Perto de 70 estradas cortadas ou totalmente inundadas de Norte a Sul do país, devido a
deslizamentos de terras e inundações, e duas localidades isoladas: é este o
balanço mais recente da Protecção Civil sobre os efeitos do temporal dos últimos
dias. O Governo garante estar a acompanhar a situação e promete avaliar
“eventuais danos”.
Segundo o ponto de situação feito às 16h30, no total
estão cortadas 68 estradas nos distritos de Aveiro, Braga, Coimbra, Évora,
Lisboa, Leiria, Portalegre, Santarém, Setúbal e Viseu. Este número não inclui
acessos aos cais e portos que permanecem inundados depois da forte chuva que
caiu durante o fim-de-semana. “Estamos a acompanhar no terreno a evolução das
situações afectadas em estreita articulação com as autarquias, a Protecção Civil
e demais autoridades competentes”, disse à Lusa, esta tarde, fonte do ministério
da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território. “Em sede própria será
feita uma avaliação concertada dos eventuais danos”,
acrescentou.
Os deputados do PS eleitos por Leiria vão enviar ao
ministério de Assunção Cristas um requerimento a pedir que o Fundo de Protecção
dos Recursos Hídricos seja accionado "de imediato" para minimizar os prejuízos
do mau tempo que se verificaram naquele distrito. A ideia é “acudir aos
problemas de regularização do rio [Lis]” e, ao mesmo tempo, “permitir a
candidatura imediata de entidades públicas e privadas, por forma a verem
minorados os graves prejuízos que esta situação lhes acarretou”, defendem os
parlamentares, segundo a agência Lusa.
O distrito de Santarém é o mais fustigado pelas cheias
e inundações: há 36 estradas cortadas, segundo a Protecção Civil. A população de
Reguengo do Alviela, no concelho de Santarém, está isolada desde sábado devido
ao corte da Estrada Nacional (EN) 365, na Ponte do Alviela. Os dois barcos dos
bombeiros de Pernes são as únicas formas de contactar com os cerca de 30
moradores, a quem ainda não faltaram os bens essenciais, segundo garantiu à Lusa
o comandante José Viegas. Ainda neste distrito, no concelho de Constância, estão
submersos o parque de estacionamento e o parque de campismo que ficam próximos
do rio Zêzere, e ainda parte da Baixa da Vila. No município de Vila Nova da
Barquinha, está parcialmente submerso o cais de Tancos. Em Abrantes, a praia
fluvial de Alvega e a respectiva casa de apoio estão também inundadas, bem como
a Fonte dos Touros e a Marginal em Rossio ao Sul do Tejo, e ainda uma passadeira
de cimento, locais habitualmente frequentados para pesca e parte de um jardim em
Barreiras do Tejo. No concelho da Golegã há registo de diversos campos agrícolas
inundados, bem como na margem esquerda do rio Sorraia, no município de
Coruche.
Mais a Sul, ao início da tarde permanecia isolado o
lugar de Enxara, em São João Batista, no concelho de Campo Maior, distrito de
Portalegre, de onde cerca de 60 pessoas tiveram de ser retiradas durante a noite
e madrugada, devido à subida do nível das águas. As pessoas estavam acampadas
junto ao rio Xévora, perto da Ermida de Nossa Senhora da Enxara, onde anualmente
se realiza uma festa religiosa.
Em Setúbal, os bombeiros tiveram de resgatar ao início
da tarde o condutor de uma viatura que terá desrespeitado a proibição de
circular na EN 543 de São Romão, que se mantém cortada devido a inundação. Outra
situação que tem motivado a preocupação das autoridades é o isolamento da
povoação de Valonguinho, na freguesia de Barrô, concelho de Resende, distrito de
Viseu, na sequência do desabamento de parte da estrada municipal que dá acesso
àquela localidade.
As previsões para os próximos dias são mais
animadoras, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Nos
próximos dez dias não estão previstos períodos de chuva forte. “As quantidades
de precipitação expectáveis para os próximos dias serão bastante inferiores [do
que as registadas nos últimos dias]”, disse à Lusa a meteorologista Ângela
Lourenço. A meteorologista explica que na próxima quarta-feira, “com a passagem
de um sistema frontal”, poderá cair “chuva forte”, mas será “uma situação de
apenas um único dia”.
Para os próximos dez dias, o IPMA prevê a queda de
precipitação nesta segunda-feira, “em regime de aguaceiros”, na terça-feira
“pouco frequente e também em regime de aguaceiros”. Sexta-feira, sábado e
domingo serão dias sem chuva, mas na terça-feira e quarta-feira da próxima
semana haverá “um agravamento das condições meteorológicas, nas regiões do
litoral Norte e Centro”.
Marisa Soares
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Fonte: PÚBLICO
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