sábado, 4 de janeiro de 2014

4625. Mau tempo assola Portugal Continental

Só em Paredes, o presidente da Câmara quer pedir ao governo que declare situação de calamidade pública. A madrugada foi marcada por grande temporal. Só a manhã é que revelou os estragos para muitos moradores. .
Paredes foi a mais afectada pelo mau tempo. Cerca de 50 residentes de quatro freguesias de Paredes ficaram desalojados, durante a noite, em consequência de um tornado que danificou dezenas de habitações, disse à Lusa fonte autárquica. Segundo a vereadora Hermínia Moreira, da edilidade de Paredes, o tornado foi sentido cerca de 3:00 sobretudo nas freguesias de Lordelo, Vilela, Sobrosa e Duas Igrejas. "Viveram-se momentos assustadores durante a noite", comentou. Na maioria dos desalojados, já está assegurado alojamento, com o apoio das respetivas famílias, havendo apenas a situação de cinco pessoas que a câmara está a acompanhar para se encontrar uma solução.
Além dos estragos em dezenas de habitações, cujos telhados e janelas foram destruídos, a maioria em Duas Igrejas, registam-se ainda prejuízos no pavilhão desportivo da Escola Secundária de Vilela e na igreja e cemitério de Duas igrejas. As coberturas do pavilhão foram arrancadas pelo vento e levadas dezenas de metros. No cemitério, várias sepulturas foram danificadas e a igreja próxima também viu danificada a cobertura. Na zona de Vilela há registo também de 30 árvores destruídas e prejuízos em instalações de fábricas. Segundo a página da ANPC, estão nas freguesias de Vilela, Duas Igrejas e Lordelo 29 operacionais, entre os quais 19 bombeiros, acompanhados por nove veículos.
Também em Paredes, os ventos fortes sentidos durante a noite causaram graves prejuízos em duas fábricas, uma têxtil e outra de móveis, disse à Lusa o comandante dos bombeiros de Lordelo, Pedro Alves. Segundo aquele elemento da proteção civil, as unidades fabris, ambas em Duas Igrejas, "ficaram muito destruídas, pondo em risco vários postos de trabalho". "Estão inoperacionais", avançou.
Os danos mais graves ocorreram na fábrica de móveis, cujas paredes e telhado foram destruídas pelos ventos fortes. A fábrica de confeções, próxima da primeira, também ficou sem cobertura e uma das fachadas ficou destruída. As duas unidades empregam dezenas de pessoas, acrescentou.
Entretanto, o presidente da Câmara de Paredes queixou-se da falta de apoio da proteção civil nacional para acorrer às consequências do tornado que danificou, na última noite, dezenas de edifícios, desalojando várias famílias. "Excetuando a componente do comando distrital, estamos neste momento completamente entregues a nós próprios, ou seja, com a nossa proteção civil e com problemas gravíssimos que envolvem a destruição de unidades industriais, residências, edifícios escolares, uma igreja, um cemitério", declarou Celso Ferreira. O autarca disse que a situação é de tal forma grave que a câmara já está a preparar, um dossiê para pedir, ainda hoje, ao Governo a declaração de situação de calamidade pública.
Noutro cenário, os bombeiros sapadores do Porto e de Vila Nova de Gaia registavam hoje, entre as 08:00 e as 16:00, perto de 40 ocorrências, tendo um carro sido destruído por uma árvore de grande porte. Segundo os Sapadores Bombeiros do Porto, desde as 08:00 verificaram-se 19 saídas, duas mais do que no período entre as 20:00 de sexta-feira e a manhã de hoje, quando, pouco depois das 07:00, uma árvore, no Largo da Lapa, destruiu um carro que se encontrava estacionado, sem pessoas no interior.
Também na Serra da Estrela, os seus principais acessos foram encerrados hoje de manhã devido a queda de neve na região, disse à agência Lusa uma fonte do Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Castelo Branco. A partir das 07:30, foi suspenso o trânsito nos troços 11, 12 e 13 da estrada nacional 338, entre o cruzamento da Torre e Piornos, da Torre ao cruzamento da Torre e entre a Lagoa Comprida e o cruzamento para a Torre. Também na estrada nacional 339 foi tomada a mesma medida, às 08:30, adiantou a fonte do CDOS de Castelo Branco. A circulação foi cortada nos troços 1 (Loriga - Lagoa Comprida), 2 (Lagoa Comprida - Sabugueiro) e 9 (Piornos - Manteigas).
