O ponteiro na mão e os quadros de
giz, de tom verde, dos primórdios do boletim meteorológico na televisão já lá
não estão. Mas o formato de um dos programas mais carismáticos da RTP voltou
hoje ao serviço público, com os técnicos do Instituto de Meteorologia (IM) a
darem conta do estado do tempo, como nos velhos tempos. Há 17 anos que isto não
acontecia na RTP.
A última vez que os
meteorologistas do IM fizeram um boletim meteorológico na RTP foi há dez anos e
não foi na RTP, foi na TVI, lembra a meteorologista Teresa Abrantes, que fez parte
dessa equipa e que já tinha acompanhado, na televisão pública, nomes como
Anthimio de Azevedo. A técnica abandonou-se então. Vieram as "meninas do
tempo", e vieram os pivôs de noticiário que, contrariados, lá falavam do
anti-ciclone e das temperaturas. Até que Teresa Abrantes constatou, numa
reunião em Bruxelas, que Portugal era o único país da Europa onde não havia um
meteorologista de serviço nas estações de televisão.
"Há meses que andávamos a
insistir para que o boletim meteorológico com especialistas voltasse a pelo
menos um canal", conta a meteorologista. "Nós já fornecíamos os mapas
e a previsão, agora voltámos a fornecer os profissionais", explica,
recordando as constantes críticas que chegavam ao IM da falta de correcção na
previsão do tempo que era feita, nos últimos anos, pela televisão.
Até que o protocolo com o IM
acabou por acontecer. E hoje o boletim meteorológico voltou às manhãs da RTP,
numa altura em que a estação completa, já amanhã, meio século de vida.
Todas as manhãs, três vezes durante
o programa "Bom dia Portugal", e já para a semana também à tarde,
cinco meteorologistas, que receberam formação específica para a função, vão
aparecer de imagem, cuidada, tarefa a cargo da RTP, para voltarem a falar das
temperaturas, do estado do mar, para explicar porque é que chove, está frio,
vento ou calor. Como há 17 anos não acontecia.
(5 de Março de 2007)
Ana Machado
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Fonte: PÚBLICO
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