Só em Paredes, o presidente da
Câmara quer pedir ao governo que declare situação de calamidade pública. A
madrugada foi marcada por grande temporal. Só a manhã é que revelou os estragos
para muitos moradores. .
Paredes foi a mais afectada pelo
mau tempo. Cerca de 50 residentes de quatro freguesias de Paredes ficaram
desalojados, durante a noite, em consequência de um tornado que danificou
dezenas de habitações, disse à Lusa fonte autárquica. Segundo a vereadora
Hermínia Moreira, da edilidade de Paredes, o tornado foi sentido cerca de 3:00
sobretudo nas freguesias de Lordelo, Vilela, Sobrosa e Duas Igrejas. "Viveram-se
momentos assustadores durante a noite", comentou. Na maioria dos
desalojados, já está assegurado alojamento, com o apoio das respetivas
famílias, havendo apenas a situação de cinco pessoas que a câmara está a
acompanhar para se encontrar uma solução.
Além dos estragos em dezenas de
habitações, cujos telhados e janelas foram destruídos, a maioria em Duas
Igrejas, registam-se ainda prejuízos no pavilhão desportivo da Escola
Secundária de Vilela e na igreja e cemitério de Duas igrejas. As coberturas do
pavilhão foram arrancadas pelo vento e levadas dezenas de metros. No cemitério,
várias sepulturas foram danificadas e a igreja próxima também viu danificada a
cobertura. Na zona de Vilela há registo também de 30 árvores destruídas e
prejuízos em instalações de fábricas. Segundo a página da ANPC, estão nas
freguesias de Vilela, Duas Igrejas e Lordelo 29 operacionais, entre os quais 19
bombeiros, acompanhados por nove veículos.
Também em Paredes, os ventos
fortes sentidos durante a noite causaram graves prejuízos em duas fábricas, uma
têxtil e outra de móveis, disse à Lusa o comandante dos bombeiros de Lordelo,
Pedro Alves. Segundo aquele elemento da proteção civil, as unidades fabris,
ambas em Duas Igrejas, "ficaram muito destruídas, pondo em risco vários
postos de trabalho". "Estão inoperacionais", avançou.
Os danos mais graves ocorreram na
fábrica de móveis, cujas paredes e telhado foram destruídas pelos ventos
fortes. A fábrica de confeções, próxima da primeira, também ficou sem cobertura
e uma das fachadas ficou destruída. As duas unidades empregam dezenas de
pessoas, acrescentou.
Entretanto, o presidente da
Câmara de Paredes queixou-se da falta de apoio da proteção civil nacional para
acorrer às consequências do tornado que danificou, na última noite, dezenas de
edifícios, desalojando várias famílias. "Excetuando a componente do
comando distrital, estamos neste momento completamente entregues a nós
próprios, ou seja, com a nossa proteção civil e com problemas gravíssimos que
envolvem a destruição de unidades industriais, residências, edifícios
escolares, uma igreja, um cemitério", declarou Celso Ferreira. O autarca
disse que a situação é de tal forma grave que a câmara já está a preparar, um
dossiê para pedir, ainda hoje, ao Governo a declaração de situação de
calamidade pública.
Noutro cenário, os bombeiros
sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia registavam hoje, entre as 08:00 e as
16:00, perto de 40 ocorrências, tendo um carro sido destruído por uma árvore de
grande porte. Segundo os Sapadores Bombeiros do Porto, desde as 08:00
verificaram-se 19 saídas, duas mais do que no período entre as 20:00 de
sexta-feira e a manhã de hoje, quando, pouco depois das 07:00, uma árvore, no
Largo da Lapa, destruiu um carro que se encontrava estacionado, sem pessoas no
interior.
Também na Serra da Estrela, os
seus principais acessos foram encerrados hoje de manhã devido a queda de neve
na região, disse à agência Lusa uma fonte do Comando Distrital de Operações de
Socorro (CDOS) de Castelo Branco. A partir das 07:30, foi suspenso o trânsito
nos troços 11, 12 e 13 da estrada nacional 338, entre o cruzamento da Torre e
Piornos, da Torre ao cruzamento da Torre e entre a Lagoa Comprida e o
cruzamento para a Torre. Também na estrada nacional 339 foi tomada a mesma
medida, às 08:30, adiantou a fonte do CDOS de Castelo Branco. A circulação foi
cortada nos troços 1 (Loriga - Lagoa Comprida), 2 (Lagoa Comprida - Sabugueiro)
e 9 (Piornos - Manteigas).
