sexta-feira, 6 de setembro de 2019

7390. Fogos em Portugal Continental

Albergaria-a-Velha, Porto e Águeda foram nesta sexta-feira as áreas mais difíceis no combate ao fogo, mas houve mais de 150 novos focos em todo o território desde a meia-noite até às 20 horas. Depois de dezenas de pessoas serem retiradas de vários locais em Albergaria-a-Velha, o incêndio na zona está finalmente "em resolução".
No fim desta tarde de sexta-feira, depois de um dia em que foram contabilizados mais de 150 novos incêndios desde a meia-noite até às 20 horas, parece finalmente que, com a descida das temperaturas, a situação está a acalmar. Às 20h21, o site da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC) contabilizava apenas quatro incêndios em curso de um total de 64, com 53 "em conclusão" e sete em resolução. O número de operacionais no combate baixara também ligeiramente, para 1419, estando já só três aviões no ar.
Os quatro incêndios em curso localizam-se nesta altura em Setúbal (Palmela e Montijo), Porto (Lousada) e Aveiro (Santa Maria da Feira e Estarreja). O incêndio de Estarreja, o mais recente, tem as 20h11 como hora de referência.
O governo prolongou entretanto a Declaração de Situação de Alerta até às 23h59 de 10 de Setembro, fundamentando este prolongamento na previsão das condições meteorológicas para o continente, no facto de o índice de risco de incêndio florestal ser considerado elevado, muito elevado ou máximo nos próximos cinco dias. E o presidente da República, em declarações aos jornalistas, desejou que "o período que vai até domingo passe depressa."
Os distritos do Porto e Aveiro foram durante todo o dia os mais problemáticos em termos de intensidade e duração dos fogos. Mas é em Aveiro que se tem verificado a maior concentração de meios humanos, veículos e meios aéreos.
Cinco incêndios estiveram activos durante o dia de hoje nos concelhos de Águeda e Albergaria-a-Velha. Em declarações à Lusa, no posto de operações em Albergaria-a-Velha, o presidente da autarquia, António Loureiro, confirmou que durante a tarde de quinta-feira foram retiradas 19 crianças e dois adultos da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) Aconchego, situada numa das principais "artérias" de Albergaria-a-Velha. Ainda segundo o autarca, foram também retirados vários moradores da localidade da Cova do Fontão e de São João de Loure, sendo que quatro pessoas acabaram por "ficar" nas suas casas. À Lusa, o autarca admitiu ainda não saber qual o número preciso de habitações evacuadas nas duas localidades. Esta manhã foi ainda evacuado um acampamento, no qual estavam quatro bebés, 18 crianças e quatro mães.
A conta de Twitter Vost Portugal partilhou uma imagem impressionante da coluna de fumo do incêndio de Albergaria-a-Velha, com 250 quilómetros, captada pelo satélite Sentinel.
O presidente da Câmara Municipal de Albergaria-a-Velha considera que naquele concelho a situação se mantém "complexa" devido à mudança do vento. "O cenário é complicado e temos de ter em consideração que este incêndio tem um perímetro de dois mil hectares, o que, para fazer o rescaldo e todo o controlo, é de uma complexidade enorme", disse, adiantando prever um "cenário complicado para os próximos dois dias". Deu ainda conta de "uma situação de extrema aflição vivida cerca das 12h30, na localidade de Fontão, devido à mudança de vento" que fez com que o fogo "tocasse numa das casas", mas "felizmente foi apenas na marquise".
Os vários incêndios hoje a lavrar em Águeda e Albergaria-a-Velha obrigaram ao corte de trânsito na auto-estrada 25 (A25) e o Itinerário Complementar 2 (IC2), já reabertos, e na A1, ainda encerrada. Também devido aos incêndios, as câmaras municipais de Águeda e Albergaria-a-Velha accionaram os respectivos planos municipais de emergência, o que permite aos respectivos presidentes accionar e mobilizar recursos, nomeadamente máquinas e equipamentos julgados úteis para auxiliar no combate às chamas e na protecção de pessoas e bens.
"Neste momento já temos o IC2 e a A25 reabertos. O incêndio da Veiga (Águeda) já está dado como dominado, mas não extinto, continuamos em trabalhos no incêndio de Paus (Albergaria-a-Velha), que é o que está a implicar mais meios e maior preocupação", afirmou à Lusa, pelas 13h20, o comandante distrital de protecção civil, António Ribeiro. António Ribeiro explicou, a partir do teatro de operações, que está a ser dada maior atenção ao incêndio de Paus, que deflagrou às 11h28 de quinta-feira e que "tem progredido para a parte baixa do concelho de Albergaria-a-Velha, já perto da margem do rio Vouga", pelo que a preocupação "agora é proteger as povoações de Frossos, Angeja e São João de Loure".
Para a zona foram mobilizados sete meios aéreos e as Forças Armadas enviaram para o distrito de Aveiro três máquinas de rasto do Exército, "para apoiarem na abertura de caminhos que facilitem o acesso dos operacionais que combatem os incêndios". Segundo fonte militar, os meios foram deslocados no seguimento de um pedido da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, envolvendo um total de 15 militares.
De acordo com a página na Internet da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC), às 14h35 o fogo que começou na localidade de Paus, em Albergaria-a-Velha, mobilizava 331 operacionais, apoiados por 100 veículos e sete meios aéreos. Já no incêndio que teve início às 16h28 de quinta-feira na localidade de Veiga, concelho de Águeda, e já "em resolução", estavam 190 meios, apoiados por 62 meios terrestres. O fogo que deflagrou na quinta-feira ao fim da manhã na localidade de Macinhata do Vouga, também em Águeda, estava a ser combatido por 136 operacionais, com o apoio de 40 veículos.
Segundo os dados disponibilizados às 13h30 pela ANEPC, havia 179 incêndios activos a ser combatidos por 1092 bombeiros, 348 viaturas e 12 meios aéreos (asa fixa e helicópteros). Nos 14 fogos em fase de resolução estavam empenhados 418 bombeiros, 123 viaturas e dois meios aéreos. Quanto aos 76 incêndios em fase de conclusão obrigavam à presença de 792 operacionais, 232 viaturas e dois meios aéreos.
Em termos de presença dos bombeiros e dos meios que os acompanham, os fogos em Aveiro estão a mobilizar um total de 832 efectivos e 252 viaturas, seguindo-se Santarém (230 e 70, respectivamente) e Portalegre (220 e 62).
O esforço dos bombeiros permitiu, entretanto, reabrir a auto-estrada entre Aveiro e Vilar Formoso (A25) – fechada entre Estarreja e Aveiro Sul – e o IC2, que estava cortada entre Águeda e Albergaria-a-Velha. Nestes dois concelhos foram accionados os planos municipais de emergência face à dimensão dos fogos, permitindo aos presidentes das duas câmaras municipais accionar e mobilizar os recursos – máquinas e equipamentos – considerados úteis para auxiliar no combate às chamas e na protecção de pessoas e bens.
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