A Greenpeace apelou hoje a que
Portugal se queixe junto das autoridades internacionais quanto ao que considera
ser a falta de condições de segurança das centrais nucleares espanholas,
assegurando que Madrid não está a informar Lisboa sobre os impactos ambientais.
"Quando se tem de dar ou
renovar uma licença de exploração [de uma central nuclear], a Convenção (que
diz respeito às declarações de impacto ambiental transfronteiriço) dispõe que
Espanha está obrigada a facilitar e comunicar esses estudos de impacto a
Portugal e não o está a fazer", disse à agência Lusa a responsável da
Greenpeace para a área da Energia Nuclear, Raquel Montón. A responsável acusou directamente
o Ministério da Indústria, Energia e Turismo espanhol (que tem a tutela deste
assunto) de não estar a cumprir essa obrigação para com Portugal.
A Agência Lusa pediu um
comentário ao Ministério da Indústria, Energia e Turismo de Espanha, mas até ao
momento ainda não obteve resposta. De acordo com a Greenpeace, a central
nuclear espanhola de Almaraz, a mais próxima da fronteira portuguesa,
"chumbou" num teste de resistência pedido pela organização
ambientalista, evidenciando a falta do mesmo tipo de válvulas que permitiu o
acidente em Fukushima, Japão.
As conclusões da Greenpeace
constam de um relatório que a organização está a apresentar na Conferência
bianual do Grupo de Reguladores Europeus de Segurança Nuclear (ENSREG), que
decorre até terça-feira em Bruxelas. "Em Espanha fez-se a análise da
central de Almaraz, precisamente por porque é a que está mais próxima da
fronteira com Portugal – outro país membro da União – e porque é a central
nuclear em operação mais velha de Espanha", disse. Por isso mesmo, a
Greenpeace "está a tentar que países – como por exemplo Portugal –
reclamem junto das autoridades, accionando os convénios internacionais para que
se realizem estudos de impacto ambiental mais participados, num processo muito
mais transparente".
De acordo com a Greenpeace, além
de Espanha, em vários países da Europa analisados – Bélgica, República Checa,
França, Alemanha, Eslováquia, Eslovénia, Suíça, Suécia e Reino Unido – os
planos nacionais em vigor também não aumentam de forma suficiente a segurança
dos reactores nucleares. "Não foram aplicadas medidas de protecção
cruciais – por exemplo – contra terramotos, inundações e explosões de
hidrogénio, nem a instalação de válvulas de segurança adequadas para prevenir a
libertação de radioactividade para o meio ambiente em caso de acidente",
indicou a organização ambientalista.
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Fonte: Diário de Notícias
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