O mau tempo provocou hoje ainda
hoje três pequenas inundações e a queda de cinco árvores no distrito de Beja,
em vários concelhos, sem causar danos materiais, nem vítimas, revelaram os
bombeiros. O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja explicou
à agência Lusa que estas ocorrências, assim como dois acidentes rodoviários,
com um total de três feridos ligeiros, aconteceram entre as 11:00 e as 15:00. As
quedas de árvores verificaram-se nos concelhos de Vidigueira (duas), Ourique,
Beja e Mértola (uma em cada), sem provocarem, contudo, “quaisquer danos”, disse
fonte do CDOS. Quanto às três “pequenas inundações”, igualmente sem prejuízos,
acrescentou a mesma fonte, registaram-se nos concelhos de Moura (duas) e
Barrancos (uma). Já no que respeita aos acidentes rodoviários, um verificou-se
em Beja e o outro em Ourique, no Itinerário Complementar 1 (IC1).
A chuva e o vento forte, durante
a manhã, já tinham causado inundações e quedas de árvores e de estruturas na
região do Alentejo, nos distritos de Évora e de Portalegre. Na região de Évora,
até às 16:00, segundo o CDOS, caíram 12 árvores e três estruturas (um placard
publicitário, um poste de comunicações e placas de metal que delimitavam uma
obra), acontecendo também 11 pequenas inundações. Em relação à zona de
Portalegre, entre as 09:00 e as 10:00, o mau tempo fez cair 11 árvores, causou
uma pequena inundação numa via e esteve na origem do deslizamento de um muro,
sem danos, disse à Lusa o CDOS daquele distrito.
Em Lisboa, a faixa esquerda nos
dois sentidos da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, foi cortada ao trânsito devido
ao mau tempo e "vento muito forte", mas foram reabertas às 12h00.
Em Ferreira do Zêzere, o temporal
provocou danos em 25 habitações e dois desalojados. Vinte e cinco casas no
concelho de Ferreira do Zêzere foram danificadas pelo temporal que se fez
sentir hoje, tendo uma delas, no lugar de Calçadas, ficado praticamente
destruída, disse à agência Lusa o presidente do município.
Jacinto Lopes disse à Lusa que o
vendaval que varreu o concelho logo pela manhã teve um fenómeno localizado
semelhante a um "minitornado" em Calçadas, na freguesia de Areias,
que provocou danos em oito habitações, tendo os dois habitantes de uma delas
sido levados por familiares dado o grau de destruição da casa, que ficou
destelhada e com muitos bens no seu interior partidos. O temporal deixou ainda
centenas de árvores caídas e partidas em vários pontos do concelho e danificou
postos de eletricidade e de telefones, tendo a energia sido resposta ao longo
do dia, faltando apenas resolver situações pontuais da linha telefónica, disse
à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. Os fortes ventos
que se fizeram sentir cerca das 08:00 destelharam ainda vários anexos, não
havendo vítimas. Jacinto Lopes salientou a solidariedade dos ferreirenses para
com as famílias atingidas, o que permitiu que, ao longo do dia, fossem
remediadas as várias situações, sobretudo de casas destelhadas, para que as
pessoas pudessem permanecer nas suas habitações.
“É muito gratificante ver que,
mais uma vez, as pessoas se mobilizaram e se solidarizaram”, afirmou,
adiantando que os danos terão que ser reparados pelos proprietários com recurso
aos seguros. Jaime Lopes recordou que nenhum dos particulares afetados pelo
tornado que em 07 de dezembro de 2010 atingiu os concelhos de Ferreira do
Zêzere, Sertã e Tomar (com mais de 800 casas danificadas) foi ressarcido, tendo
apenas sido pagas as verbas ao abrigo do Fundo de Emergência Municipal que
permitiram a recuperação das estruturas municipais que então sofreram danos.
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Fonte: Jornal i
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