O Outono chegou esta
quarta-feira. Eram 9h20. Talvez nem tenha dado por isso, uma vez que os
termómetros insistem em ultrapassar os 20º C em todo o país. A hora marcava o
segundo momento do ano em que o Sol cruza o equador celeste – o equinócio de Outono
no hemisfério norte (equinócio da Primavera no hemisfério sul). Mas nem isto
significa que o dia e a noite têm hoje a mesma duração, nem que as estações são
marcadas pela distância ao Sol. Saiba porquê.
Os dias e as noites não são
iguais – Equinócio tem origem na palavra latina aequinoctium que junta os
elementos “igual” (aequus) e “noite” (nox, noctium), conduzindo à ideia de que
o dia iguala a noite em número de horas. Mas o Observatório Astronómico de
Lisboa alerta que não é bem assim, porque no dia em que o Sol passa no equador
celeste não consegue garantir 12 horas de luz a chegar à superfície da Terra.
Isso só acontecerá no dia 26. “Nesse dia o disco solar nasce às 7h28 e põe-se
às 19h28 em Lisboa, com apenas 10 segundos de desvio às 12 horas certas”, lê-se
na página do OAL.
Além disso, os dias e as noites,
em cada dia do ano, não têm exactamente a mesma duração em todos os locais do
globo, lembra a National Geographic. À medida que nos afastamos do equador
terrestre em direcção aos pólos teremos dias muito longos no Verão e muito
curtos no Inverno. Nalguns sítios do planeta nunca anoitece durante seis meses
e durante os restantes seis meses o máximo que se conseguirá é um lusco-fusco –
noite cerrada só acontece durante 11 semanas no pólo norte, refere o site
Space. Além disso, quem vive num vale verá o Sol nascer mais tarde e pôr-se bem
mais cedo.
As estações não dependem da
proximidade ao Sol – Há quem pense que as estações do ano são definidas pela
proximidade da Terra ao Sol durante a órbita elíptica que descreve ao longo do
ano – mais próxima no verão e mais afastada no inverno. Mas Jay Holberg,
investigador na Universidade do Arizona, explica que na verdade no inverno do
hemisfério norte a Terra até está mais perto do Sol.
A variação das estações está
relacionada com a inclinação do eixo da Terra. Devido a esta inclinação o Sol
não chega a todos os locais com a mesma intensidade. Quando o hemisfério norte
está inclinado em direcção ao Sol é Verão e os dias são mais longos. Como os
raios de Sol incidem mais directamente sobre a superfície da Terra, os dias são
mais quentes. Pelo contrário, no hemisfério sul será Inverno nessa altura, os
dias serão mais curtos e mais frios, neste caso porque a inclinação dos raios
de Sol não conseguem aquecer aquela parte da Terra.
Menos Sol, menos alegria – À medida
que caminhamos para o solstício de Inverno, o dia com menos horas de Sol no
ano, os dias vão ficando cada vez mais curtos. E a escassez constante de luz
solar acaba por afectar a produção de muitas hormonas, refere El Pais. Uma
delas é a melatonina, que será tanto mais produzida, quanto maior a
obscuridade. Esta hormona provoca mais sono, mais fome, mais frio e deixa as
pessoas com um pior ânimo.
Outra das hormonas influenciadas
pela quantidade de luz é a serotonina. Esta hormona é responsável pelos estados
de felicidade e bem-estar e também tem um papel na sensibilidade à dor. Quanto
maiores os níveis da hormona, maior o bem-estar e menor a sensibilidade à dor.
E estes níveis aumentam com o aumento da luz, precisamente o oposto do que
acontece no Outono e Inverno.
Além da influência das hormonas,
os hábitos também podem determinar que uma pessoa se sinta mais letárgica como
o regresso ao trabalho ou o ter menos tempo para estar com a família e amigos.
Ainda assim, este transtorno sazonal não afecta da mesma forma todas as pessoas
e há até quem não dê pela diferença. Portanto o melhor truque é continuar a
fazer as coisas que mais gozo lhe dão sem se deixar convencer pelos dramas da
estação.
Vera Novais
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Fonte: Observador
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