O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera disse hoje que a mudança
das condições meteorológicas dos últimos dias, com chuva e descida das
temperaturas, "provavelmente alterou" o desenvolvimento do surto de legionella,
que prefere temperaturas tépidas. "A alteração das condições meteorológicas que
se têm verificado nos últimos dias provavelmente alterou significativamente as
condições de desenvolvimento e transporte [da bactéria legionella]", referiu à
agência Lusa Jorge Miranda, apontando "a chuva e o abaixamento de
temperatura".
Entre os factores que favorecem o desenvolvimento da
bactéria legionella está a temperatura da água entre 20°C e 45°C, sendo a óptima
entre os 35ºC e 45ºC, conforme refere um documento da Comissão Sectorial para a
Água. O surto de legionella já causou 235 doentes e cinco mortos, estimando-se
que todos têm relação com a região de Vila Franca de Xira.
O IPMA é uma das entidades que faz parte do grupo de
trabalho que está a acompanhar as acções relacionadas o surto de legionella,
bactéria que provoca pneumonias graves e pode ser mortal, e tem fornecido
informação sobre as condições meteorológicas registadas desde o início de
Outubro, nomeadamente naquela região. A tarefa do IPMA, desenvolvida em
coordenação com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), é "fornecer estimativas
da velocidade do vento em superfície e em altitude, para as regiões que têm sido
potencialmente estudadas pelo grupo de trabalho de forma a ser possível
identificar indirectamente qual a possível fonte da emissão das partículas que
contêm legionella", esclareceu o presidente do Instituto.
"Temos fornecido informação relacionada com as
condições meteorológicas, com a temperatura, factor também relacionado com a
multiplicação das bactérias em meio aquoso", acrescentou Jorge Miranda. O
responsável do IPMA explicou que é importante saber qual a direcção do vento
"porque permite relacionar cada caso com a direcção de onde poderá ter havido o
transporte da legionella", mas também a intensidade "porque permite saber a
distância entre a fonte e as pessoas que são afectadas" e a variação em
altitude, "porque condiciona a forma como o transporte é
feito".
Jorge Miranda disse ainda que, à medida que são
transportadas, as gotículas podem cair, descer na atmosfera, e atingir a
superfície, ou podem evaporar-se, situações em que a legionella deixa de
representar perigo. A Doença do Legionário transmite-se por inalação de
gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que
transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos
pulmonares.
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Fonte: Sol
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