O mau tempo provocou hoje ainda hoje três pequenas inundações e a queda de cinco árvores no distrito de Beja, em vários concelhos, sem causar danos materiais, nem vítimas, revelaram os bombeiros. O Comando Distrital de Operações de Socorro (CDOS) de Beja explicou à agência Lusa que estas ocorrências, assim como dois acidentes rodoviários, com um total de três feridos ligeiros, aconteceram entre as 11:00 e as 15:00. As quedas de árvores verificaram-se nos concelhos de Vidigueira (duas), Ourique, Beja e Mértola (uma em cada), sem provocarem, contudo, “quaisquer danos”, disse fonte do CDOS. Quanto às três “pequenas inundações”, igualmente sem prejuízos, acrescentou a mesma fonte, registaram-se nos concelhos de Moura (duas) e Barrancos (uma). Já no que respeita aos acidentes rodoviários, um verificou-se em Beja e o outro em Ourique, no Itinerário Complementar 1 (IC1).
A chuva e o vento forte, durante a manhã, já tinham causado inundações e quedas de árvores e de estruturas na região do Alentejo, nos distritos de Évora e de Portalegre. Na região de Évora, até às 16:00, segundo o CDOS, caíram 12 árvores e três estruturas (um placard publicitário, um poste de comunicações e placas de metal que delimitavam uma obra), acontecendo também 11 pequenas inundações. Em relação à zona de Portalegre, entre as 09:00 e as 10:00, o mau tempo fez cair 11 árvores, causou uma pequena inundação numa via e esteve na origem do deslizamento de um muro, sem danos, disse à Lusa o CDOS daquele distrito.
Em Lisboa, a faixa esquerda nos dois sentidos da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, foi cortada ao trânsito devido ao mau tempo e "vento muito forte", mas foram reabertas às 12h00.
Em Ferreira do Zêzere, o temporal provocou danos em 25 habitações e dois desalojados. Vinte e cinco casas no concelho de Ferreira do Zêzere foram danificadas pelo temporal que se fez sentir hoje, tendo uma delas, no lugar de Calçadas, ficado praticamente destruída, disse à agência Lusa o presidente do município.
Jacinto Lopes disse à Lusa que o vendaval que varreu o concelho logo pela manhã teve um fenómeno localizado semelhante a um "minitornado" em Calçadas, na freguesia de Areias, que provocou danos em oito habitações, tendo os dois habitantes de uma delas sido levados por familiares dado o grau de destruição da casa, que ficou destelhada e com muitos bens no seu interior partidos. O temporal deixou ainda centenas de árvores caídas e partidas em vários pontos do concelho e danificou postos de eletricidade e de telefones, tendo a energia sido resposta ao longo do dia, faltando apenas resolver situações pontuais da linha telefónica, disse à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere. Os fortes ventos que se fizeram sentir cerca das 08:00 destelharam ainda vários anexos, não havendo vítimas. Jacinto Lopes salientou a solidariedade dos ferreirenses para com as famílias atingidas, o que permitiu que, ao longo do dia, fossem remediadas as várias situações, sobretudo de casas destelhadas, para que as pessoas pudessem permanecer nas suas habitações.
“É muito gratificante ver que, mais uma vez, as pessoas se mobilizaram e se solidarizaram”, afirmou, adiantando que os danos terão que ser reparados pelos proprietários com recurso aos seguros. Jaime Lopes recordou que nenhum dos particulares afetados pelo tornado que em 07 de dezembro de 2010 atingiu os concelhos de Ferreira do Zêzere, Sertã e Tomar (com mais de 800 casas danificadas) foi ressarcido, tendo apenas sido pagas as verbas ao abrigo do Fundo de Emergência Municipal que permitiram a recuperação das estruturas municipais que então sofreram danos.
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Fonte: Jornal i

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