Ao final da noite desta quarta-feira, a Protecção Civil assinalava seis incêndios
de grandes dimensões no continente. Os distritos mais afectados são: Castelo
Branco, Guarda, Bragança, Vila Real e Faro.
Reacendimento do fogo em Monchique combatido por mais
de 200 bombeiros – O incêndio em Monchique, no Algarve, que começou no sábado e
que tinha sido dominado no domingo, reacendeu-se esta quarta-feira pelas 19h57 e
está a lavrar com intensidade devido ao vento, disse à Lusa fonte dos bombeiros.
De acordo com uma fonte do Centro Operacional de Operações de Socorro (CDOS) de
Faro, as chamas deflagraram ao início da noite, “desconhecendo-se ainda se será
um reacendimento ou uma ignição nova”.
“Neste momento, [22h00] a frente de fogo tem com
alguma intensidade e está a evoluir na direcção da povoação de Casais, devido ao
forte vento que se faz sentir”, observou a mesma fonte. No combate ao fogo estão
envolvidos 201 operacionais, apoiados por 66 viaturas.
Fogo na Guarda progride em zona de “poucos acessos” –
O incêndio florestal que lavra no concelho da Guarda, na freguesia de Trinta e
Corujeira, tem uma frente activa e progride numa zona de “poucos acessos”, disse
à Lusa fonte da Protecção Civil. Segundo fonte do Comando Distrital de Operações
de Socorro (CDOS) da Guarda, pelas 21:35, o fogo, que começou às 13:34 numa zona
de mato, apresentava “uma frente activa com cerca de dois quilómetros” e lavrava
numa zona de acessos difíceis para homens e viaturas. Durante a tarde as chamas
rodearam as aldeias de Corujeira e Trinta, mas não atingiram
habitações.
“Na Corujeira, [o fogo] chegou mesmo às casas, esteve
dentro do povo, mas não causou danos em habitações”, disse José Morgado,
secretário da Junta de Freguesia de Corujeira e Trinta. O autarca referiu ainda
à Lusa que as chamas destruíram palheiras e casas de quintas que se encontravam
desabitadas. De acordo com a informação disponibilizada na página da Autoridade
Nacional de Protecção Civil, o fogo está a ser combatido por 115 operacionais,
auxiliados por 33 veículos.
Fogo no distrito de Bragança obriga a corte da Estrada
Nacional 221 – A Estrada Nacional 221, que liga Mogadouro e Freixo de Espada à
Cinta (distrito de Bragança), está esta quarta-feira à tarde cortada em vários
pontos devido ao reacendimento de um incêndio florestal, informou a Protecção
Civil municipal de Mogadouro. Segundo a mesma fonte, também a estrada municipal
que liga a Estrada Nacional 221 a Bruçó, no concelho de Mogadouro, foi cortada
ao trânsito. A aldeia de Bruçó está, assim, sem ligações por via
terrestre.
O incêndio deflagrou na terça-feira de manhã na
localidade de Fornos, no concelho de Freixo de Espada à Cinta, e foi dominado
durante a madrugada, mas hoje, ao início da tarde, houve um reacendimento. As
chamas alastraram-se aos municípios de Torre de Moncorvo e Mogadouro. Segundo a
página da Protecção Civil na internet, para o local foram mobilizados 216
operacionais, 81 viaturas e seis meios aéreos.
Mais de 300 bombeiros em Proença-a-Nova – Um incêndio
que deflagrou às 14h desta quarta-feira em Proença-a-Nova está a ser combatido
por mais de 300 operacionais, disse à agência Lusa o presidente da Câmara
Municipal. De acordo com a mesma fonte, as chamas lavram com grande intensidade
numa zona muito próxima da povoação de Casalinho. “Neste momento [15:50], a
situação é bastante grave e perigosa, porque o fogo está a progredir entre as
povoações do Casalinho e Atalaia, estando a passar muito próximo do Casalinho”,
referiu João Lobo.
