamento e Aveiro devido
à queda de árvores. Na linha da Beira Baixa entre Entroncamento e Santa
Margarida. Na linha do Oeste entre Caldas da Rainha e Amieira (Figueira da Foz).
Na Beira Alta entre Pampilhosa e Carregal do Sal. E na linha do Vouga em Paços
de Brandão. Por vezes o mesmo comboio tem sofrido várias paragens devido à queda
de árvores, revela fonte da CP. As árvores são mais facilmente removíveis em
linhas não electrificadas, como é o caso das linhas do Oeste e do Vouga; mas nas
outras é necessário esperar pela chegada de brigadas de técnicos para repor a
catenária (cabo de alta tensão).
Carlos Cipriano, Mariana Oliveira e Marta
Portocarrero
* * * * * * * * * * *
Fonte: PÚBLICO
Sem comentários:
Enviar um comentário