O movimento cívico SOS Serra
d’Arga, em Viana do Castelo, e associações da Galiza formalizaram num manifesto
o “empenho” em defender um “património comum” da eventual exploração de lítio,
foi esta segunda-feira divulgado. Em nota esta segunda-feira enviada à agência
Lusa, o movimento cívico português explicou que a declaração conjunta resulta
do “risco” que aquele projecto representará “para os recursos naturais da
região, nomeadamente o rio Minho, aquífero comum às duas nações”.
“O Norte de Portugal e a Galiza
são casa para dois povos irmãos, unidos não só pela matriz da língua, mas
também pela paisagem, pela cultura e por um rio que nos abraça e aproxima. O
rio Minho está sob a ameaça do projecto de fomento mineiro que o Governo
português pretende implementar e que, a ocorrer, irá danificar irremediavelmente
o nosso território e comprometer o futuro da água que nos é vital. Juntos,
galegos e portugueses, não iremos permitir o avanço deste projecto, que mais
não fará do que impossibilitar o desenvolvimento sustentável da nossa região
comum. Nem um furo na Serra d’Arga”, destaca a declaração conjunta.
O manifesto, subscrito pelo
movimento cívico SOS Serra d’Arga e pela Asociación Naturalista do Baixo Mino
(ANABAM), Centro Social Fuscallo e A Jalleira (Asociación Forestal e de
Educación Ambiental), prevê, nas próximas semanas, a realização de “uma série
de acções nas localidades fronteiriças, tendo em vista a sensibilização das
populações para a problemática da mineração de lítio”. O documento agora
formalizado surge na sequência de uma caminhada que juntou, no sábado,
elementos do movimento português e das associações galegas, pela Serra d’Arga. A
“jornada de trabalho” conjunta passou por “alguns dos lugares mais ameaçados
pelo projecto de exploração mineira que o Governo pretende implementar”.
A serra d’Arga abrange uma área
de 10 mil hectares, nos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Paredes de
Coura, Viana do Castelo e Ponte de Lima, dos quais 4.280 se encontram
classificados como Sítio de Importância Comunitária. Aqueles cinco municípios
têm em curso o projecto “Da Serra d’Arga à Foz do Âncora”, liderado pela
Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, que visa a classificação da
Serra d’Arga como Área de Paisagem Protegida de Interesse Municipal.
Em Julho de 2019, o Governo
decidiu “excepcionar” o sítio Rede Natura 2000 Serra d’Arga do conjunto de
áreas a integrar no concurso para a prospecção de lítio, mas o porta-voz do
movimento SOS Serra d’Arga, Carlos Seixas, assegurou em Janeiro que se mantém a
pretensão de exploração mineira naquela serra. Segundo a proposta de Orçamento
do Estado, o Governo quer criar em 2020 um ‘cluster’ do lítio e da indústria
das baterias e vai lançar um concurso público para atribuição de direitos de prospecção
de lítio e minerais associados em nove zonas do país. Devem ser abrangidas as
áreas de Serra d’Arga, Barro/Alvão, Seixo/Vieira, Almendra, Barca Dalva/Canhão,
Argemela, Guarda, Segura e Maçoeira.
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Fonte (texto e imagem): RádioRegional
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