Segundo referiu, não haverá pessoas em risco e “para
já” a localidade não foi evacuada, mas essa possibilidade está a ser avaliada:
“Eventualmente poderá ter de se fazer, mas vamos ver o que é possível fazer para
travar as chamas”, disse. O fogo tem “uma frente muito vasta” e o facto de estar
muito vento não está a ajudar ao combate. De acordo com a informação
disponibilizada na página da Autoridade Nacional de Protecção Civil, este fogo
deflagrou às 14h, estando a ser combatido por 319 operacionais, auxiliados por
81 veículos e seis meios aéreos.
Vento forte e vários focos dificultam combate em Vila
Pouca de Aguiar – O vento, a falta de acessos e a existência de vários focos
dificultam hoje o combate às chamas em Vila Pouca de Aguiar, onde a frente que
mais preocupa os operacionais começou a ceder às descargas dos meios aéreos.
“Temos uma frente activa que nos causa alguns problemas e que vai em direcção à
aldeia de Paredes do Alvão, mas é onde estão a actuar os meios aéreos e o fogo
está a ceder às descargas. Esta parte que nos preocupa mais está a ceder aos
meios terrestres e aos meios aéreos”, afirmou o comandante dos bombeiros do Peso
da Régua, Rui Lopes, perto das 19h.
O incêndio, que começou em Soutelinho do Mezio,
freguesia de Telões, na segunda-feira, chegou a ser dado como extinto, mas
reacendeu na tarde de terça-feira. Rui Lopes está a comandar as operações em
Vila Pouca de Aguiar e disse à agência Lusa que, no terreno, as grandes
dificuldades encontradas pelos operacionais são o vento forte, os acessos e
também a falta de meios, já que, por causa das muitas ignições, é preciso
dispersar os operacionais. Depois, acrescentou, têm-se verificado também “muitas
reactivações”. Para além da frente de Paredes do Alvão, há frentes viradas à
aldeia da Samardã e a Soutelinho do Mezio.
O presidente da Câmara de Vila Pouca de Aguiar,
Alberto Machado, disse que os fogos que assolaram o concelho nos últimos dias
queimaram cerca de 15 mil hectares, ainda alguns armazéns agrícolas e casas
devolutas. O autarca referiu que as chamas cercaram várias aldeias, mas, apesar
de terem ardido algumas casas devolutas e armazéns, os bombeiros e população
conseguiram evitar que fossem atingidas casas habitadas. Foi, no entanto,
necessário retirar algumas pessoas de algumas aldeias por uma questão de
precaução. “Ainda que a época seja de combate, o problema é que se tem descurado
a prevenção”, afirmou ainda o presidente.
Alberto Machado disse que defendeu perante os governos
(anterior e actual) “a necessidade de mudar as competências na gestão e
intervenção florestais, administrada pelos conselhos directivos e Instituto de
Conservação da Natureza e Florestas (ICNF). “É preciso alterar a actual lei de
gestão dos baldios porque o Estado não faz nada. Por conseguinte, as
competências têm de ser delegadas na autarquia para que esta possa, por exemplo,
efectuar repovoamentos florestais ou ter autonomia na criação de pontos de
água”, salientou. O mais recente exemplo da “inércia estatal” na gestão
florestal é, segundo Alberto Machado, que “a autarquia está há mais de três
meses à espera de autorizações para melhores acessos aos pontos de
água”.
Segundo a página da internet da Autoridade Nacional de
Protecção Civil (ANPC), no combate a este fogo estão 162 bombeiros, sapadores
florestais, militares da GNR e do Exército, que estão a ser apoiados por 48
viaturas e três meios aéreos.
Incêndio em Viseu considerado ocorrência importante –
Em Viseu, na localidade de Povoação estão 87 operacionais, apoiados por 24 meios
terrestres que combatem um fogo com uma frente activa, que teve início às
16h29.
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Fonte: Observador
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