segunda-feira, 30 de abril de 2018

6705. As falsas “provas” da TVI sobre o incêndio da Mata Nacional de Leiria

No passado dia 13 de Abril a TVI emitiu no seu Jornal das 8 uma reportagem intitulada “A Máfia do Pinhal”, da autoria da jornalista Ana Leal. Na reportagem afirma-se terem sido encontradas provas de uma conspiração de madeireiros para incendiar a Mata Nacional de Leiria (MNL), com o objectivo de obter benefício económico através da depressão do preço da madeira, induzida pelo excesso de oferta e urgência de a vender antes de se começar a degradar.
A reportagem desenvolve-se numa sequência de suposições infundadas, interpretações especulativas, raciocínios desarticulados e perfeitos disparates. Em vez de ser fonte de informação, produz ruído eventualmente capaz de perturbar o trabalho sério de investigação que o acontecimento exige. Para além disso, desinforma a opinião pública sobre as motivações e causas dos incêndios rurais em Portugal, menosprezando um esforço aturado de décadas levado a cabo pela Polícia Judiciária, Guarda Nacional Republicana, Ministério da Agricultura e Universidades. Por estas razões, sentimo-nos na obrigação de vir a público questionar e contrariar várias das afirmações contidas nesta peça de incendiarismo jornalístico.
(…)
As interpretações avançadas nesta reportagem sobre as causas e motivações das ignições ocorridas na região da MNL em 2017, os métodos supostamente usados para atear o incêndio de 15 de Outubro, o comportamento e efeitos do fogo, e a capacidade dos putativos incendiários para prever a ocorrência de condições meteorológicas excepcionais com semanas de antecedência, não passam de especulação amadora, ignorante e intelectualmente desonesta. Esperemos que as entidades competentes, nomeadamente a Polícia Judiciária, sobre quem recai a competência para a investigação dos incêndios rurais praticados a título de dolo, consigam apurar os factos e deles se retire conhecimento útil para ajudar a prevenir a recorrência deste tipo de eventos. E que o jornalismo que não quer ser parte da solução, pelo menos não seja parte do problema.
Link para ler todo o artigo no site do Observador:
José Miguel Cardoso Pereira é Professor Catedrático do Instituto Superior de Agronomia, coordenador científico do Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (2005)
Paulo Fernandes é Professor Associado da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, membro das Comissões Técnicas Independentes que analisaram os incêndios de 2017
António Carvalho foi Coordenador de Investigação Criminal da Polícia Judiciária, estando hoje aposentado, tendo trabalhado na secção de investigação de fogos (1980 – 2012) e sido responsável pela formação em investigação de causas de fogos rurais.
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Fonte: Observador

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