As ondas de calor e as vagas de
frio, as secas e as cheias podem vir a ser cada vez mais frequentes nas
próximas décadas. O alerta é do investigador João Santos, da Universidade de
Trás-os-Montes e Alto Douro. “As estações do ano estão cada vez mais extremadas
e a perder a sua tipicidade”, avisa o investigador João Santos, alertando para
o risco de aumento de extremos climáticos nas próximas décadas, quer em
Portugal quer no resto da Europa.
João Santos participou num estudo
que analisou todos os invernos em Portugal e na Europa desde 1870 e que
conduziu, segundo o investigador, a uma revelação sem precedentes: “Em quase
150 anos, verificámos níveis de precipitação inédita em território nacional, no
Inverno de 2009/2010, e de secura extrema, no Inverno de 2011/2012”. “Trata-se
de dois anos perfeitamente antagónicos e excepcionais”, até pela proximidade
temporal, num intervalo de quase 150 anos. “Estamos, portanto, a assistir a uma
mudança cada vez mais evidente nos padrões meteorológicos”, sublinha.
“No caso específico de Portugal,
registamos que, se por um lado parecem estar cada vez mais secas, por outro,
tem aumentado a frequência de episódios de precipitação intensa”, explica à
Renascença o investigador do Centro de Investigação e Tecnologias
Agroambientais e Biológicas (CITAB), da Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro (UTAD).
O futuro – A conclusão é
suportada por várias publicações científicas do especialista em alterações
climáticas. Um dos estudos traça o futuro do clima entre 2041 e 2070, período
em que são esperados mais extremos de precipitação e de temperatura em
Portugal. “O Verão vai passar a ter temperaturas muito mais elevadas. O aumento
da temperatura máxima no interior do país será o ponto mais crítico”, prevê
João Santos, acrescentando que “vamos ter estações secas muito mais prolongadas,
de seis meses ou mais”.
Os efeitos destas alterações
“podem traduzir-se em inúmeros impactos socioeconómicos, atingindo a saúde
humana e animal, a agricultura e a produção de energia, entre outros”. Índices
como a precipitação, a temperatura, os padrões do vento no Atlântico Norte e na
Europa (nomeadamente a corrente de jato – ventos de oeste em altitude e que
determinam o estado do tempo à superfície) são incluídos no estudo realizado
com investigadores da Universidade de Reading e de Oxford, do Reino Unido.
“O comportamento da corrente de
jato está a tornar-se mais irregular e isso vai determinar que ocorram mais
extremos de temperatura e de precipitação”, conclui João Santos.
Olímpia Mairos
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Fonte: Renascença
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