terça-feira, 11 de novembro de 2014

5014. Chuva e descida de temperatura pode ter alterado evolução do surto de legionella

O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera disse hoje que a mudança das condições meteorológicas dos últimos dias, com chuva e descida das temperaturas, "provavelmente alterou" o desenvolvimento do surto de legionella, que prefere temperaturas tépidas. "A alteração das condições meteorológicas que se têm verificado nos últimos dias provavelmente alterou significativamente as condições de desenvolvimento e transporte [da bactéria legionella]", referiu à agência Lusa Jorge Miranda, apontando "a chuva e o abaixamento de temperatura".
Entre os factores que favorecem o desenvolvimento da bactéria legionella está a temperatura da água entre 20°C e 45°C, sendo a óptima entre os 35ºC e 45ºC, conforme refere um documento da Comissão Sectorial para a Água. O surto de legionella já causou 235 doentes e cinco mortos, estimando-se que todos têm relação com a região de Vila Franca de Xira.
O IPMA é uma das entidades que faz parte do grupo de trabalho que está a acompanhar as acções relacionadas o surto de legionella, bactéria que provoca pneumonias graves e pode ser mortal, e tem fornecido informação sobre as condições meteorológicas registadas desde o início de Outubro, nomeadamente naquela região. A tarefa do IPMA, desenvolvida em coordenação com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), é "fornecer estimativas da velocidade do vento em superfície e em altitude, para as regiões que têm sido potencialmente estudadas pelo grupo de trabalho de forma a ser possível identificar indirectamente qual a possível fonte da emissão das partículas que contêm legionella", esclareceu o presidente do Instituto.
"Temos fornecido informação relacionada com as condições meteorológicas, com a temperatura, factor também relacionado com a multiplicação das bactérias em meio aquoso", acrescentou Jorge Miranda. O responsável do IPMA explicou que é importante saber qual a direcção do vento "porque permite relacionar cada caso com a direcção de onde poderá ter havido o transporte da legionella", mas também a intensidade "porque permite saber a distância entre a fonte e as pessoas que são afectadas" e a variação em altitude, "porque condiciona a forma como o transporte é feito".
Jorge Miranda disse ainda que, à medida que são transportadas, as gotículas podem cair, descer na atmosfera, e atingir a superfície, ou podem evaporar-se, situações em que a legionella deixa de representar perigo. A Doença do Legionário transmite-se por inalação de gotículas de vapor de água contaminada (aerossóis) de dimensões tão pequenas que transportam a bactéria para os pulmões, depositando-a nos alvéolos pulmonares.
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Fonte: Sol

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