segunda-feira, 24 de agosto de 2020

7846. Análise das condições meteorológicas do incêndio da Lousã (11.07.2020)

O incêndio que ocorreu na serra da Lousã no dia 11 de Julho de 2020 originou o óbito de um bombeiro e o ferimento de outros três bombeiros. Foi considerado que o incêndio teria tido início devido a uma descarga eléctrica associada a trovoada e que o acidente com os bombeiros teria estado relacionado com uma mudança no rumo do vento, tendo também sido reportada a existência de muito fumo junto ao solo. Estas possibilidades foram analisadas pelo IPMA através da avaliação das condições meteorológicas no dia do incêndio.
O incêndio ocorreu num dia para o qual foram emitidos avisos meteorológicos de tempo quente e de trovoada, tendo havido forte instabilidade atmosférica e a consequente geração de um sistema convectivo de forte actividade. O risco meteorológico de incêndio era muito elevado no concelho da Lousã, o 4º nível mais alto de um total de 5 níveis.
Foi identificado um registo de uma descarga eléctrica atmosférica às 18:20 horas locais (17:20 UTC), a 100 m do local do incêndio, sendo que a margem de erro associada a esta descarga eléctrica (na ordem de 200 m) permite inferir que esta descarga pode ter despoletado o incêndio da Lousã. Esta evidência observacional é suportada adicionalmente por dados de modelação numérica.
Foi possível ainda identificar que o sistema convectivo onde teve origem a referida descarga eléctrica produziu, ainda durante o seu movimento para norte e na fase de dissipação, subsidência generalizada na região do incêndio, consistente com a diminuição da altura da camada limite, podendo esta ter sido relevante para a dificuldade na dispersão de fumos e gases junto ao solo.
Não é possível também excluir que durante o período de tempo entre o início do incêndio e o instante em que ocorreu o acidente com os bombeiros possam ter ocorrido variações significativas do rumo do vento, consistentes com a existência de correntes descendentes associadas às células convectivas que constituíam o sistema convectivo, com influência quer no sentido de evolução do incêndio quer dos fumos por ele produzidos.
O relatório completo elaborado pelo IPMA pode ser consultado teclando no seguinte link.
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Fonte: IPMA

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