O furacão Lourenzo poderá
provocar, na próxima semana, rajadas de vento de 180 quilómetros/hora nas ilhas
do Faial e do Pico, nos Açores, um cenário que não se regista no arquipélago há
20 anos, avançou esta sexta-feira a Protecção Civil.
“Estão previstos ventos
extremamente fortes, que possivelmente irão ter rajadas na ordem dos 180
quilómetros/hora no Pico e no Faial, atingindo o restante grupo Central com
rajadas na ordem dos 120 quilómetros/hora”, adiantou o presidente do Serviço
Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores (SRPCBA), Carlos Neves, numa
conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo. Salientando que a intensidade e
a trajectória do furacão ainda poderão sofrer alterações, o responsável pela Protecção
Civil dos Açores disse que todos os modelos meteorológicos indicam que o
furacão afectará o arquipélago nos dias 1 e 2 de Outubro.
“Ao contrário de situações
anteriores, onde os furacões que se dirigiram para o nosso arquipélago,
felizmente passaram ao lado, neste caso, e segundo informações do IPMA
[Instituto Português do Mar e da Atmosfera], existe mesmo uma forte
probabilidade de este furacão nos atingir”, frisou. As previsões meteorológicas
apontam para que a parte leste do furacão tenha “maior intensidade”,
esperando-se por isso que as ilhas do grupo central (Pico, Faial, São Jorge,
Graciosa e Terceira) sejam as mais fustigadas.
Caso se confirmem as previsões actuais,
os Açores serão afectados pela pior tempestade das últimas duas décadas. “Penso
que nos últimos 20 anos não tivemos registo de algo tão forte na região. Eu
penso que por volta de 93/94 tivemos dois furacões que atingiram ventos talvez
desta dimensão”, adiantou Carlos Neves.
A Protecção Civil dos Açores está
a “acompanhar cuidadosamente e a par e passo” a evolução do furacão, junto do
IPMA, estando em contacto com agentes de Protecção Civil, como câmaras
municipais, serviços municipais, direcções regionais, forças armadas e forças
de segurança. Caso seja necessário, poderão ser enviados 50 elementos da
Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil para as ilhas do grupo
central, para reforçar a capacidade de socorro.
“São equipas de operacionais da Protecção
Civil que terão valências no caso da desobstrução de vias ou corte de árvores.
Vêm equipados para nos ajudar naquilo que nós pensamos que poderão ser as
ocorrências com maior probabilidade de vir a suceder”, adiantou o responsável
pela Protecção Civil. Carlos Neves adiantou que será também aumentada a
capacidade de emergência pré-hospitalar nas ilhas Graciosa e Flores (que não
têm hospital) e que serão activados serviços de suporte imediato de vida (SIV)
nessas duas ilhas e reforçados nas ilhas do Pico e do Faial, estando ainda a
ser estudada a possibilidade de serem reforçados os meios clínicos das unidades
de saúde açorianas.
A Protecção Civil dos Açores vai
“reforçar os meios e colocar em alerta máximo” os corpos de bombeiros, as
forças de segurança, os serviços das Obras Públicas e os serviços municipais. Será
também aumentado o número de operadores da PSP responsáveis pela linha 112 e o
número de operadores de Protecção Civil e da linha de emergência médica.
O presidente da Protecção Civil
dos Açores recomendou a adopção de medidas de autoproteção como “guardar objectos
soltos no jardim e à volta das residências, limpar os sistemas de drenagem,
consolidar os telhados, as portas e as janelas, circular só em caso de extrema
necessidade, reforçar as amarrações das embarcações, não praticar actividades
relacionadas com o mar e praticadas ao ar livre e afastar-se das áreas baixas
junto das orlas costeiras e das ribeiras”.
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Fonte: Observador
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