O presidente da Câmara de
Coimbra, Manuel Machado, disse hoje que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA)
está a tentar "branquear responsabilidades" em relação às cheias do
fim-de-semana naquela cidade. "No comunicado que ontem [na quarta-feira]
distribuiu, a APA não explica e tenta branquear responsabilidades, num estranho
conluio com a entidade que explora a barragem [da Aguieira]", no rio
Mondego, afirmou Manuel Machado, que falava hoje à tarde durante a sessão da
Câmara Municipal de Coimbra.
A APA afirma, num comunicado
distribuído na quarta-feira, que a ocorrência de cheias no vale do Mondego,
sobretudo na zona do Baixo Mondego, é uma "situação recorrente" e que
acontece quando há períodos de grande precipitação. O aumento intenso e brusco
dos caudais afluídos à albufeira da Aguieira desde a tarde de domingo até à madrugada
do dia seguinte resultou da "intensificação da pluviosidade", que foi
"superior às previsões", e "levou a um incremento dos caudais
debitados, não só para garantir a segurança da barragem, como também para
evitar o lançamento de caudais muito superiores mais tarde", refere a APA
na mesma nota. O aumento do volume de caudais de água poderia "pôr em
risco a segurança dos diques no Baixo Mondego e provocar assim inundações mais
graves", justifica a APA.
A posição da APA foi divulgada
depois de, também na quarta-feira, os presidentes das câmaras de Coimbra,
Manuel Machado, da Figueira da Foz, João Ataíde das Neves, de Montemor-o-Velho,
Emílio Torrão, e de Soure, Mário Jorge Nunes, terem exigido, em conferência de
imprensa, informações sobre "o critério que enquadrou as descargas de água
entre a madrugada de 09 de Janeiro e as 24:00 do dia 11".
Na reunião de hoje do executivo
municipal de Coimbra, o presidente da Câmara voltou a referir os efeitos
provocados pelas cheias no Baixo Mondego, resultantes de uma "subida
abrupta" do nível das águas do rio (o volume de água "quase
triplicou" num curto espaço de tempo), causando prejuízos elevados,
sobretudo no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. "Custa-me acreditar em
maldades, mas há razões para desconfiança e é muito difícil explicar" ao
aumento do volume de água no Mondego, no fim-de-semana anterior, que "não
seja explorar o recurso 'água'", sustentou o vereador do movimento
Cidadãos por Coimbra (CpC), José Augusto Ferreira da Silva.
O vereador do CpC defendeu a
criação de "uma comissão de inquérito", integrando, designadamente,
representantes das autarquias e da administração central, para que seja
possível tirar "conclusões sólidas", responsabilizar os culpados e
"fazer contas" para que esta situação não se repita. "Exigimos
que nos expliquem o que aconteceu e se andaram a brincar com os 'coitadinhos de
Coimbra'", salientou o vereador eleito pela CDU, Francisco Queirós.
Perante as posições assumidas na
reunião camarária de hoje, o vereador Paulo Leitão concluiu que existem
"fortes indícios da prática de um crime ambiental na gestão da barragem da
Aguieira", devendo, por isso, a Câmara comunicar ao Ministério Público
para que averigúe o que realmente se passou".
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Fonte: País ao minuto
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