terça-feira, 26 de maio de 2020

7723. Exército tem 36 drones para detetar fogos. Custaram 5,8 milhões de euros, mas nunca foram usados

Após os incêndios de 2017, que fizeram mais de uma centena de mortos, o Governo investiu 5,8 milhões de euros para comprar drones capazes de detectar incêndios. Os aparelhos, de origem norte-americana, foram adquiridos à AeroVironment, através da central de compras da NATO, a NSPA. Os equipamentos começaram a chegar ao Exército em Agosto de 2018 e o último chegou há dez dias. Todavia, segundo a edição de hoje do ‘Jornal de Notícias’ os drones nunca foram requisitados para o fim com que o governo justificou a respectiva compra.
O diário afirma que nem a Protecção Civil, nem a GNR ou o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) pediram o apoio — tampouco o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) deste ano os inclui. Ainda assim, o governo deverá adquirir mais 12 drones, por 4,5 milhões de euros, que ficarão com a Força Aérea.
O Exército explica ao JN que o lote de 36 veículos não tripulados é composto por 12 sistemas, com três aeronaves. Os equipamentos têm um raio de acção de dez quilómetros e “estão a ser utilizados em operações militares de vigilância e reconhecimento, além do normal processo de formação e treino”. A mesma fonte acrescenta que os aparelhos “nunca foram solicitados” pela entidade que coloca os meios no terreno: a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC). Os Sapadores Florestais e o INCF, que têm os postos de vigia no território, também não os requisitaram.
O JN acrescenta ainda que o Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente (SEPNA), a polícia ambiental da GNR, e a Unidade de Emergência de Protecção e Socorro (UEPS), igualmente da GNR, não os pediram, apesar de combaterem fogos e fiscalizaram áreas florestais. O jornal diz mesmo que a UEPS tem 11 drones — porém, mais fracos e três deles estão até avariados.
Agora, o Governo vem invocar a “necessidade urgente de vigilância aérea adicional” para justificar a compra ide 12 drenos, cujas especificações são, segundo o JN, semelhantes às do modelo português AR3, que hoje está a ser testado em Peniche. A Protecção Civil explicou ao jornal que a compra, cuja despesa é assumida pelo Fundo Ambiental, resulta “de um processo de decisão participado e partilhado entre as entidades que integram o sistema de gestão integrada de fogos rurais”. Acrescenta ainda que “levou e, conta a prioridade, já apontada no passado, de robustecer” o comando e a vigilância, cita o diário.
Paulo Pinto, o dirigente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) disse ao JN que é “lamentável que o Fundo Ambiental não pague drenos para a polícia ambiental, que é o SEPNA, ou para o seu braço operacional, a UEPS”. “No limite, até pode haver uma ilegalidade”, afirmou.
Fontes ouvidas pelo jornal dizem-se surpreendidas por este recurso nunca ter sido utilizado, apontando o dedo ao comandante operacional nacional da ANEPC, Duarte da Costa. Esta manhã, o ministério da Administração Interna divulgou em nota à imprensa que vão ser entregues 87 viaturas à GNR, mas nenhuma delas se trata de drones: “as viaturas são 2 veículos para postos móveis, 23 motos para patrulhamento de trânsito, 1 veículo para apoio logístico, 24 veículos para a investigação criminal, 9 veículos para o patrulhamento territorial, 18 pick-up para patrulhamento territorial e 10 veículos para policiamento comunitário”.
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